Revelação

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Eu não tinha certeza se eu realmente mostraria minha identidade, mas a emoção do momento me controlou e eu finalmente disse:

– Pelo estranho que pareça o pedido de Marco será realizado, apesar de quase ninguém saber qual é, eu sei.

Gust segurou o meu braço mexendo a cabeça que não, Marco havia tirado sua máscara e olhava para mim querendo que eu continuasse. Todos do ginásio pararam de falar, somente o silêncio ecoava no local, não havia mais câmeras fotografando ou o locutor falando. Foi neste momento que me virei de costas para todos e retirei minha máscara, meu cabelo estava preso apesar de ser na altura dos ombros, mas eu tinha que soltá-lo e mostrar quem eu era.

Virei-me e arrumei minha franja, todos continuavam calados, Gust me olhava assustado como se não tivesse acreditado que eu havia realmente coragem e ter feito esse gesto. Não tive coragem de olhar para Marco, não queria saber sua reação e realmente não gostaria de ver sua expressão facial. Depois de chamar o Gust saímos do ginásio sem dizer uma palavra e fomos para a sala de esgrima para esfriar o fato de uma garota se fingir de homem para praticar esgrima.

Gust se ofereceu para me buscar uma bebida, já que eu estava tremendo de nervosismo, o que eu diria a Marco depois de vencê-lo e esconde quem eu era. Eu aceitei a bebida e Gust foi buscar, enquanto ele foi buscar eu fui lavar meu rosto e trocar de roupa, como não havia ninguém lá não tinha problema. Depois de ter me trocado fui lavar meu rosto, mas quando terminei de secar meu rosto, vi uma sombra atrás de mim, ela vinha da porta, era o Marco. Ele estava com uma expressão diferente, meio indecisa, colocou sua mão suavemente em meu ombro e disse:

– Acho que precisamos conversar.

– Está bem – disse guardando a toalha – podemos conversar. Vamos nos sentar neste banco, pois a conversa poderá ser longa.

Nos sentamos e ele começou a me fazer perguntas, estávamos um sentado ao lado do outro em um banco transversal que ficava no centro da sala:

– Como você é o garoto misterioso da aula de esgrima, por quê você mentiu para mim?

– Eu nunca te falei que não era o garoto misterioso e você também nunca me perguntou se eu sabia quem era ele.

– Sim, é verdade. Desculpe-me, mas por quê você fez isso?

– Desculpado, eu escondi minha identidade por medo de ser recusada na aula, não pelo professor, mas sim pelos alunos.

– Isso foi... Desculpe-me, mas isso foi um pouco de machismo de sua parte, não? Achar que não podia esgrimar por ser mulher?

– Sim eu fui machista até um pouco preconceituosa, mas esse foi o único jeito que eu encontrei de praticar o que mais amo sem ser julgada, como nas outras escolas.

– Seu verdadeiro amor, como o meu – sussurrou – por lutas com espadas. Eu te entendo.

Essas foram às últimas palavras ditas por nós naquele momento, Marco olhava em meus olhos e eu nos dele. Quando ele subitamente me abraçou, ele não disse nada e eu também não. Ele tinha todos os motivos para estar bravo comigo, mas ele apenas me acolheu em seus braços. Depois de um tempo vi que Gust havia chegado e estava na porta, mas ele estava parado apenas observando, ao perceber que eu o vi ele acenou com a mão e deixou duas latas de refrigerantes gelados na porta e saiu.

Ficamos abraçados por um tempo, sem ao menos trocar uma palavra, eu podia sentir o seu coração bater, ele também podia sentir o meu, eu praticamente podia entender o que Marco pensava e pensava estar fazendo o mesmo. Ao pararmos de nos abraçar ele e eu estávamos tão bem, ambos felizes, contentes por nos entendermos bem. Ele olhou novamente em meus olhos e falou:

Caçadora de AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora