Nova York ficava excepcionalmente linda na época de natal.
O frio de 0 Cº não segurava todo mundo em casa como era de se esperar. As lojas ofereciam mais filas do que liquidações, e reservas em restaurantes populares explodiam, principalmente quando o menu era temático.
Bela não conseguiu negar o convite de Mark para jantar. Ele já tinha feito planos, conseguido uma folga de três dias após fazer incansáveis horas extras. Seria de muito mau gosto dizer não, ainda mais por ele ter vindo de St. Louis.
A 10th Avenida se transformava de um acumulado de comércios pequenos a um brilho esplêndido. As árvores eram cobertas por luzes douradas, dos troncos aos galhos, iluminando com glamour a calçada. O toque final vinha da mãe natureza, que decora os topos dos galhos e folhas secas com gelo.
Para uma noite tão clara, nada de preto. Era vermelho o sobretudo e brancas as botas de salto, assim como a touca de lã, sutil, guardando o cabelo arrumado e encaracolado nas pontas.
O local escolhido foi o "The Marshall", um restaurante pequeno e modesto, não tão concorrido quanto os enormes e luxuosos do restante de Manhattan. Parecia mais uma lanchonete antiga transformada em local de bom gosto. Cores escuras, muita madeira e atmosfera a meia luz traziam o clima aconchegante. Era um único recinto em formato de amplo corredor, com uma mesa após a outra, todas encostadas na parede. No lado esquerdo, estava o bar, cuja bancada vinha acompanhada de uma fileira de bancos redondos.
Sabia que ele estaria lá, mas estava preparada para vê-lo? Este era o segundo encontro depois de três anos de negócios por telefone e uma única vez em que se viram cara a cara, quando ele tentou beija-la no cinema e foi discretamente rejeitado. Ele tem uma família, irmãos, tias, primos. Como ele se sentiria se soubesse que Bela não tem ninguém com quem passar o natal? Talvez ele já soubesse. Será que foi por isso que se deu ao esforço de vir até aqui?
Assim que entrou e o sino no topo da porta a anunciou, procurou por Mark, sendo alvejada de repente pelos clientes que fingiram não encarar. E lá estava ele, na última mesa encarando o relógio acima do bar, talvez temendo que ela não aparecesse. Tão fofo. Suspirou para tomar coragem, e prosseguiu antes que perguntassem "Em que posso ajudar?".
Retirando a touca e remexendo os cabelos afim de não bagunçá-los, aproximou-se com cautela. O pobre homem nem notou sua presença, distraído.
- Mark?
E que surpresa ele teve. Uma criança que vê o Papai Noel no Shopping Center não esboçava tanta animação, ainda que ele se conteve, sem êxito.
- Alex, por favor, sente-se. -Apontou à cadeira em frente.
- É Bela, esqueceu? -Sorriu, convidativa.
- Ah, sim. Ainda tenho que me acostumar, desculpe.
- Por nada. -Sentou-se sem uma palavra. O que dizer? - A que horas chegou?
- Quase agora. -Tornou a verificar o relógio, 22:00. Dava pra ver que era mentira, o coitado devia estar tão ansioso que poderia ter passado o dia sentado ali guardando lugar.
- Que bom, então não estou atrasada.
- Está com fome?
- Faminta.
Quando ele recolheu o cardápio, abrindo-o de maneira investigativa, Bela prestou atenção, muita atenção. Era óbvio que ele tinha algum sentimento forte por ela, porém, ela não sabia se poderia corresponder. O medo de engatar uma coisa só pra fazer o outro feliz e depois se remoer por isso, era mais forte do que a genuína tentativa de deixar acontecer uma paixão em sua vida. Por isso, prestou muita atenção. Como seria estar com Mark?
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BELA TALBOT - Uma Corrida Contra O Tempo
HorrorConheça Bela Talbot, uma caçadora de artefatos mágicos raros, que atua como mercenária no campo do ocultismo. Armada e perigosa. Uma ladra, traiçoeira, egoísta e venenosa. Mas, será mesmo? Graças a tragédias que se abateram em sua vida, Bela descobr...