Capitulo 26×1

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Nicolas POV

Duas semanas vegetando na terra e socando o meu saco de pancadas. Eu estava morto por dentro, deprimido, sem chão, sem rumo, sentindo um vazio profundo dentro de mim, uma dor imensa, a dor da perda, a dor do luto. Eu queria tanto o bebê que Juliana esperava, queria fazer com ele as coisas que não tive a oportunidade de fazer com Bella. Tudo foi culpa minha.

Enquanto eu desferia socos por aquele saco de pancada. Eu estava sem dormir, sem comer, só descontando a minha raiva batendo naquele saco, raiva aquela que era de mim mesmo, se eu pudesse estaria dando socos pelo o meu próprio corpo.

Meu corpo estava repleto de suor, eu não parava de socar o objeto em minha frente, quanto mais socava, mais eu queria. Essa estava sendo a minha vida. Trabalhar, socar saco de pancada, e tentar dar o máximo de atenção e amor para a minha menininha. Cris havia me dito quando fui buscar Bella da última vez, que Juliana não saía mais do quarto, ela não sabia o que fazer para tirar a filha daquele luto, e jogou na minha cara toda a culpa que eu já sabia que tinha.

Eu estava morrendo de saudades da minha Juliana, eu queria invadir o quarto dela, a abraçar e dizer que tudo ficaria bem, que eu iria consertar os meus erros. Mas eu não podia, não podia mais prometer a Juliana o que eu não tinha a capacidade de cumprir, não por que eu não queria, mas por que as coisas aconteciam em minha vida sem eu ao menos perceber ou ter controle.

Eu queria que Juliana fosse feliz, idependente da forma, mas eu queria muito, e eu não tinha a capacidade de faze-la feliz por que sempre, sempre eu estava fazendo merdas que a fazia sofrer e lembrar daquele maldito passado.

- Nicolas? - Ouvi a voz de dona Beth soar baixa pelo ambiente.

- Sim? - Parei de socar aquela merda e a olhei.

- Dona Giselle está aí, e disse que te espera na sala.

- Tá bom, obrigada. - Dona Beth assentiu e logo saiu.

Peguei a minha toalha, enxuguei meu rosto, bebi um pouco de água da minha garrafinha e sai da academia. Indo em direção a sala eu avistei minha mãe sentada no sofá, um pouco agitada.

- Qual o motivo da sua ilustre presença? - Falei com deboche e sentei no outro sofá, ao lado do que ela estava.

- Sem deboche Nicolas, eu ainda sou a sua mãe e quero respeito. - Sorriu amarelo.

- Não importa. O que você quer? - Disse rispido e bebi mais um gole de minha água. Minha mãe ainda não sabia que Juliana havia perdido o nosso bebê, nem do maldito acidente e eu não iria contar, queria poupar os meus ouvidos das ofensas que minha mãe iria desferir em Juliana.

- Seu paí está tentando falar com você ha dias. - Cruzou as pernas e jogou o cabelo. - O que está acontecendo com você? Olha a sua cara, parece que não dorme ha dias, mal te vejo na empresa.

- Não é de mim que você veio falar, qual é mãe, você nem se importa comigo a não ser pelo fato de eu cuidar do seu patrimônio, pagar as suas dívidas de jogos e mostrar para a mídia que temos uma relação incrível para aumentar o seu ego. E eu faço isso, sabe por que? - Ela respirou fundo e negou. - Por que mãe a gente só tem uma, apesar de na minha vida você não fazer muita diferença.

- Eu amo você, Nicolas. Do meu jeito, mas eu amo. - Sorriu e eu apenas revirei os olhos.

- Você não me ama. Você ao menos tentou se aproximar da minha filha, ela é a coisa mais linda e precisosa do mundo. - Falei em um tom frustrado. - Ela é a sua neta, pelo amor de Deus, se você não consegue amar aquele ser e não tem vontade de a conhecer, você não tem capacidade de amar ninguém. - Minha mãe ficou me olhando por um tempo, sem expressar nenhum sentimento. Eu como filho dela, sabia que essas palavras haviam mexido com a mesma, mas como sempre, ela não ia dar o braço a torcer.

Past Brands (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora