Epílogo

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— Vamos nos atrasar, Kou chan...

A voz cantarolada fez Uruha sorrir. O loiro observou-se no espelho. Mantinha os cabelos tingidos de loiro, atualmente em um corte bem menos ousado do que nos tempos de banda. O terno ocidental assentava bem no corpo magro. Ele terminou de ajeitar o último botão e virou-se para o marido.

Sim.

Marido.

Japão cedera a muitas das influências de oversea. Casamento entre pessoas do mesmo sexo fora aprovado há quatro anos atrás. Takashima e Shiroyama não hesitaram em unir suas vidas perante a lei e os antigos fãs.

Antigos, por que a banda thE Gazette já não mais existia na época. Apesar de todo o sucesso e aclamação, chegara um momento em que os integrantes já não desejavam mais aquela vida de viagens, compromissos, correria.

O fim viera naturalmente, sem atritos. Cada um dos cinco seguiu um novo rumo. Sem se afastar completamente, pois Kai e Uruha se uniram e criaram uma Produtora juntos. Eram sócios e, surpreendente, uma combinação incrível: Kouyou tinha o faro para novas estrelas. Yutaka cuidava da parte legal. SnoWred, TB22, Yura-chan... nomes que bombavam nas paradas de sucesso depois de lançados pela Chizuru, produtora da dupla de amigos.

Yuu continuava suas composições, vendendo para clientes regulares. Sua última música ganhara um prêmio qualquer oversea. Nada que surpreendesse muito. Não era a primeira vez, nem seria a última.

Reita empresariava um grupo Teen que vinha dominando o cenário adolescente pelos dois últimos anos. E Ruki continuara com a carreira solo até os dias atuais.

Eventualmente eram convidados para algum show beneficente. Não poucas vezes para homenagens. Épocas em que pegavam os instrumentos outra vez e relembravam os bons e velhos tempos.

— Tem razão. Eu sempre me atraso! – o loiro sorriu para o moreno a sua frente, vestido com igual esmero. Aproximou-se de Aoi e ajeitou-lhe a gravata com carinho – Você está bem?

O moreninho balançou a cabeça, acostumado com a preocupação do marido. Desde onze anos passados, quando sofrera uma doença rara e quase morrera. Sua recuperação fora lenta e delicada. Sem exageros, Yuu sabia que estivera a um passo da morte.

Dias distantes e pálidos, que vira e mexe vinham a sua mente, como fantasmas a persegui-lo. Uma comoção abalara o Japão ao saber que um de seus amados ídolos estava doente. Fãs de todo mundo se uniram para oferecer seu apoio incondicional.

Shiroyama pouco se lembrava desses dias. Quando tentava, tudo era um borrão. Isso e a sensação de perda... Um vazio... O ex-guitarrista, às vezes, sofria e sentia a falta de algo que nunca tivera em sua vida.

Algo que sequer podia nomear.

Faltava um pedaço de si. Mas... Não sabia o que deixara para trás... Somente lamentava.

Yuu sobressaltou-se um pouco quando sentiu Kouyou tocar suave em sua face e recolher as lágrimas silenciosas que escorriam por seu rosto. Ele nem notara que começara a chorar.

— Tem certeza que está bem?

— Sim, sim. Só um pouco emocionado.

Uruha sorriu. Era a noite em que mais uma banda iria debutar. Mais um sucesso para os dois, coroando todo o esforço. Tomou as mãos do marido entre as suas e apertou com carinho, puxando-o para fora de casa.

A noite tinha tudo para ser um sucesso. Como todos os últimos anos.

U x A – H x D

Draco observava seu marido andar de um lado para o outro da sala. Isso acontecia há pelo menos meia hora.

— Harry, você está me dando dor de cabeça – o professor resmungou, sentado no sofá e parecendo extremamente entediado.

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