Ano de 481
De costas para a parede de madeira, Klaus cochichou enquanto tentava ficar fora de vista, espreitando para que não fossem pegos de surpresa.
-Tem certeza de que é aqui mesmo?
Ele estava ao lado de uma pequena cabana de ferramentas um tanto afastada do centro da fazenda, quase no topo de uma pequena montanha. Sua aparência era tão mesquinha que ele nunca pensaria em procurar por qualquer coisa de valor ali.
- Claro que tenho. – Yan respondeu do outro lado da janela, dentro da cabana. – Não sabe que sou mestre em saber quando uma mulher está mentindo? – O cofre fez um pequeno estalo. – Além do mais, naquele momento ela me diria tudo o que eu quisesse saber.
Klaus fez uma careta mesmo sabendo que Yan não conseguia vê-lo. Por mais que parecesse exagero, Yan podia se gabar disso. Não existia ninguém melhor do que ele quando se tratava de arrancar informações de garotas do interior.
O cofre fez o ultimo estalo e abriu, revelando uma grande pilha de moedas de prata e alguns papeis amarelados dobrados no canto. Provavelmente as escrituras das terras da fazenda. O plano era desaparecerem o mais rápido o possível. Não haveria tempo para negócios. Precisavam de muito dinheiro e rápido. Ignorando os papeis, ele puxou parte da pilha de moedas para dentro de uma bolsa de couro, amarrou e jogou-a pela janela.
-Uh. – Gemeu Klaus após ser atingido nas costas. – Idiota!
Yan gargalhou enquanto terminava de colocar o resto das moedas em outra bolsa idêntica a que jogara no seu parceiro. Seu péssimo senso de humor não o permitiria ir embora sem fazer uma graça. Fechou a porta do cofre com os papeis e três moedas de prata dentro. O preço exato de uma noite no bordel da vila mais próxima. Depois pulou a janela e juntou-se a Klaus.
- Pronto. Agora tudo o que precisamos fazer é sair daqui sem sermos vistos.
Klaus foi o primeiro a se movimentar. Mal se afastara da cabana quando Yan o segurou pela gola da camisa e o puxou para trás, sufocando-o e fazendo com que ele caísse de costas na grama alta.
A vontade de Klaus era de dar um soco na cara do seu amigo pela brincadeira de mal gosto em uma hora como aquela, mas assim que se levantou e encarou o amigo percebeu que ele não estava sorrindo como de costume.
- Parece que vocês fizeram mais do que aproveitar a nossa hospitalidade não é mesmo? – Gritou o velho Landin, dono da fazenda e de grande parte das terras da região enquanto terminava de subir a montanha. Pouco a frente estavam seus filhos, armados e claramente nem um pouco a fim de resolver a situação conversando. O mais novo deles apontava o arco na direção de Klaus.
Ao lado do velho Landin, ajudando-o a caminhar, estava a caçula da família. Seu rosto não emitia qualquer emoção, que nem as mascaras que Yan às vezes trazia para casa depois de participar em alguma peça teatral em troca de moedas. Talvez ela não soubesse o que sentir em meio a toda aquela confusão. Justo! Já que foi ela quem os convidou para passar a noite na fazendo e ainda por cima dormiu com Yan. Para finalizar, contou todos os segredos de sua família, incluindo onde ficava o cofre.
Na verdade, ela fez muito mais do que Klaus em beneficio ao plano. Por conta disso Yan passou a madrugada inteira enquanto subiam a montanha repetindo que deveria dividir o fruto de seu trabalho com ela ao invés do seu amigo.
- Devolvam tudo o que roubaram da minha família agora mesmo e prometo que vocês morrerão rapidamente. - Embora estivesse claramente furioso, o tom de voz do velho Landin era calmo como se estivesse negociando um peixe no mercado.
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Deuses do Além
AdventureKlaus estava prestes a ser morto por um arqueiro misterioso quando uma chuva de laminas afastou o inimigo. Uma figura coberta por um capuz apareceu na entrada do beco, onde antes estava o arqueiro, completamente encharcada pela chuva. Quando olhou n...