show me how

[21] old land, new stories

Found my heart and broke it here
Made friends and lost them through the years
And I've not seen the roaring fields in so long, I know I've grown

But I can't wait to go home

SON CHAEYOUNG

Não é como se eu estivesse realmente tão calma quanto eu tentava parecer, enquanto Mina estava praticamente debruçada na janela do banco de carona, prestando atenção em cada centímetro das ruas lá fora. Eu tirei a mão da marcha do carro e levei até a sua coxa, apertando levemente para chamar a sua atenção.

— Por favor, feche essa janela.

No momento que voltei minha mão para o volante, Mina já estava sentada de braços cruzados e emburrada enquanto o vidro subia.

Acontece que naquele momento estávamos indo para a casa de meus pais. Eu sabia que deveria dar essa chance para a minha vida depois de ouvir as palavras suaves de Mina naquela noite. E ela também sabia que isso não era algo do tipo "levar minha namorada para conhecer meus pais".

Até porque, apenas para constar, Mina não era minha namorada.

O conceito de namorada nem sequer importava para mim, eu tinha muito mais coisas em mentes para ficar com melodramas adolescentes na cabeça.

O objetivo daquela visita era que eles pudessem ver que até mesmo a filha das pessoas que eles admiram – que meu pai admira – estava ao meu lado nessa luta. Eu tinha esperanças que, talvez, com eles tendo consciência disso a ponto de receberem a princesa na casa deles, com ela indo até lá por livre e espontânea vontade, eles percebessem que talvez devessem dar uma chance para mim.

Perceberem que não devem lealdade a um homem que não faz o que deve pelo seu povo, e que, muito pelo contrário, os maltrata. Física e mentalmente. Torna tantas pessoas por aí alienadas que mesmo vivendo em condições de sofrimento ainda acreditam que o certo é seguir o rei.

— Eu nunca vi essas ruas — disse Mina, aproximando o rosto da janela fechada e encostando o nariz, que estava dentro de sua máscara, no vidro.

— E nunca mais vai ver se ficar expondo seu rosto desse jeito pra qualquer um que queira ver.

— Eles não estão vendo meu rosto, eu tenho uma máscara.

Eu suspirei e resolvi que seria melhor não falar nada. Mina era de fato ainda muito ingênua para todo aquele mundo. Ela poderia querer lutar e adotar os rebeldes porque seu coração era bom e sim, ela estava evoluindo e eu admirava isso, mas Mina não conhecia um terço das maldades que ocorriam em suas próprias terras.

Tanto que, mesmo tendo convencido Tzuyu a me emprestar um de seus carros e me deixar dirigir, eu ainda tinha que estar com dois guardas nos bancos traseiros. E é claro que eu deixei a janela divisória fechada, não queria ter que lidar com alguns como os da outra vez.

— Eu não sei dirigir — ouvi seu comentário escorregando pela sua voz suave levemente abafada pela máscara que cobria sua boca.

Seus olhos estavam em mim e o que ela disse não era uma informação relevante e eu nem sequer havia perguntado, mas eu gostava de ouvir quando Mina queria soltar pequenas coisas sobre a sua vida que mesmo parecendo inúteis me permitiam conhecer ela mais e quebrava o silêncio.

— Não é difícil.

— Não acho que eu tenha competência. Muitas coisas para fazer ao mesmo tempo.