BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O Tempo

14 - Céu Vermelho

Concordaram em seguir o plano de Samuel. Bela passou o restante do dia com os rapazes, para se sentir mais segura. A noite, foram até o cemitério de Harbor procurar pelo túmulo de Ivan, onde seria performado um ritual de invocação.

Enquanto o irmão "inteligente" cuidava dos preparativos, Dean ficaria de prontidão com Bela, o mesmo, portando sua escopeta de cano cerrado recheada com cartuchos de sal grosso. Que artimanha esperta da parte deles, ao invés de ficar jogando sal para repelir espíritos, atirar neles com o condimento era mais que perfeito.

Sob uma lua cheia gigantesca e brilhante no céu até agora limpo, o trio se juntou entre os túmulos de um local visivelmente mal cuidado e cercado por capim seco e alto, alguns montinhos até dando na altura dos joelhos. O medo de algum bicho surgir rastejando entre seus pés, existia. Encontrar o túmulo foi a tarefa fácil, a difícil, era completar a tarefa antes que Bela fosse pega pelas artimanhas do fantasma do Marujo.

A grande maioria dos locais de descanso ali não vinham em lápides convencionais com os mortos enterrados a sete palmos do chão. Grande parte eram mausoléus ou túmulos altos de pedra ou concreto, por conta das inundações que as vezes açoitavam a região em épocas de chuvas fortes, tornando o cemitério em um lago raso por conta dos alagamentos, estes parcialmente causados pelo nível do rio próximo subir absurdamente. O que, sem sepulturas altas, avacalharia no ressurgimento desagradável de cadáveres à superfície. O de Ivan não era diferente. Um retângulo de pedra da altura e tamanho de uma grande mesa, que se estendia com seu nome e datas gravadas numa extremidade. Seguindo a "receita", os dois caçadores tiveram de fazer muita força ao empurrarem a tampa de pedra, expondo o cadáver esquelético e quase inexistente a este ponto, para recuperar-lhe um objeto pessoal. A escolha, foi um cordão que o mesmo tinha posto sobre o que um dia foi um pulso, membro que se desfez em farelos ao retirarem-no. O jeito impessoal até do qual manejavam a situação, mostrava que aquela não era nem de longe a primeira vez que depredavam um túmulo, mas ainda sim, acabaram devolvendo a tampa de volta à posição original com muito respeito.

Sobre a superfície, Sam marcou com carvão um círculo duplo e tão bem desenhado, que ele devia ser o favorito da professora na aula de artes, tamanho o capricho, complementando com um pentagrama igualmente bem feito no meio. Com as velas antes usadas na casa, ele postou uma em cada ponta da estrela e ao lado, fora do círculo, duas tigelas de metal, postas uma em cada extremidade do círculo, onde nelas despejou pó de osso (Também emprestado do defunto) -em pitadas, como se faz com um tempero e por fim, sangue de cordeiro, este que vinha guardado numa garrafinha que um dia foi de molho de pimenta. Esvaziou a mesma equilibrando quase a mesma quantidade nas duas tigelas e então, deixou a garrafinha de lado ainda em pé sobre a superfície de pedra postando o item final, o cordão do capitão, bem no centro do pentagrama. Parece que Bela não é a única com alto grau de conhecimento no ocultismo, e definitivamente não é a única a manter tais objetos e "Ingredientes". Fato que já era de esperar, se os dois são mesmo heróis que cruzam o país num calhambeque salvando donzelas em perigo das mãos de lobos-maus e bruxas, no mínimo, é compreensível que tenham uma "dispensa pessoal" de itens usados em magia.

Dean esperava a coisa começar, sentado sobre um dos túmulos empunhando a arma no ombro, apontada para cima. Sam, portando o mesmo encadernado que ela tinha visto quando pegou o Impala para dar uma voltinha, se afastava do túmulo, preparando-se para começar. Bela vigiava os arredores desconfiada, torcendo para que não visse nada fora do comum. Corujas piavam, como se anunciassem o início do ato. Seus sons, atraíam a atenção da moça nas mais variadas direções, abraçando a si mesma em esperança:

- Você acha mesmo que isso vai funcionar?

- Quase que provavelmente não... -Dean e seu pessimismo.