07 - Com A Mão No Fogo

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Aos treze anos, se esforçava para ter vínculos significativos, criando amizades e relacionamentos fortes, o que normalmente não era difícil para uma garota bonita e de classe alta.

Difícil de acreditar, mas tinha acabado de ir pela primeira vez no cinema sem a companhia dos pais. O filme? Um grande sucesso adolescente de 1996, "The Craft" (Jovens Bruxas). Era puro glamour e sustos com os colegas até que chegou a hora de ir para casa.

A caminhonete estacionou na frente do casarão já a noite. O motorista, era Tommy Branton, de dezesseis anos. Sendo mais velho e estando no colegial, ele fazia parte da turma de rapazes entre o colegial e o fundamental que eram do clube de artes cênicas do colégio. Bela, na época "Abby", de Abernathy Talabot, insistiu para que o rapaz não a trouxesse para casa. Não por ele ter mãos bobas ou más intenções, só não queria que ele soubesse onde morava. O casarão podia intimidar a ele e sua caminhonete enferrujada emprestada do pai, e não gostava que fosse vista por seu suposto "Status" social, até porque isso mais trazia constrangimento entre os colegas da escola pública do que orgulho. Mas ele insistiu no cavalheirismo e cá estavam, com ela cabisbaixa e morrendo de vergonha. Tommy não conseguiu esconder a impressão ao se deparar com o que para ele, seria descrito como uma mansão:

- Uau... Você mora aqui?

- É... -Confirmou, acoada.

- Legal. -Elogiou, medindo a propriedade.

- Ahm, obrigada, Tommy. -Abriu a porta, desejando se retirar o mais rápido o possível, já pondo o pé pra fora.

- Espere! -Lhe agarrou o ombro.

"Oh, não" -Pensou, ao se encostar novamente sobre o banco. "Não queira me beijar, por favor" -Fitou-o com certo medo.

- O que foi?

- Aqui... -Ele esticou o braço em sua direção, o que a fez se acoar até perceber que não era seu corpo que ele iria tocar, mas sim, o porta luvas, do qual abriu agilmente, apontando. - Pode pegar.

Ali dentro, residiam um monte de guloseimas. Balas, barras de chocolate, bombons, pirulitos e bolinhos em embalagens ainda lacradas de plástico.

- Pode ficar à vontade.

- Oh... -Tirou o cabelo da testa, constrangida. - Ok... -Pegou uma barrinha de chocolate "Marble", apenas por ser a mais próxima. Não escolheu muito, de fato nem escolheu. Não tinha o costume de ganhar coisas dos amigos ou colegas, principalmente daqueles dos quais não possuía intimidade.

- Caramba, você também adora Marble?!

- Sim. -Mentiu, ainda que simpática.

- Nossa, é um dos meus favoritos.

Ele claramente buscava por ter algo em comum com Abby, procurando por motivos para convidá-la para sair futuramente. Hoje tinha sido a primeira vez em que os dois de fato conversaram pra valer. Entre vários garotos pretendentes, ele era um dos únicos que aparentemente não tinha medo ou insegurança de mostrar iniciativa, o que a incomodava, não por si mesma, mas pela relação complicada de sua família. Sendo também um jovem três anos mais velho, ela com treze e ele com dezesseis, tornaria tudo ainda mais difícil de engolir. As outras meninas tinham voltado para casa usando transporte público, enquanto Abby já tinha o dinheiro do táxi dado por seus Pais. O que levou a isso foi a saída do cinema, onde as meninas partiram para o ponto de ônibus e na despedida, aconteceu a inevitável pergunta de qual ônibus ela tomaria, respondendo que nenhum passava perto de sua casa. Foi aí, que o heroico Tommy se ofereceu para dar carona, da qual aceitou sob resistência, acabando por não fazer desfeita.

BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora