Um telefone toca desesperadamente sobre uma mesinha de vidro oval, próximo ao balcão de mármore da copa cozinha no interior da sala espaçosa de um apartamento bem localizado no Queens, em Nova York. Toques e mais toques agudos gritantes ecoam, espantando até mesmo o gato siamês antes deitado preguiçosamente numa poltrona bem ao lado, que incomodado, pôs-se a saltar da mesma de forma graciosa para abandonar o ruído.
Quem retira o aparelho sem fio do gancho revirando os olhos em impaciência, é uma garota. 24 anos, magra, de pele clara, olhos grandes e verdes. Cabelos caramelo e levemente ondulado, fisionomia confiante e traiçoeira. Claramente britânica, desanimada em cumprimentar quem estivesse do outro lado:
- Alô?
- Adivinhe quem cumpriu a promessa. -Respondeu um homem do outro lado, por sua vez, Americano.
O sorriso orgulhoso da garota surgiu discreto ao reconhecer a voz:
- Mark?
- Como vai, Alex?
- Poderia estar melhor, a rede não me dá nada há dias.
- Awn, vamos lá... Anime-se.
- Me dê uma razão verde para isso.
- Como eu disse, cumpri minha promessa. Te consegui um trabalho.
- Você sabe manter uma garota interessada, apesar de perder a graça quando a conta chega e pede pra rachar.
- Não me venha com essa, agora.
- O que foi? -Riu, irônica.
- Bem que dizem para não misturarem negócios com prazer.
- Então, estava tendo prazer... -Insinuou, maliciosa.
- Não faça isso...
- Você me diverte. Me fala qual a encrenca dessa vez.
- Estou no Michigan agora e Ketch ligou pra um amigo, que ligou pra outro amigo que ligou pra mim sobre uma proposta. Eu ficaria feliz em atender, mas estou meio enrolado no momento. Por isso, lembrei da minha amiga que está precisando.
- Que caridoso da sua parte, você tem algum violino? Gostaria de um acompanhamento sonoro pro seu drama.
- Escute, algum cara de Londres está pedindo uma grana alta por um amuleto.
- É alguém da Kendricks? Eles deviam saber se virar com suas armas. Achei que os rapazes eram caidinhos por seus brinquedos.
- Vai saber...
- Foi o próprio Ketch quem pediu?
- Isso eu não posso dizer.
- Não pode por não ter permissão ou porque não sabe?
- Ambos.
- Típico.
- Está com uma caneta?
- Estou com meu cérebro, dá no mesmo.
- Ahm, ok. É uma regalia antiga, muito poderosa... Supostamente. Eu não sei se ele é realmente o comprador, mas um cara chamado Lucas Marvleck está oferecendo um milhão de dólares por essa porcaria. Repito, Marvleck, M-a-r-v-l-e-c-k-.
- Já disse que não estou anotando. Os Homens Das Letras agora são muambeiros?
- É sigiloso, Alex. Não sei se são os Homens Das Letras. E se não forem, eles não podem saber dessas coisas. Geralmente eles mesmos rastreiam esses artefatos e colocam em caixas de praga, mantendo num local seguro pra que ninguém tenha contato com a coisa. Quem está pedindo, está querendo por ganho próprio, não tem nada a ver com manter os valores da instituição de proteger e esconder coisas perigosas do público.
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BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O Tempo
HorrorConheça Bela Talbot, uma caçadora de artefatos mágicos raros, que atua como mercenária no campo do ocultismo. Armada e perigosa. Uma ladra, traiçoeira, egoísta e venenosa. Mas, será mesmo? Graças a tragédias que se abateram em sua vida, Bela descobr...