17 - O "X" Marca A Resposta

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De volta ao Porsche estacionado à beira de estar embaixo da ponte, seguiu de cabeça erguida. Embora tivesse ficado com medo da manifestação demoníaca, ao parar pra pensar, tinha aprendido muita coisa. A Chave De Salomão, O Sachê de "Pós dos bobos" e até a erva "Cadarço do Diabo". E não é que o tal do exorcismo funciona mesmo? Bernick foi mais que gentil ao lhe dar uma cópia. Estava em latim, é claro, mas nada que um pouco de determinação não pudessem fazer o truque.

Agora tinha duas opções... ir pra casa ou para Nova Orleans e conseguir o sachê o mais rápido o possível. A decisão seria feita através do ânimo ao pegar a estrada. Apontou o chaveiro ao veículo, desligando o alarme, tendo como resposta a piscada dos faróis e os dois sons agudos.

Infelizmente, as surpresas desagradáveis da noite pareciam não terem realmente acabado. Pois assim que pôs a mão na maçaneta do carro, o coração gelou num susto de algo ou alguém que surgiu furtivo por trás de seus ombros no reflexo do vidro. Ao ver que era um homem, o encarou de queixo erguido, não querendo demonstrar medo. O mesmo tinha uma expressão levemente atordoada. Era negro, careca e de cavanhaque, até um pouco mal encarado. Ainda que com receio, Bela tentou escondê-lo:

- É rude chegar de mansinho assim nas pessoas.

Ele não sorriu e muito menos cumprimentou. De cara fechada, disse, severo:

- Bela Talbot.

Com o coração aos saltos, olho no olho, desconfiou que talvez ele fosse um cliente em potencial. Mas... Assim e aqui, no meio do nada? Só falta ser mais um demônio.

- Me pegou em desvantagem. Não sei quem você é. -Tentou ser simpática.

- Gordon Walker. -Falou grosso.

A falsa simpatia e despretensiosidade se desfez na hora. "Gordon Walker", um dos nomes que Mark havia lhe dado para por na lista de caçadores a serem evitados. O cara tinha fama de ser um tremendo psicopata. Era dito ser um dos, senão o melhor caçador de vampiros do País. O problema, é que segundo a fama, os vampiros não são suas únicas vítimas. Os que ficaram em seu caminho, humanos ou monstros, não tiveram um final feliz. Como se não se sentisse intimidada, prosseguiu:

- Já ouvi falar de você. -Abriu a porta do carro demonstrando muita calma, todo cuidado é pouco diante daquele que a observa como se quisesse devorá-la viva. - Ouvi que estava na prisão.

Ele acenou com expressão até brincalhona:

- Saí.

- Solto por bom comportamento?... -Ironizou, fria. Ambos sabiam muito bem que não era o caso.

Gordon não respondeu, continuando a fixar-se na moça ao não achar graça nenhuma, impondo sua pose de durão em silêncio devastador. A tensão já tomou conta da garota a este ponto, que delicadamente se debruçou sobre o banco, deixando a mala. Na mesma investida, tateou o forro embaixo do acento de forma muito discreta à procura de sua mini-pistola afim de desbancar o machão.

- Está procurando por isso?

Ela levou o rosto a ele, ainda curvada de forma lenta, arrepiada ao não querer descobrir a verdade, esta sendo, sua arma, sendo exibida na mão de Walker, inexpressivo e frio.

Devagar, ela recuou. "Cacete, agora me fodi" -Voltando-se de frente a ele sem perder o contato visual, temia que qualquer movimento brusco ou mera falta de atenção fosse acabar num tiro disparado contra si. Ainda com muita elegância, a mercenária fechou a porta do carro, elogiando no semblante a investida do adversário. "Muito bem, me pegou".

Rápido e prático, ele retirou o pente carregado do revólver, que desceu em sua outra mão, da qual usou para guardar o cartucho de munição no bolso da blusa, falando de nariz empinado, fazendo questão de mostrar estar em total controle do empasse:

BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora