[01] runaway

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I can't escape this now
Unless you show me how
When you feel my heat
Look into my eyes
It's where my demons hide.

MYOUI MINA


O verão havia começado a pouco, e naquele dia estava especialmente quente. Por isso, não me importei em vestir roupas mais leves que o meu normal com roupas de banho por baixo e pedir para Haeyoung, minha criada, informar que era para a piscina interna estar vazia, assim como queria que minha única pessoa de confiança estivesse lá.

É claro que meus pais e meu irmão tinham suas tarefas, mas eu não. Desde que eu ficasse dentro do palácio e não aprontasse nada, tudo ficava bem, como eles diziam. Acho engraçado ouvir essas palavras quando nunca, em toda minha vida, aprontei alguma coisa realmente séria. Cresci com aulas de etiqueta, até meus 5 anos fui treinada para ser herdeira do trono.

Bom, foi quando Ichiro nasceu, e como ele é homem eu perdi esse direito.

Estúpidos homens.

Sinceramente? Depois de um tempo de rancor guardado pelo seu nascimento, por ter tirado o trono de mim, observando como a vida dele havia ido pelo ralo abaixo, eu agradeci por Ichiro ter vindo ao mundo.

Ser rainha nesse governo não é para mim.

- Pediu para me chamar, vossa alteza?

Virei para trás ao ouvir a voz de Momo, que havia acabado de entrar no meu quarto.

- Me acompanha até a piscina?

A mulher confirmou com a cabeça e me ofereceu seu braço. Entrelacei o meu no dela.

- E já pedi para não me chamar de alteza, Hirai. Trezentas vezes.

Ela riu. Momo tinha seus cabelos presos em um coque e sua franja espalhada de forma bagunçada pela sua testa.

- Se minha mãe me escutar chamando a filha do rei de qualquer outra forma que não seja essa, é capaz que me corte a língua.

Revirei os olhos.

- Não se eu disser que pedi. Você é minha única amiga, não estrague isso.

- Tudo bem, tudo bem.

Seguimos pelo longo e espaçoso corredor até o elevador. Encostei meu dedo no identificador de digital e suas portas se abriram.

Apenas a família real podia andar de elevador.

Logo que entramos me aproximei do espelho soltando do braço de Momo e ajeitei minha franja.

- Para a piscina, por favor.

- Sim, vossa alteza - respondeu o elevador.

Virei para frente ao ver Momo, pelo espelho, encarando a porta enquanto apertava as próprias mãos. Me aproximei dela.

- Está tudo bem? - Perguntei em um tom baixo, mas mesmo assim ela se virou rapidamente e me deu um sorriso amarelo.

- Sim.

Peguei sua mão e virei a palma para cima enquanto Momo deixava escapar um suspiro. Havia marcas de unhas, e como eu conhecia Momo a muito tempo, eu sabia que ela só fazia isso quando algo a atormentava e ela não podia botar para fora.

show me howOnde histórias criam vida. Descubra agora