ALLIANCE, OHIO
Graças a amiga Tamra, Bela entrou em contato com uma espécie de feiticeira em Alliance, desligando-se de todos os contatos, com exceção dos pessoais, para cuidar de suas próprias questões. O perrengue com o Navio Fantasma a colocou em modo de corrida quanto a pendência. Dirigiu sozinha até o estado vizinho, se virando para achar o endereço principalmente perguntando nas paradas para abastecer. As respostas vinham fáceis, os atendentes não hesitavam em indicar direções para a moça bonita, embora precisasse estar atenta a possíveis tarados ou golpistas. E coitados se fossem, nenhum seria páreo para a dama sinônimo de vigarismo.
E que lugarzinho desagradável a mulher se encontrava. Era quase um barraco. Um casebre (tá mais pra chalé) à beira de um laguinho marrom de tão sujo, com janelas tapadas por tábuas e remendos e madeira bloqueando os buracos na parede. Por ela cobrar tão caro, devia pelo menos viver em boas condições. Isto é... Se ela realmente vivesse ali, vai saber. Talvez seja um esconderijo. Até porque, embolsar grana alta do nada e de repente mudar o padrão de vida... Isso só serve pra puxar a polícia atrás de você. Imposto de renda e declaração de imposto perseguem até mais do que fantasmas. Disso, Bela sabia muito bem. O dinheiro sujo de seus ganhos era lavado em gastos fúteis na maioria, nunca pelo cartão de crédito, evitando assim perguntas e possíveis averiguações. Ao menos, ela tinha a fortuna deixada pelos Pais para defender seu estilo de vida, a mulher muito provavelmente não possuía a mesma sorte.
A estrada em si não dava acesso ao casebre, ela teve que adentrar a uma trilha de terra com o porsche afim de seguir as luzes da casinha escondida entre as árvores no bosque, chegando até uma clareira onde a mesma residia. A única coisa ali que remetia a civilização, era uma ponte de madeira bem alta, de longe até parecia um morro, cujo topo era uma incógnita, podendo pertencer a uma ferrovia ou simples acesso de tráfego. Nela, abaixo, se encontrava uma passagem arqueada grande o bastante para passar um caminhão embaixo, onde do outro lado, a estrada de terra parecia prosseguir infinitamente na mata. Só que pelo modo como ela era mal cuidada e velha, ao ponto onde tocá-la ameaçaria derrubá-la, imaginou que nada passava por ali, trem ou carro, há muito tempo. Como única opção de "Abrigo" ou certeza, estacionou o Porsche na entrada do alto e curto túnel ou abertura da tal ponte, decidindo não colocá-lo literalmente embaixo da ponte porque, né... Vai que a maldita se desfaz.
É isso, havia chegado. Viajou o tempo inteiro com a pistola na cintura, retirando-a agora finalmente e pondo-a embaixo do banco. Seria falta de educação entrar armada e passar uma imagem intimidadora para quem estivesse tentando lhe ajudar, não era boa ideia. Em seguida, se esticou até o chão do banco do passageiro, puxando pela alça uma maleta prateada, que deitou no colo antes de abrir a porta para sair, retirando as chaves da ignição no último segundo, quase se esquecendo. Apertou forte o chaveiro, protegendo-o. Ligou o alarme, é claro, e seguiu.
Será que teria de tampar no nariz ao entrar na casinha mais que humilde? Tomara que não, seria de mau gosto e uma ofensa aos residentes. Mesmo se por acaso cheirasse mal, não podia demonstrar. Na caminhada até a casa, foi distraída por um susto causado por um som rasteiro de algo cruzando as redondezas em grande velocidade, embora nada indicasse outro veículo ou animal presente.
- Oi?!... -Parou, desconfiada. Olhando em volta e através das árvores ao sentir-se observada. Nenhum pássaro se manifestou. Olhando para cima, procurou por corujas ou qualquer outro animal que pudesse ser responsabilizado, não encontrando nada além de um galho torto, quase deitado, balançando como se algo pesado estivesse em cima dele há poucos segundos. Antes que a situação piorasse e algum tipo de "Dracula" saltasse da escuridão, apertou o passo. Bela e a mala enfim chegaram até a porta após enfrentar o solo esburacado de terra parcialmente molhada depois de uma tarde de chuva, se é que dá pra chamar aquilo de porta. De fato era uma, de tela, e toda rasgada por sinal. Daria até pra ver o lado de dentro da casa se não fosse uma tábua enorme bloqueando a entrada. Possivelmente uma velha porta de guarda roupa, improvisando um bloqueio. Não sabia se batia ou chamava. Optou pela primeira opção, vai que uma batida derruba a madeira e assusta os moradores?
VOCÊ ESTÁ LENDO
BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O Tempo
HororConheça Bela Talbot, uma caçadora de artefatos mágicos raros, que atua como mercenária no campo do ocultismo. Armada e perigosa. Uma ladra, traiçoeira, egoísta e venenosa. Mas, será mesmo? Graças a tragédias que se abateram em sua vida, Bela descobr...