[19] a house, not a home

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Where'd you wanna go?
How much you wanna risk?

MYOUI MINA

Talvez aquele tenha sido um dos melhores sonos da minha vida até hoje. Não dormi nos braços de Chaeyoung, dormi com ela em meus braços. Seu corpo entre minhas pernas, seus braços pela minha cintura me agarrando como se eu fosse um urso de pelúcia, sua cabeça de lado na altura de meus seios. Eu tinha uma mão abraçando suas costas e a outra afundada em seus cabelos.

Quando eu comecei a acordar foi por conta da claridade entrando pela janela, e eu me perguntava se isso não incomodava Sana nenhum pouco, apesar de deduzir que ela apenas se levantava junto com o sol. E tive a confirmação quando olhei para o lado ao ouvir alguns barulhos estranhos.

No meio daquela sala, estava Sana, de joelhos, apertando com uma chave de fenda algo em uma mesa que definitivamente não estava ali na noite anterior.

Eu resmunguei confusa sem entender muito bem, mas me arrependi na hora que vi seus olhos caindo sobre mim, enquanto ela se virava. Sana deu um sorriso ladino e se levantou, se apoiando na mesa. Seus cabelos estavam presos em um coque, ela vestia uma regata que me revelou pela primeira vez algumas tatuagens em seus braços, e as calças que cobriam suas pernas estavam puxadas para cima de forma desajeitada. Ela passou a mão na testa.

— Bom dia, Mina. Parece que a noite foi boa, hm? Chaeyoung se rendeu?

Eu senti minhas bochechas esquentarem. Porque ela deduzia essas coisas? Nós poderíamos apenas ter dormido abraçadas sem nada ter acontecido além disso. E, de qualquer forma, Sana estava errada. Estava mais para... eu me rendi.

Preferi ignorar seu comentário e olhar para Chaeyoung pensando em algum jeito de me esquivar sem acordar ela, chegando a conclusão de que não existia já que ela estava em cima de mim.

— O que é isso? — Terminei por perguntar a Sana, enquanto mexia lentamente meus dedos nos cabelos de Chaeyoung, sentindo como eram macios. Eu também sentia seu coração batendo contra a minha barriga e sua respiração em meus seios por cima da camisa, e essas pequenas sensações que me mostravam tamanha proximidade dela me deixavam nas nuvens.

Sana abriu um sorriso orgulhosa.

— Uma mesa de Air Hockey!

Eu apenas franzi o cenho.

— Eu encomendei pouco tempo antes de você e Chaeyoung escaparem do Palácio, mas acontece que o caos que vocês duas causaram nesse reino acabou por atrasar a entrega da minha tão esperada mesa.

Eu ri fracamente. Eu sei que nem sequer fazia tanto tempo, mas aquilo parecia tão distante. A palavra Palácio não me lembrava mais de um lugar onde eu pertencia. Me causava estranheza e desconforto, e talvez isso não estivesse errado diante de tantas coisas e sensações que eu descobri desde o exato momento que botei meu pé para fora daquele lugar.

— Por sinal, Mina... Eu sei que você não consegue ver os olhos dela nessa posição aí, mas ela tá acordada desde antes de você acordar. Pare de fazer a garota de travesseiro, Chaeyoung.

Por alguns instantes eu senti sua respiração parar de bater em mim e percebi que ela tinha prendido a mesma. Eu mordi meu lábio inferior segurando a vontade de sorrir. Chaeyoung estava gostando de ficar abraçada comigo então, e ela nem sequer se importou com a presença de Sana no quarto.

Pouco depois senti ela se movendo e saindo de cima de mim, se sentando na cama e evitando olhar em meu rosto. Eu senti falta de seu calor.

— Quando você menos esperar, vou quebrar essa mesa.

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