Vida Nova

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Eu repetia que era impossível, me recusava a acreditar no que meus olhos me mostravam, seu rosto não era o mesmo, mostrava desespero talvez o mesmo que o meu. Eu gritava:

–Não pode ser, podia ser qualquer um, menos você. Não é real isso está errado. Não pode ser você, não, não, não, não...

Despertador toca. Era cedo naquela segunda feira, quando acordei, já que era meu primeiro dia de aula na nova escola. Tentei encontrar algum rosto familiar durante o caminho, mas nada adiantou, chegando na escolar procurei alguém conhecido e também não achei. Se ao menos tivesse um conhecido me sentiria mais segura em relação ao temido primeiro dia de aula.

Abriu um portão, ele me levaria até a minha sala, atrás dele havia um corredor enorme com várias salas e junto a elas uma lista de chamada. Procurei o meu nome em todas as listas, era fácil de achá-lo, visto que poucas pessoas têm o mesmo nome que o meu. No meio do corredor eu achei minha sala, 3º ano δ(fi), deveria ter no mínimo nove salas, já que δ é a nona letra do alfabeto grego.

Eu entrei e sentei-me no canto oposto da porta para poder ver quem entrava, ao menos podia fazer amigos assim, mas todos que entravam se sentavam longe ou não falavam comigo. Pareceu-me que todos já haviam entrado, mas a carteira ao meu lado estava vazia, portanto deveria ter mais alguém, porém o professor entrou na sala e fechou a porta, realmente não devia ter mais ninguém.

Eu torcia para que ele não me chamasse, mas não adiantou ele me chamou e me pediu para ir à frente de todos para me apresentar:

–Bom dia, meu nome é Mei Ilun gostaria de me adaptar bem a essa escola.

–Muito bem senhorita Ilun, pessoal dêem as boas vindas.

Eles me disseram um oi meio forçado e o professor me pediu para sentar que ele iria começar a aula. Ao me virar para ir para a carteira vi alguém na porta, o professor pediu para abri-la, quando o fiz vi um rosto que me era familiar, eu já havia o visto em algum lugar, me virei rapidamente e continuei indo para o meu lugar quando ele me tocou e disse:

– Obrigado por abrir a porta, mas eu não a conheço é aluna nova?

– D-de nada, eu sou sim.

Virei-me e fui a meu assento, às vezes eu não o conhecia, ele sentou-se ao meu lado na cadeira que estava vazia. Conversamos um pouco entre as aulas, seu nome era Marco Licht, ele foi o único a falar comigo. Na hora do intervalo eu fiquei sentada olhando para um mapa, que havia ganhado, por não conhecer nada, então Marco me convidou para ver a escola, mas seus amigos chegaram e ele precisava ir, como eu não queria incomodar disse que poderia ver a escola sozinha, já que tinha um mapa, pois a escola era enorme. No intervalo podíamos praticar atividades extras curriculares, tiamos uma hora e meia de intervalo, a maioria das garotas foram para a parte de culinária e meios domésticos, mas poucas iam para a parte de esportes e eu fui junto a elas, mas fui para a parte que tinha principalmente de lutas e espadas. Pus meu capuz para ninguém me ver indo para o caminho contrário a natureza feminina, o caminho da luta.

Assisti de uma televisão a luta ao vivo de dois veteranos, suas técnicas eram lindas, cada golpe terminado no momento certo, passos cronometrados e sem movimentos desnecessários. Andei mais um pouco e vi uma apresentação de adagas, as laminas cantavam ao se encontrarem, cada golpe era perfeito junto com a defesa igualmente perfeita. Cada movimento era lindo, por ser uma apresentação, havia uma grande dedicação nela.

Tentei ver se outra menina viesse para cá também, mas não avistei uma sequer. Gostaria de me inscrever na aula de manuseio de espadas, contudo para isso deveria mostrar meu rosto, mesmo o professor sabendo quem eu era, temia a reação dos colegas de classe. Então eu me decidi, entraria para o esgrima, apesar de não entender de esgrima, era o mais perto que chegaria de treinar com uma espada. Coloquei meu nome e conversei com o professor ele ficou meio desconfiado, mas me aceitou ao grupo e também prometera não contar a ninguém sobre o fato de eu ser uma garota.

Voltando a aula eu me sentia insegura, mas feliz por poder treinar com uma espada novamente, apesar de não achar que era bem uma. Em minha outra escola eu era mal vista por praticar luta com katana. Ao olhar para o lado Marco segurava um bilhete e me entregou, dizia:

“Sinto por não ter mostrado a escola tive que me apresentar em um dos grupos, mas se quiser posso te mostrar depois da aula. Desculpe-me, mesmo, eu havia esquecido desta apresentação. Gostaria muito de te mostrar a escola”.

Eu realmente corei nesta hora, ele foi tão gentil e eu não havia visto a escola por completo, fiquei tão maravilhada com os grupos que me esqueci de ver o resto. Então eu aceitei, não a mal de ver a escola com ele não é, estou segura desta forma. No fim da aula ele juntou o material e me disse:

–Vamos, temos um longo caminho a percorrer a escola é realmente grande.

– Obrigada.

Saindo da sala de aula andamos no corredor, mas eu tive uma sensação ruim ao passar por um grupo de garotos mal encarados e Marco também não parecia ter gostado daquele encontro. Eles eram diferentes, estavam em um grupo de sete pessoas e olhavam para nós vidrados, como se nós estivéssemos algo que eles queriam. Depois de passar por esse grupo fomos ao segundo andar, andamos por horas pela escola e aprendi a história daquele lugar os motivos de ter tantos cursos e como tinha tanto espaço interno, por um rápido momento aquele menino lindo que deveria ser "O Cara" se mostrou ser um amante em arquitetura e um estudioso, não um baderneiro que ama zoar, mas alguém sensível. Ao termino do passeio na escola fomos para casa.Enfim chegando em casa me senti aliviada, nunca pensei que demoraria tanto ver a escola já estava exausta, apesar da companhia. Agora poderia retirar o uniforme da escola e meu protetor. O colar que eu usava foi dado a mim no meu nascimento para que eu pudesse ser normal, era realmente o meu protetor. Ao retirar meu colar minhas asas poderiam assumir sua forma, não eram muito grandes, eram negras em cima, escurecidas perto das pontas e em baixo quase no final era avermelhada, era como um degrade do preto ao vermelho. A marca da escuridão em meu futuro.

Caçadora de AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora