Com certa dificuldade Aoi sentou-se, encostando-se na parede também feita de pedra rústica. Assim que os olhos negros se acostumaram à penumbra que o cercava conseguiu reconhecer o local onde estava.
Esqueceu-se do frio e da sensação ruim de suas roupas estarem molhadas.
Tudo que ele sentiu foi o medo.
A luz prateada da lua atravessava o teto irregular revelando que Yuu estava numa espécie de caverna. Um grosso paredão de pedra era ladeado por grades de um material que o japonês não pôde identificar.
O solo, também irregular, era coberto por uma camada de água fria e escura. O silêncio era tal, que trazia uma sensação de agonia e solidão incomparável.
O moreno lembrava-se vagamente de estar no apartamento com Uruha. Então a chegada de duas pessoas desconhecidas, de modo tempestuoso. Bruxos...
E depois disso vinha um grande vazio. Ele simplesmente acordara naquele local. Estaria sozinho?
O pensamento assustou ainda mais o guitarrista. Ele levantou-se, sentindo as roupas molhadas colarem ao corpo. Tremeu de frio, mas ignorou valentemente o desconforto. Foi para a grade da frente da cela. Testou as barras descobrindo-as firmemente presas no lugar, então tentou ver algo pelo vão, mas foi impossível, deduziu que observava uma espécie de corredor. Provavelmente ligando mais celas como aquela em que estava preso.
— Kou?! – sussurrou.
Esperou por alguns segundos sem obter resposta. Seguiu em direção as grades do lado direito. Segurou-as com firmeza, repetindo a atitude inútil de testar as barras e tentar espiar. Conseguiu ver o bastante para entender que era uma cela parecida com a sua. Mas, aparentemente, estava vazia. Engolindo em seco, voltou a chamar baixinho:
— Kouyou?!
Novamente teve apenas o silêncio como resposta. Seu coração se partiu em dois, sofrendo com os sentimentos antagônicos que o dominaram: por um lado ficou feliz, aliviado. Seria terrível que o loiro estivesse preso ali também.
Por outro lado, estar solitário ali, era aterrorizante...
Mentira. Não estava completamente sozinho.
Yuu levou as duas mãos ao ventre tocando com cuidado. A inquestionável gestação ainda não era gritante, mas os contornos da barriga já se tornavam salientes. Perfeitamente normal, como dissera Madame Pomfrey no último pré-natal.
Nesse ponto o moreno sentiu um aperto na garganta.
Não devia ficar feliz de ter consigo uma criança inocente, estando ambos presos em um lugar frio e abandonado, sem saber o motivo, sem ter um rosto conhecido ou mesmo alguém que pudesse dar respostas as suas dúvidas.
Passou as mãos pelo rosto respirando fundo. Resolveu dar uma olhada através das grades da esquerda. Sua intuição lhe dizia que Kouyou não estava ali, mas precisava fazer alguma coisa!
Aproximou-se das grades, segurando-as. Entreabriu os lábios para chamar o amante, então as palavras morreram nos lábios cheios. Os olhos enviesados se arregalaram e Yuu voltou dois passos para trás.
Na cela daquele lado, estava uma estranha criatura. Um ser metade mulher, metade peixe, algo que lembrava uma sereia das fábulas, mas impressionantemente mais animalesco. A criatura tinha escamas por todo seu corpo ao invés de pele, e não apenas pela longa cauda de peixe, cujo reflexo da luz da lua dava tons azulados. Nadadeiras ligavam os dedos longos e finos. Os cabelos não eram como cabelo humano, pareciam feito de algum tipo de alga marinha amarelada. Os olhos escuros eram fundos, pareciam vazados; combinando de forma sinistra com os lábios fendidos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Chizuru
FanfictionEle havia perdido as estribeiras e arremessado aquela porcaria no mundo Muggle. E agora... teriam, os quatro, que arcar com as conseqüências. Fandom: Harry Potter (casal - H x D) Fandom: the GazettE (casal - U x A) ©Essa história foi escrita por Ka...