Reconciliação

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Marco estava na van como de custume, encostado no vidro com seus fones de ouvido. Quando me avistou pulou do banco, abriu a porta e correu para perto do meu portão.

– Mei, está tudo bem? Fiquei preocupado com você, não me respondeu ou atendeu minhas ligações.

– Eu sei, estou bem me desculpa.

– Ok meu anjo - disse conformado - vamos para a escola, não precisa explicar.

Meu rosto estava pálido, cansado e procurando uma resposta ou talvez coragem para contar a verdade. Infelizmente as minhas noites eram maiores que os dias, intermináveis. Na escola Gust estava indiferente a mim, mas minha curiosidade resolveu me dar coragem.

– Gust...

– Gustavo.

– Tudo bem, Gustavo, quero falar com você e você não tem opção.

– Ok, depois da aula na biblioteca.

As aulas foram iguais as de sempre, sem muita mudança. Todos já haviam se esquecido a história da esgrima, Ana me olhava com descrença, mas com razão. Sua melhor amiga chegou a ela e disse que tinha asas e que possivelmente estava em extinção. Marco estava preocupado com o que ocorrera antes de ontem, mas eu resolvi não falar nada para ele, temia sua reação.

– Pronto estou aqui - disse Gust sentado em uma mesa com desgosto.

– Gust, quero dizer, Gustavo. Porque está assim comigo?

– Por quê? Você ainda me pergunta? Pergunte ao Eliot - disse com um olhar de raiva - a, não dá, porque ele morreu por sua culpa.

– Como assim - disse assustada - por minha culpa?

– Você sabe - tentando manter a calma - akumas, eu sei o que você é e também sei que cortou o protetor dele.

– Mas como assim você sabe - eu entreguei os pontos nesse momento - que existem akumas?

– Então é verdade que você foi responsável pela morte do Eliot e é uma akuma - disse decepcionado.

– Sim, eu sou - disse cabisbaixa - me desculpe, eu não o matei, posso ter ajudados, mas é que ele tinha matado outro akuma e no calor da emoção acabei lutando com ele e resultou na perda do protetor dele.

– Isso o Gabe não me contou - disse baixo, quase sussurando.

– Espere um momento, como assim Gabe não me contou? O que ele tem a ver com isso tudo?

– Ele é meu quase meio irmão. Só porque meu pai casou com a mãe dele, ai ele morra na minha casa ele não é tão babaca o tempo todo e ele conversava muito com Eliot, eram melhores amigos, então quando ele morreu Gabe pediu para eu seguir o culpado.

– Não entendi, de que jeito você iria seguir o culpado?

– Eliot passou em casa com meia asa cortada e pediu para os ajudarmos,mas só com o protetor ele poderia se recuperar.

– Ai, você deveria me achar para recuperar o protetor.

– Isso, ele deu a discrição de sua roupa, de que era um bom esgrimista e que já havia lutado com você. Eu passava todo dia perto do incidente, atéaté que eu te vi com o relógio dele com um corte.

– Foi ai que você ficou estranho comigo, não é?

– Isso, você colaborou com a morte de alguém da mesma raça.

– Mas não foi com intenção, eu estava atrás dos Foices, eles sim são assassinos eu só me defendi.

– E para isso você teve que tirar a única proteção que ele tinha?

– Você acha que eu queria matar alguém - disse batendo na mesa em que ele estava sentada.

– Silêncio - gritou a bibliotecária.

– Desculpa - gritamos de volta.

– Adolescentes.

– Não sei o que pensar.

– Mas eu sim, você era meu melhor amigo e não quer saber do meu lado da história. Simplesmente decidiu que eu era a culpada e pronto.

– Eu não sei no que pensar, de manhã tudo estava bem e de noite aparece o amigo de infância do Gabe em casa com uma asas e meia exposta dizendo que você o atacou.

– Você disse que eu cortei a asas dele, mas eu não fiz isso. Só cortei o relógio dele e alguns arranhões, mas não a asa.

– Estou mentindo então?

– Não diria isso, mas ele pode ter sido atacado por outros e não eu, só queria mostrar a dor de um akuma que ele havia matado, depois eu iria devolver o relógio se ele não tivesse morrido.

– Você não cortou a asa dele?

– Não, só o protetor - disse me encolhendo depois de sentir o peso de "só" em minha boca.

– Entendo - disse abaixando a cabeça, mas o ódio havia saído de seu rosto.

– Me desculpe, não ter contado nada e ter pegado o protetor de Eliot, eu procuro um akuma que matou outro em minha frete e pensei que ele era o akuma. Agi sem pensar muito, o pior que não posso me desculpar com os parentes sem que morra.

– Porquê diz isso? - Fala com interesse.

– Se um akuma é descoberto por outro que imortalidade ele simplesmente morre, por qual motivo você acha que eu ataquei Eliot. Ele estava matando um igual e isso eu não suporto, livrarei o mundo de todos os que trilham seus caminhos sobre cadáveres - disse a última frase um pouco sombria demais.

– Me desculpe, por ter perguntado tudo isso, não sabia dos detalhes só o que Eliot falou. Agora está explicado porque ele disse que morreria sem uma gota de sangue como todos que ele possou por cima.

– Perai ele morreu em sua casa?

– Sim, ele possou pedindo para achar-mos o protetor dele depois voltou no dia da sua morte dizendo que os FN tinha o encontrado.

– Sabia, eles são mesmo akumas.

– O que você fará com isso? Eles estão em maior número.

– Ainda não sei, mas eu e Ana podemos pensar em algo.

– Como assim eu e Ana? - Disse pulando da mesa.

– Eu contei a ela ontem, precisava de ajuda e você me ignorava ela me ajudou, e muito. Chegamos a conclusão que eu não sou totalmente culpada e que já pageui meu saldo com o protetor.

– Não entendi.

Contei a ele toda a história que havia acontecido no dia anterior, ele até que entendeu muito bem o que dizia, mas tinha dor em sua voz. Saímos de lá quase como antes, amigos próximos, contudo com uma mágoa a mais entre mim e Gabe, perguntei a Gustavo se ele havia contado sobre mim a ele, mas Gust jurou que não queria manter ambos longe de confusão.

– Oi anjo, até que enfim você saiu desta biblioteca.

– Marco? O que está fazendo aqui?

– Esperando minha namorada conversar com o seu ex melhor amigo, quase nada de mais.

– Desculpe ai cara, não vai acontecer nada entre a gente. A propósito tá com ciúmes? - Disse Gust com uma cara melhor.

– E se eu tiver? Estava preocupado com você, Mei - disse abaixando a cabeça - Gust estava bravo contigo e você estava meio pra baixo.

– Fique tranquilo, acho que estamos bem, não é Gust?

– Estamos sim, você é tão fofo bravinho e preocupado assim - disse Gust empurrando a cabeça de Marco.

– Ei, fofo só pra Mei, não pra homens.

Saímos os três rindo dali, mas sentia que Gustavo estava diferente, recentido comigo. Marco estava um pouco triste também, eu estava distante dele, mas não era culpa dele, eu que estava com problemas.

Caçadora de AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora