02 - Promessa É Dívida

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Black Rock, 10:22 AM 

Bateu a porta do carro, o porsche prata, acionando o alarme com o botão no controle entre as chaves, remexendo o ombro afim de ajeitar a bolsa. Duas piscadas das lanternas e beeps agudos altos anunciaram o feito, mas o celular não desgrudou da orelha:

- Tem certeza disso, Mark?

- Claro.

- Devo admitir, não é a melhor das vizinhanças. -Esnobou os arredores de aparência pobre e simples, temia por seu carro que tanto se destacava entre as latas velhas estacionadas ao redor.

- É, nisso eu tenho que concordar. Você vai ficar bem.

- É claro que vou, só não quero precisar estourar os miolos de alguém por isso. -Encarou em desgosto o prédio à frente, de cor amarelo claro porém com manchas escuras na pintura e pedaços nitidamente descascados. Mais parecia um galpão abandonado com janelas, impressionante o fato de realmente ser residencial. Em pensar que há pessoas limitadas a viver nesse tipo de condições.

- Está com tudo aí?

- Totalmente, espere um pouco, vou atravessar a rua.

- Ok.

Vigiou à sua volta com cuidado, esperando pelo último carro passar para ter sua deixa. E depressa, prosseguiu, batucando com o salto no asfalto. Por sorte, não havia se produzido demais para a ocasião. Acostumada a encontrar todo tipo de "arruaceiros" para cuidar do serviço sujo, temia que sua aparência já naturalmente chamativa fosse complicar o trabalho, ainda mais por se tratarem em sua grande maioria de homens, e de homens nojentos. Uma jaqueta marrom de couro sintético e muito preto por baixo traziam um certo ar discreto para suas silhuetas, afim de não desviarem a atenção ou porem ideias erradas nos "oponentes", é de praxe.

Chegando na calçada do outro lado, retornou à ligação:

- Bem, é isso. 203?

- Muito bem.

- Já trabalhou com eles antes?

- Umas duas vezes, eles dão conta do serviço.

- Não era melhor ter avisado os dois? Não gosto de surpresas.

- Alex, você é uma surpresa ambulante.

- Tiros a queima roupa também são e nem por isso gosto deles.

- Está querendo reconsiderar?

- De jeito nenhum. Não dá tempo. Tem certeza que tudo bem se eu simplesmente bater na porta?

- É assim que as pessoas chegam, não é? Batendo na porta.

- Certo... -Respondeu em desgosto. - Ok, vou desligar. Me avise sobre a leitura.

- Não se preocupe, te retorno ainda hoje.

- "Ciao". -Desligou, contemplando o prédio horrendo de cima a baixo, bufando por saber que teria de entrar e respirar o mesmo ar da espelunca.

Um portão de ferro em barras verticais semi-aberto se apresentava na entrada. Credo, logo na entrada já parecia um presídio. Era isso? Só entrar? Olhou bem para o Hall, nem porteiro tinha. Uma bancada para tal se encontrava vazia. "Que se dane". Empurrou o portão que rangeu terrivelmente e entrou, o encostando de volta sem fechar, deixando como o encontrou.


Caminhando pelo Hall, a porta do elevador a aguardava mais a frente, do qual se apressou ao encontro. Apertou o botão bufando de impaciência e decepção. Aproveitando os segundos restantes até o elevador chegar, decidindo por conferir a bolsa uma última vez, vasculhando-a depressa. Aparentemente, tudo ali. Identidades, algemas, sua "Mini-Pistola" como gostava de chamar, carteira e agora o celular, que afundou ali no meio do restante. Um toque agudo anunciou a chegada do elevador e imediatamente, as portas se abriram. Adentrou depressa pressionando o botão "5", esperando chegar ao seu destino ansiosa, com a cabeça erguida almejando que tudo acabasse logo no que as portas se fecharam ao mesmo tempo anunciando o início da "Viagem".

BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora