Sangue mancha a alegria

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- Mas já? - perguntou John olhando para porta do sofá - Pensei que não voltaria hoje.

– John - joguei minha bolsa nele, eu estava vermelha - como você passou o dia?

– Você esteve bem melhor eu garanto - respondeu com um sorriso malicioso - e você como passou?

– Eu passei muito bem - disse indo em sua direção e esqueci que ele me provocara - foi um bom aniversário.

– A sim, feliz aniversário - Jonathan me jogou uma chave - seu presente está lá fora, em uma semana você já pode a usar, mas tem que tirar a carteira.

Eu corri para ver meu presente, era uma moto Kawasake ninja 250r da cor preta. Montei-a e olhei para ele com cara de piedade e John me concedeu uma volta, mesmo que fosse 10 horas da noite, mas deveria voltar no máximo às 11 horas.

– Mei acorda! - gritou Jonathan - Seu despertador deve ter quebrado, anda logo que a van já vem.

Ocorreu tudo bem durante o dia, Ana e Juan reclamaram por não ter dito do meu aniversário, Gust só me parabenizou ao longe, a mágoa ainda era presente. Juan e Ana iriam passar três dias fora por causa do feriado prolongado da próxima semana e Marco insinuava para fazer-mos o mesmo. A semana se passou eu já havia terminado o curso para dirigir minha moto.

– Oi anjo - falou Marco ao telefone - vamos ao cinema? Está passando um filme muito legal, só que eu não sei o nome.

– Claro - respondi rindo do outro lado da linha - só dar o horário que eu vou.

– Agora? Nos encontramos na praça central.

– Ok, até lá.

Minha tarde foi boa, mas eu na havia aprendido que nem tudo é bom. Depois do cinema começou a exalar o cheiro da morte, sangue de akuma, eu deveria fazer algo não podia ficar com Marco enquanti algum akuma morria. Me despedi e peguei minha moto para seguir o cheiro. Dentro daquela semana eu havia colocado um compartimento para guardar minha katana, assim estaria sempre preparada.

Chegando ao local, a mais de 10 metros do beco onde havia o cheiro vi um cara um pé defendendo, aparentemente, sua família, um outro com duas espadas irregulares, uma mulher atrás do primeiro chorando e ensanguentada e uma criança ao chão. Quem estava com a espada atacou a família acertando o pai que se usava con escudo, não tive tempo de chegar lá antes que ele fosse morto. Acelerei e tentei atropelar o agressor que desviou facilmente.

– Mais brinquedos - exclamou o garoto, era Lucien um FN - agora Nick me liberará do contrato mais cedo - disse sorrindo.

Eu apenas retirei minha espada da moto e o ataquei, havia um cheiro insuportável de sangue, primeira vez que eu via dois mortos de uma vez. O ataquei pela esquerda, ele desviou com dificuldade, depois de ter ganhado o campeonato de esgrima fora convidada a participar de outros grupos e aperfeiçoei meus golpes. Consegui o acertar no braço, mas ele também atingiu minha perna, eu cai e Lucien investiu contra os dois sobreviventes da família. A mãe protegeu o filho de colo com o próprio corpo, antes que eu pudesse reagir ao corte feito em mim.

Eu não consegui proteger ninguém daquela família, havia sido uma inútil, mas ainda podia vingá-los e esse fiz. Recuperei-me, coloquei-me de pé e o enfrentei, podia vencê-lo ainda, eu estava fisicamente melhor que ele e mentalmente mais motivada. Cortei a coxa dele, fazendo um rasgo, assim ele não atacaria com a mesma velocidade.

– Por quê mata os outros Akumas? - perguntei enquanto me defendia de ataques fracos - Eles são iguais a você.

– O que está dizendo? - respondeu rindo - São lixos, fracos e suportes para a evolução que Nick sofrerá, me levando junto.

– São vivos - gritei tirando o capacete que me sufocara - não pensa assim, bastardo?

– Não - disse gargalhando mesmo com feições de dor - fiz um trato, meu sangue está ligado a Nick, assim não me tornarei um fraca como Eliot. Ele morreu depois de ter nos abandonado, se meteu em uma briga e veio até nós - riu novamente - só acabamos com o trabalho começado por alguém.

– Foram você então, sinto que você o verá em breve.

Desferi um golpe que atingiu o pescoço, mas não o decapitei, só o suficiente para que morresse. Depois de verificar se a criança e o pai estavam mortos fui a mãe que ainda gemia de dor, cheguei perto para ver o que falava.

– Este é Dan - disse aos suspiros - cuide dele para mim.

– V...você sairá dessa - respondi controlando o choro - e cuidará dele.

– Não precisa ser boa assim já veio nos proteger, agora só me prometa que ele vai ter um futuro.

– Me perdoe - disse pegando a criança no colo - não pude fazer muito.

– Não se preocupe, sabia que era perigoso ter filhos akumas com um humano. Era meu dever protegê-los, só leve Dan daqui, logo policiais viram e eu já tevo ter morrido - disse tirando a mão e vendo o sangue que vinha das costelas - leve os protetores também, serviram de lembranças ao meu pequeno.

– Eu te prometo que ele terá uma ótima vida - falei olhando o bebê que dormia tranquilamente - e farei seu pedido.

Depois que enfaixei minha perna e peguei os protetores saí do beco, com dificuldade devido o ferimento, e vi a mãe do pequeno Dan dar seu último suspiro em meio a tosse com sangue que liberava. Uma akuma boa morrendo por banalidades, por poder, por ganância de um dia talvez ter um mundo que somente um Akuma domine tudo.

Andei em média 5 quarteiroes do incidente com a moto, mas minha perna doía e Dan dificultava a direção, liguei para John que chegou em poucos minutos em sua estrada. Ele pareceu um pouco surpreso quando me viu em cima da moto estacionada, com um bebê no colo e com a perna enfaixada e sangue em volta. Eu havia apenas dito que acabara a gasolina e que precisava que me buscasse.

– Entre na cominhonete que eu faço o resto - disse sem reação - depois me explica, vamos ao hospital?

– Não precisa, só foi de raspão - respondi entrando no carro - e este aqui ficará com a gente.

Seu olhar oscilou novamente, olhou para cima e respondeu que em casa conversariamos. Ficamos em silêncio o caminho todo, John tentava dizer algo, mas logo parava, ele sabia o que tinha acontecido, ou imaginava.

Chegando em casa o pequeno Dan ainda dormia, o levei para meu quarto arrumando um lugar para ele dormir tranquilamente, não tinha protetor, pois debaixo da sua manta estavam suas asas, pequenas e negras contrastando com o pouco cabelo loiro que tinha.

– Mei, precisamos conversar - disse John sereno na porta - te espero na sala.

Fui para a sala e expliquei toda a história, sem deixar algum detalhe para trás. Jonathan só olhava para mim acenando e refazendo meu curativo da perna, não fora muito fundo como eu havia falado.

– Não podemos cuidar dele - disse numa voz triste - não temos condições, somos muitos inexperientes.

– Não podemos abandoná-lo - falei aguniada - eu prometi a mãe dele e...

– Não disse que iríamos abandoná-lo - suspirou rapidamente - talvez a mamãe possa cuidar dele.

– E Leandro? Saí de casa por ele.

– Já deve entender os deveres de um guardião. Você não vai abandoná-lo, só o deixará com pessoas mais responsáveis.

– Ok, devemos utilizar o bracelete da mãe dele como protetor. Se prefirir faço isso.

Sai da sala mancando, a dor de ser ferida me acertou em cheio depois do estresse sofrido. Cheguei e fiz um pequeno furo no dedão do pé, ele acordou chorando, risquei o bracelete fazendo-o sangrar também, assim juntei os sangues e o protetor se adequou ao tamanho do akuma e as feridas se fecharam. O segurei e logo parou de chorar, ainda se mechia um pouco por ser um poico desconfortável esconder as asas, mas logo acostumaria.

No dia seguinte estava no jornal "Uma criança, um adolescente e dois adultos estavam mortos em um beco da cidade. O adolescente, a criança e a mulher tiveram parada cardíaca e o homem levara duas facadas, uma entre o ombro e o pescoço e outra no abdômen. Uma faca e uma espada foram encontradas no local, sem suspeitos do crime e nenhum familiar encontrado.".

Caçadora de AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora