O fim do pesadelo

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Draco não soube dizer quanto tempo ficou de joelhos no chão, atordoado diante da visão do Muggle que deveria ter protegido e que estava em um estado sub-humano por sua culpa.

Foi apenas ao sentir um movimento atrás de si que teve alguma reação. Ergueu a varinha, mas ao apontá-la descobriu-se frente a frente com Severus Snape. O homem lhe lançou um olhar agudo, o suficiente para devolver as forças de Draco e fazê-lo se erguer.

— Isso não acabou – deixou claro naquele tom de voz peculiar. Ao fundo podiam ouvir sons de uma furiosa batalha, permeada de troca de feitiços que parecia longe do fim.

O loiro meneou a cabeça, proibindo-se de se preocupar com Harry Potter. Assistiu enquanto seu antigo mestre de poção agitava a varinha sem pronunciar nenhum feitiço, fazendo as barras de ferro da jaula de Shiroyama se dobrarem o suficiente para abrir um vão pelo qual Draco pudesse passar.

— Leve-o para Hogwarts. Papoula poderá começar os procedimentos de varredura. Irei em seguida. Ela pode precisar de poções.

Mais uma vez Draco apenas balançou a cabeça em resposta. Não perdeu mais tempo em entrar na prisão de Shiroyama e abaixar-se para tomá-lo em seus braços. O japonês estava tão leve...

Fitou seu padrinho uma última vez, antes de desaparatar.

O lugar do leilão era longe o suficiente de Hogwarts para que Draco ficasse abalado pela viagem. Aparatou no salão principal do colégio de magia, que desde que a paz se estabelecera tornara as proteções mais brandas, já que Voldemort já não era uma ameaça.

Só não caiu no chão, porque Madame Pomfrey o amparou.

— Professor Malfoy...

— A senhora nunca dorme? – Draco resmungou de mau humor.

— Sim. Eu durmo, professor. Mas a senhora Weasley me enviou uma mensagem secreta insinuando que talvez tivessemos convidados valiosos em Hogwarts essa noite. Vejo que ela não estava enganada.

— Hn... – foi o resmungo desanimado de Malfoy, que tentava se recuperar da nausea, segurando o guitarrista com o máximo de cuidado.

— Consegue trazê-lo a enfermaria ou precisa de ajuda?

A resposta de Draco foi tomar a frente, caminhando tão firme quanto as pernas bambas permitiam. Apesar de ainda tonteado, conseguiu chegar à enfermaria sem maiores incidentes. Entrou no local e levou o rapaz até um dos leitos.

— Severus diz que já vem.

Madame Pomfrey amarrou um avental branco na cintura. Olhava preocupada para o japonês.

— Quando ele chegar mande-o entrar imediatamente – só então mirou Draco de maneira um tanto dura – E você espere lá fora.

Sem outra alternativa, Draco obedeceu.

UxA – HxD

A espera foi longa e enervante. Conforme prometido Snape logo chegou e entrou na sala de atendimento sem bater ou se anunciar. Nem mesmo falou com Malfoy.

O loiro retomou a marcha interrompida. Não ter notícias do que acontecia lá dentro era desesperador. Além disso, havia a falta de contato com Harry que acabava com seus nervos.

Minutos viraram horas. Cansado de andar de um lado para o outro, sentou-se em um dos bancos de madeira e esperou por mais um longo tempo.

Teve a impressão de cochilar de leve e acabou despertando quando ouviu passos ressoando no chão e quebrando o silêncio. Porém Draco sentia-se tão cansado física e emocionalmente que nem levantou-se do lugar.

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