show me how

[05] something wrong

I'm walking uphill both ways, it hurts

I bury my heart here in this dirt
I hope it's a seed, I hope it works

MYOUI MINA

Nossos cabelos estavam presos em coques expostos agora, e um fio do dela estava solto caindo sobre seu olho.

Engolindo a seco, ajeitei ele delicadamente atrás de sua orelha e Chaeyoung pareceu sair de algum tipo de transe.

Ela suspirou.

— Prometi que íamos conseguir. Como já disse antes, sou uma pessoa de palavra, princesinha.

E lá estava de volta o princesinha. 

Apesar de tudo parecer ter acabado, Chaeyoung não descolou o corpo do meu imediatamente. Minha respiração parecia entrar e sair devagar, quando eu não tinha a impressão de que ela parava e eu demorava para lembrar que tinha que respirar. Nossa respiração deveria ser automática, a menos que prestemos atenção nela. E naquele momento tudo que eu podia fazer era prestar atenção na minha para evitar prestar atenção em outras coisas. Afinal, que diabos estava acontecendo?

Busquei a saída mais rápida.

— Já falei tantas vezes que não gosto que me chame de princesinha.

O sorriso típico voltou ao seu rosto. Era engraçado como ela tentava parecer má com um sorriso quando sua covinhas apareciam, mas os seus olhos contavam uma história. Uma história de dor e sofrimento, um olhar maltratado, um olhar que sabia demais, um olhar que já viu tantas coisas. Um olhar que sim, dava medo. Parecia tão profundo e tão superficial ao mesmo tempo, como se fosse um mundo interminável quando nele você mergulhasse, mas que ao mesmo tempo tinha uma barreira te impedindo de ir mais a fundo.

Olhando em seus olhos você sabia que era perigoso, mas não sabia o porquê.

E eu era extremamente curiosa.

— Já falei tantas vezes que não vou parar, princesinha.

Seu corpo se descolou do meu, permitindo outra vez que o vento que corria pelas ruas naquele dia voltasse a tocar em meu corpo. 

Uma vez que ela se afastou de mim, deixei o assunto do apelido irritante de lado pois já não importava mais. No pouco tempo que fiquei com Chaeyoung, sabia que não seria capaz de fazê-la desistir disso. 

— Vamos dar um tempo aqui até a confusão acabar e os guardas irem embora — ela disse se encostando na parede oposta a que eu estava, se mantendo de frente para mim.

— Porque eles estão procurando por você e não por mim? — Perguntei ao me lembrar dos guardas projetando o rosto de Chaeyoung e perguntando as pessoas se haviam a visto. Eles não projetaram o meu. 

Eu não deveria ser a prioridade?

— Pense bem, princesinha. A transmissão do seu casamento foi cortada, isso já é o suficiente para deixar o povo com uma pulga atrás da orelha. Você acha mesmo que eles vão contar por aí que a princesa fugiu? Que eles perderam o controle sobre você? Que nem tudo é perfeito e segue a mesma linha dentro das paredes do palácio? E, ainda mais, que eu e você sumimos no mesmo dia? — Ela tirou o longo sobretudo masculino que usava, revelando mais uma vez sua cicatriz que agora eu já sabia o motivo. Chaeyoung se aproximou de mim e colocou o sobretudo em mim pela frente, jogando as duas mangas por cima dos meus ombros para que ele ficasse estável cobrindo meu corpo apesar de eu também usar um sobretudo. — Eles vão tentar manter o segredo pelo máximo de tempo possível, não querem que saia dos limites do castelo que você sumiu. Vão fazer o trabalho sozinhos sem a ajuda do povo. E provavelmente acreditam que se me encontrarem, te encontram.