Eu estava realmente mal. Quando chegamos de volta em casa, as três da manhã, passei direto para o terraço, que eu havia descoberto um tempinho antes de sairmos.
Era um andar sem teto, apenas uma área sem telhado com grades de proteção; em volta, havia um jardim pequeno, mas era perfeito.
Subi as escadas para lá assim que vi todos entrarem nos respectivos quartos. Tirei meus tênis e os coloquei ao meu lado, enquanto encostei-me a grade e minha cabeça começou a viajar.
Eu não conseguia entender o porquê de estar me sentindo tão deslocado, desprotegido, frágil, vulnerável. Yoongi e eu não éramos mais nada. Nada mesmo. E eu parecia ter voltado a ser aquele garoto de 16 anos com medo de dar o meu primeiro beijo. Meu primeiro selinho havia sido aos 14 anos, mas demorei um pouco mais para dar meu primeiro beijo de verdade. E, por uma brincadeira muito sem graça do destino, Yoongi roubou meu primeiro beijo e eu me odiava por isso.
De todas as minhas experiências, tê-lo como namorado ganhava o prêmio de pior. Ele era ciumento, às vezes me proibia de sair com os meus amigos e brigava comigo quando não atendia ao telefone ao primeiro toque de quando ele ligava. Além disso, não era nem um pouco gentil, dizia palavras duras para mim quase sempre, e eu não tinha liberdade para me abrir com ele.
"Por que você ainda continua namorando esse idiota?" lembro-me de ouvir Jimin me perguntar toda vez que não saiamos juntos por causa dele. Nunca respondi, pois eu não sabia. Meu consciente, porém, sabia que era por medo. Medo do que ele poderia fazer.
Lágrimas totalmente indesejadas começaram a escorrer pelos meus olhos; por mais que eu tentasse evita-las, não conseguia faze-las parar. Prometi a mim mesmo que nunca iria chorar por causa do Yoongi. Falhei comigo mesmo.
De repente alguém pôs as mãos na grade, ficando com os braços ao redor de mim. Sabia de quem eles eram. Aquele cheiro de perfume masculino que eu nunca tinha sentido antes, e agora era um dos meus favoritos. Era inevitável não continuar chorando.
— Para de chorar, por favor. — A voz rouca de Taehyung saiu baixinha ao pé do meu ouvido. — Grita comigo, me bate, me xinga, joga meu celular daqui de cima... Mas, por favor, para de chorar.
Eu não parei. — Por que eu deveria? — Perguntei com a voz fanhosa e falha em meio ao choro.
— Porque um rosto bonito jamais deve estar coberto por lágrimas. E, acredite, o seu rosto é um dos mais lindos que já vi.
— Por que você está fazendo isso? — Eu me virei de frente para ele.
— Porque, por mais que não goste muito de você, sou seu amigo, por mais inacreditável que pareça. E não gosto de ver pessoas importantes chorando.
Sem pensar, eu o abracei forte, e me senti tão seguro que poderia morar naquele abraço para sempre. Ele me apertou contra o peito e escutei as batidas de seu coração ritmadas, um som que eu poderia ouvir para sempre. Uma de suas mãos começou a acariciar meus cabelos.
De repente, ele me afastou um pouco e levantou meu rosto, de modo que meus olhos encararam a aglomeração de estrelas que estava sobre nós.
— Está vendo aquela estrela ali? — ele começou apontando para uma estrela extremamente brilhante, a mais afastada. — Eu a vi na casa do meu avô no interior de Daegu umas duas vezes, aos meus 15 anos. Minha avó me contou que essa estrela só aparecia para trazer esperança, em momentos especiais e únicos na vida da gente. E a última coisa que ela me disse antes de falecer foi: "Estarei sempre com você, observando-o". E ela realmente estava. A estrela apareceu pela primeira vez na primeira noite que passamos sem ela. No ano passando, minha tia estava gravida de sete meses... — Ele deu uma pausa e vi que seus olhos começaram a marejar. — Ela quase perdeu o bebe três vezes. Já estava sem esperanças. Mas minha prima nasceu. E foi a segunda vez em que aquela estrela apareceu.
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O lado estranho do amor; taekook ©
Random[em correção] - Kookie, você ainda não notou? - ela despejou tudo de uma vez com os olhos cravados nos meus. - Notei o que? - perguntei sem entender. - Que o Taehyung está apaixonado por você! Taekook | Romance | LongFic