O passado persiste

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Continuei seguindo as foices, descobri que eles se ato denominavam assim. Todos usavam roupas normais, de alunos “perfeitos”, suas notas eram impecáveis, nenhuma advertência ou suspensão. Sempre de uniformes passados e engomados, o disfarce perfeito, com isso ele poderiam localizar akumas carentes e assustados e manipulá-los ou até matá-los.

Tive de entregar meu relatório, o estranho era que enquanto eu seguia as foices nenhum akuma morreu, aumentando minhas suspeitas sobre eles, mas com o encerramento do trabalho eu poderia confirmar minhas suspeitas. Duas semanas após ter terminado houve uma morte, o cheiro era fraco, portanto foi longe de onde eu estava, mas a partir deste dia o cheiro chegava cada vez mais perto.

Durante este período eu estava nervosa e Marco também, podia ser por me ver neste estado. Eu não podia escutar um barulho estranho que já olhava assustada, depois de repetir este gesto três vezes Marco me abraçava mais fortes e me girava um pouco para a direção oposta, apesar dele não saber o que estava acontecendo me protegia.

Finalmente o cheiro chegou mais perto e eu pude tentar interferir no resultado daquela luta injusta. Despedi de Marco e corri para o local, pus meu casaco que ainda estava um pouco manchado, pelo sangue de Eliot, peguei minha katana e preparei para um possível ataque.

Infelizmente só vi uma asa branca se formar e ir pelo céu, o akuma já estava morto segurando seu tornozelo, quando cheguei perto vi que havia alguém escondido perto de um prédio. Apontei a ponta da espada em sua direção, mas nada se mexeu, levantei bruscamente minha espada e abaixei como se chamasse à pessoa que ali estava.

Quem estava ali era um akuma, pois quando dei um passo para frente ele retirou seu anel e asas apareceram, em suas costas agora sem camisa, por ela ter sido rasgada pelas asas, havia um corte, o mesmo corte que eu fizera no akuma que matou a dona do meu bracelete.

Ele estava lá novamente, devia pertencer aos Foices Negras, mas não tinha uma tatuagem em seu braço, seria um akuma que mata os outros iguais solitário. Uma besta selvagem que caça suas presas e as mata quando estão fracas e indefesas.

Depois de mostrar suas asas ele voou para longe antes que eu pudesse olhar para seu rosto. Fui para perto do corpo do akuma ele cobria seu protetor, que estava em seu tornozelo, quando criança eu fui instruída a nunca deixá-lo exposto por ser meu ponto fraco, sem o meu colar estaria totalmente indefesa. Peguei o protetor do akuma e o pus em meu bolso, esta seria a segunda marca da minha sina, caçar aqueles que se julgam superior.

Liguei para casa avisando que chegaria tarde e para uma ambulância, tive que dar esclarecimento aos para-médicos, como sempre o motivo da morte foi de causas naturais. Seu amuleto estava vermelho sangue e foi clareando até chegar no tom de prata, como os outros dois amuletos que eu guardava.

Em casa, Jonathan tinha percebido que eu estava há muito tempo sem tirar o bracelete e o relógio, e mais os para médicos ligaram para ele por se preocuparem comigo, já que era a segunda vez que eu presenciava uma “parada respiratória”. Então John resolveu me contar uma história:

– Mei, eu não sei como você conseguiu estes protetores, mas te conhecendo acredito que não sejam lembranças boas para você.

– Me desculpe por não ter te contado antes – disse – mas fiquei com medo de te preocupar, sinto muito mesmo.

– Tudo bem eu entendo, sei que você sempre foi responsável e pensa nas conseqüências.

– Jonathan me perdoe eu...

– Não precisa. – Me interrompeu – Aliás, preciso te contar algo que nunca pensei que precisaria te mostrar.

Ele se virou e foi ao quarto, fiquei esperando na sala, ele fez um barulho como se tivesse derrubado metade do guarda-roupa e voltou a sala com um livro. O livro era enorme parecia antigo e meio intrigante, em plena era tecnologia eram poucos os livros, ele sentou ao meu lado e começou a contar sobre aquele objeto:

– Este é o guia que os guardiões recebem. Todos os guardiões, diferente dos akumas, são bons e pacifistas, não totalmente como eu, mas o suficiente para sempre guiar os seus protegidos à não matar ninguém.

– Então mesmo que o akuma, ou protegido como você disse, queira matar outro igual o guardião não é culpado?!?!

– Sim Mei, por mais que eu tentei te proteger; deixar você longe deste conflito; na verdade te esconder. Eu não obtive sucesso, há uma vontade incontrolável dentro de cada um. A sua te chama ao conflito, expressa pela paixão a luta, minha esperança fosse que só essa seria a manifestação.

– Então essa vontade nos guia?

– Isso, esta natureza está dentro de todos, akumas ou humanos, e ela nos guia durante toda a nossa existência. Algumas pessoas a chamam de alma, aura ou destino, mas eu prefiro, todos os guardiões também, chamá-la de Linha Existencial. Ela é a linha que você vai cruzar por toda a vida.

– Desculpa interromper, mas o que esse hãn... guia tem haver com a minha Linha Existencial?

– Bom ela – ele continuou – dita o que o guia pode mostrar, eu não sei exatamente como ele muda, mas também não sei explicar suas asas. Só sei que a maioria das crianças quando nascem fazem o teste do pezinho, você colocou uma gota de sangue no seu amuleto e uma neste guia e ele, que era só uma capa e contra capa, se encheu de páginas.

– Mas como você sabe destas coisas?

– Na verdade você não foi exatamente abandonada, você é minha prima. Sua mãe não te abandonou, quando a teve não sabia o que fazer então ligou para meus pais e eles a acolheram. Fez este procedimento que te disse e as memórias de sua mãe sumiram como esta parte da família.

Eu estava chocada de mais para prestar atenção no que John dizia, para mim eu fui enganada, mas para o meu bem. Por minha causa meus tios se distanciaram da família para me proteger e cumprir seu papel como guardiões. Tinha tantas perguntas, mas resume meus pensamentos em:

– Tudo bem, eu preciso sair para pensar e entender tudo. Não precisa se preocupar, dentro de 4 horas seu eu não voltar me ligue, mas fora isso estarei bem.

– Mas já são 19 horas.

– Eu sei – disse abrindo a porta – daqui à 4 horas o protetor fica mais fraco e poderei ser detectada, mas não se preocupe sei me cuidar.

– E para que está levando esta bolsa de baseball?

Essa foi a ultima frase que ouvi, sai desolada de lá. Eu tinha uma mãe, uma família e uma vida distante, mas tudo isso me foi tirado por minhas asas. Pior eu não podia tirá-las, ou cortá-las, pois quando criança já havia tentado às retirar, mas isso me rendeu uma semana no hospital tomando soro e quando sai do hospital minha asa ainda estava lá, com um risco um pouco mais claro onde cortei, mas ainda estava lá.

Fui até a praça central da cidade e só lá percebi que o tal guia estava em minha mão, como poderia pensar sem ao menos ler, mas decidi não abri-lo poderia me gerar muitos problemas. Fiquei parada olhando para as árvores e os turistas que passavam. Quando me dei conta já era quinze para as onze e voltei para casa.

– Mei, onde esteve? São 23h 15 e o guia você o pegou da minha mão e saiu, você o leu?

– Não, não li uma palavra, estava somente na praça me distraindo. E por favor, esconda isso onde estava, um dia irei ver o que tem ai dentro, mas não agora onde tudo está se ajeitado.

– Tudo bem, farei isso para você, mas agora descanse e se tiver dúvida sobre os akumas me pergunte, já decorei o guia.

– Obrigada, tenho uma pergunta, você não sabe quem são os outros guardiões ou akumas?

– Mei já lhe disse que não, mas quando souber te conto, é uma promessa. Boa noite.

– Boa noite.

Fui para meu quarto, à primeira noite em toda minha vida que eu não tive a mínima vontade em mostrar minhas asas e elas também não estavam doendo e incomodando como de costume. Uma das noites maiores da minha vida só não sabia que seria a última, em meu celular haviam chamadas não atendidas de Marco e Ana. Liguei primeiro para Ana apesar de não saber de nada ela me ajudaria.

Caçadora de AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora