12 - A Troca

26 4 0
                                    



O segurança os conduziu até o segundo andar, disponibilizando uma sala que, decorada como um escritório, era um intermediário entre antiguidades e uma biblioteca pessoal. Entre tantos enfeites e móveis caros, um sofá cor vinil parecia o local perfeito para despejar "Bela Adormecida", que foi solta brutalmente pelo garoto, mole e se balançando interpretando o desmaio convincente mesmo sob a total brutalidade em despejá-la como lixo.

Ele tomou fôlego após largá-la, fazendo piada na tentativa de quebrar o gelo do sério agente que o aguardava parado na porta, analisando cada um de seus movimentos:

- Acha que ela é um pé no saco agora? Tente viver com ela.

Bela abriu os olhos discretamente ao ouvir o insulto, assistindo em como o sujeito se retirou do recinto sem mais perguntas, com Dean bancando o marido cara de pau que não suporta a esposa.

- Muito obrigado. -Fechou a porta atrás do homem, tornando-se a jovem, que já recobrava sua postura ao sentar-se de pernas cruzadas, quase rindo. Dean não parecia contente: 

- Talvez na próxima vez, me dê um pequeno aviso do seu plano! -Atirou a bolsa a ela, que a pegou num reflexo ágil.

- Eu não queria você pensando. Não é muito bom nisso.

Ele debochou ainda um pouco ofegante, envergonhado e procurando uma forma de rebater, sem resultado. Ela percebeu:

- Oh... Olha só pra você. Procurando uma resposta.

- Vai se ferrar.

- Tão Oscar Wilde.

Sério e incrédulo, deu meia volta partindo em sua missão. Antes de abrir a porta de fato, Bela chamou sua atenção uma última vez:

- Sala 235.

Dean parou, virando-se a ela sentindo-se subestimado. O aviso não acabou:

- Está num mostruário de vidro, com alarme. Tenho certeza de que não será um problema.

-" Tinhi cirtizi di qui nim sirí in priblimi" -Repetiu Dean, abrindo a porta com um "Me erra" estampado, ao se retirar de uma vez só.


Sentindo que talvez tivesse de esperar uma eternidade pelo cabeça de bagre, Bela se levantou ao começar procurar por uma distração na sala. Difícil acreditar que tanta bugiganga pode acabar valendo tanto, não passavam de tralhas com design bonito. Atrás do sofá, havia uma mesa longa e estreita, repleta de itens antiquados.

Sua curiosidade a puxou para perto, mais especificamente, para um dos objetos. Um barco numa garrafa. Não grande, tinha o tamanho aproximado de um cantil de Uísque, talvez um pouco mais largo. Certamente um tamanho bem próximo de uma mão humana. O pegou delicadamente, averiguando se o vidro era frágil. É sempre importante ter um plano B, certo? Foi surpreendida com batidas apressadas na porta. "Ai, caramba!". -Correu dando a volta no sofá, apanhando a bolsa que abriu com agilidade, enfiando a garrafa dentro, largando-a ali mesmo. As batidas continuaram, alguém estava ansioso demais para averiguar a situação da moça bêbada. "O que fazer?" -Pensou rápido, abaixando dos ombros, as alças do vestido, passando a segurá-lo como se fosse despencar de seu corpo, passando a sensação de estar se despindo. Caso soltasse as mãos, a impressão que é ela ficaria completamente nua.

- Senhor? Senhora? Está tudo bem? -Chamou o segurança.

Se apressou curvada até lá, segurando o vestido pelo decote com os braços nus, como quem estava tentando mascarar a nudez, abrindo a porta acoada e parcialmente se escondendo atrás dela, deixando só a cabeça e o ombro descoberto de fora, atendendo com um imenso sorriso envergonhado:

BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora