show me how

[26] she wears a gun like a crown

You should see me in a crown
I'm gonna run this nothing town

MYOUI MINA

— Você merece mais.

Me encarei no espelho. As três palavras viraram meu mantra pelos dias que se passaram. Toda vez que eu via um espelho, repetia isso para mim mesma. De alguma forma me ajudava a levantar a cabeça.

Enquanto sentia o sacolejar do carro e o frio na minha barriga, pensei em como eu não vi Chaeyoung pelos dias que se seguiram, nem parar repassar o plano.

Eu continuei a repassa-lo com Sana e Tzuyu, e no dia seguinte após a última vez que vi Chaeyoung tive que recobrar minhas energias de imediato para ir até a sala de treinamento avançado com Tzuyu e Sana.

Era simplesmente uma sala muito mais tecnológica, capaz de simular cenários, inimigos e situações, e no final dar uma nota para seu desempenho.

Entendi porquê Sana havia pedido para ir até lá. Eu realmente passaria horas lá se pudesse. Era magnífico.

Minha nota havia sido 82 e Tzuyu acreditou que era uma nota boa para um iniciante. Não sei se isso significa que eu tinha 82% de chance de ter sucesso e 18% de chance de falhar, mas parecia o suficiente para Chou.

Agora eu sentia meu coração na boca. A noite caía muito rápido. Senti um pesar no meu coração ao me despedir de Sana, apesar de uma hora ou outra eu ouvir sua voz no meu ouvido e um grito de Tzuyu atrás mandando ela desligar o microfone, eu tive medo de não voltar a vê-la.

Chaeyoung estava no mesmo carro, sentada na outra janela. Tinha um banco entre nós duas, mas parecia que tinha uma geleira inteira.

Eu a via se ajeitar no banco e virar a cabeça um pouco para o meu lado as vezes, como se fosse falar alguma coisa, mas depois se afundava de novo.

Não entendi se ela estava com o mesmo medo que eu. Medo de algo dar errado e nós estarmos assim. Distantes. Praticamente brigadas.

Fomos deixadas perto da casa de Nayeon e Jihyo. A partir dali seria andar até a floresta. Era como se já tivesse começado. Eu ouvia minha respiração pesada demais.

Sim, de fato estava acontecendo. Estava começando. Estava começando o resgate. Se tudo desse certo, Momo e Dahyun estariam fora do Palácio antes que o sol voltasse ao céu.

Eu poderia praticamente ver Momo nervosa e enfiando suas unhas em sua palma, e reparei porquê eu fazia o mesmo.

Tínhamos máscaras no rosto no momento e a rua estava mais movimentada do que o normal. Acreditei que isso também era coisa de Tzuyu, para camuflar as pessoas que mais adiante simplesmente pulariam para dentro da floresta.

E quando de fato o fizemos, estava extremamente escuro e Chaeyoung ligou sua lanterna. Eu tive que me aproximar dela. Foi quando a ouvi suspirar.

— Eu lembro da primeira vez que estivemos aqui.

Tudo bem, Chaeyoung, não quero falar com você.

Ela deu uma risada fraca.

— Parece que não faz nem sequer um mês. Faz muito mais que isso, não faz? Meses e meses já. Eu não contei.