11 - Dois Patos Na Lagoa

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De volta ao Hotel, a tentação de avisar Luke sobre o possível artefato falou mais alto. Só de toalha, preparada para entrar no chuveiro e aproveitar um longo banho, só queria que a negociação não fosse longa:

- Luke?

- Oi, Bela. Não me ligou por estar com saudades.

- Não teria tanta sorte.

- Como é?

Antes que ele ficasse agressivo com a piada, o cortou enquanto abriu o chuveiro:

- Se bem me lembro, ainda temos um acordo pendente.

- Que meiga, lembrou de mim?

- É o seguinte, acho que achei uma coisa pra você.

- Sou todo ouvidos.

- Que tipo de ocultismo você pratica?

- Do tipo "Vá se danar e fala logo do que se trata".

- Calma aí, estou fazendo uma gentileza a um colega.

- Que atenciosa.

- Já ouviu falar de "A Mão Da Glória"?

- Quem nunca? Por quê? Está com uma?

- Vou estar, amanhã. Tem interesse?

- Claro. Como eu disse, tem um porém. Esqueça uma oferta milionária.

- Por mim tudo bem.

- Você me ligou em boa hora. Amanhã será meu último dia nos Estados Unidos, voltarei para Londres pela madrugada.

- Perfeito, acha que pode buscar a mão ou alguém do seu "grupo" vai vir?

- Depende, onde você está?

- No Harbor Hotel, Boston, quarto 405.

- Olha se ela não tem um gosto refinado.

- Vou perguntar pra te dar liberdade. Quanto pagaria por ela?

- Cem mil, no máximo.

- Fechado.

- Tão rápido assim? Sem barganha?

- Essa é a barganha.

- Esperta.

- Meia noite?

- Considere feito. -Desligou sem mais nem menos.

Uma pedra saiu do caminho, só faltam duas.


Pela manhã, dirigia pela estrada 45 à toda velocidade no conversível, segurando frente ao rosto o papelzinho que roubara do porta-luvas dos Winchesters. "Nothern Street - 155". Repetiu duas vezes o endereço a si mesma, gravando-o e em seguida, amassando o papel e jogando-o ao vento pela estrada. Era um dia parcialmente ensolarado, havia uma previsão de chuva para este fim de semana e ainda não caísse uma gota, alguns sinais da mudança do clima já podiam ser notados. Elegante como sempre, vestia um conjunto social azul marinho. Francamente, acabava parecendo uma corretora de imóveis ou comissária de bordo, o que talvez pudesse fazer parte do disfarce se fosse necessário. O suposto endereço dos meninos era familiar por uma razão: Ela já havia cogitado a possibilidade de comprar uma casa na tal região, desistindo de última hora por boatos de ser um empreendimento condenado. Isso foi a um ano atrás, quando o bairro estava se formando e dali nascia uma área de subúrbio que estava fadada ao fracasso. Era longe demais do centro, e os preços competiam no nível de um apartamento em área nobre, o que afastou muitos compradores em potencial e deu prejuízo à corretora.

BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora