nove

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Acordei sentindo uma respiração na minha nuca. E então eu lembrei: Taehyung dormiu aqui.

Olhei para ele, que tinha aquela costumeira expressão de anjo, típica quando estamos dormindo. Ah, não, não, não. A princesinha ia acordar de qualquer jeito. Fiquei de joelhos sobre ele e gritei.

— BOM DIA, AMIGO!

Sem querer, ele bateu a testa na minha e eu cai na cama ao lado dele. Começamos a rir como dois retardados (algo que nos realmente somos).

— Bom dia pra você. Começou me machucando, então acho que esta feliz! — Ele falou com a mão na cabeça.

Fiz uma massagem na minha testa e comecei a rir novamente.

— Sabia que você ronca? — Comentei.

— Dormir com você é bom. Parece que nem esta na cama. — Ele falou virando de frente para mim.

— Não posso dizer o mesmo de você! Você ronca. Ressona, na verdade, ocupa noventa por cento do espaço na cama, mexe mais que o normal, chuta e fica se jogando em cima de mim no meio da noite. — Terminei e virei-me de frente para ele.

Levantei da cama em direção a minha mala e peguei uma roupa de academia e um tênis.

— O senhor vai pra onde? — Tae perguntou, levantando-se.

— Vou correr na trilha e tomar um banho de cachoeira depois.

Tomei um banho e me troquei no banheiro mesmo. Encontrei o Tae ainda deitado na cama.

— Vai voltar a dormir, princesa? — Perguntei calçando o tênis.

— Eu acho que sim. Você me acordou meio que forçado...

— Meio? — Levantei e coloquei o meu relógio no pulso. — Totalmente.

Sai do quarto e fui para a cozinha. Comi uma maçã, coloquei os fontes no ouvido com a música bem alta e comecei a correr em direção à trilha.

Fui pensando nessa minha relação extremamente esquisita com o Tae. Tipo assim... eu odeio o cara! Ao menos achava que sim... mas ele andava sendo tão legal aqueles dias.

— GAROTO! ACORDA! É O TAEHYUNG! O GALINHA DESTRUIDOR DE LIVROS! — Gritei para mim mesmo.

O jeito que o meu coração bateu rápido quando ele me beijou... isso nunca tinha acontecido. Sim, isso já havia acontecido, mas não dessa forma. Meu coração batucara de uma maneira que me fez congelar. E não! Isso não era nada bom. Eu não gostei disso.

Talvez eu até tenha gostado do beijo... mas pouco! Não posso negar que ele sabe como dar um beijo. Foi isso! O beijo. Nada de mais. Afinal... eu não sou nem um puto pra sair beijando setecentos caras numa noite. Então é ÓBVIO que esse maldito beijo me deixou mexido que nem um ovo, conclui em pensamento.

Depois de correr quatro quilômetros cronometrados, peguei o caminho que me levaria até a cachoeira. Tirei a blusa, o short e o tênis. Saltei e mergulhei naquela infinidade de água gelada.

Minutos depois, quando já estava fora d'água, escutei uma voz conhecida.

— Jeon! Casa comigo? — Jimin correu e me abraçou.

—Todo mundo quer casar comigo agora? — Eu ri.

— Idiota. Queria lhe agradecer por ontem. Foi tudo muito perfeito! — Ele falou.

— Não fiz mais que a minha obrigação de melhor amigo! — Peguei meus pertences, que estavam sobre uma pedra. — Mas não agradeça só a mim, viu? Taehyung também ajudou e muito mais do que eu esperava! Ele não é assim tão imprestável como eu jurava que era.

Pegamos o caminho de volto para casa e subi ao meu quarto com uma vontade louca de tomar banho.

Taehyung ainda estava morto na cama, totalmente esparramado para o lado onde eu havia dormido a noite e estava abraçado ao meu travesseiro. Soltei uma leve risada, peguei uma roupa, tranquei a porta do banheiro e entrei no chuveiro.

Quando terminei de me arrumar, desci as escadas e encontrei todos tomando café da manhã.

— Hoje a gente vai sair. — Jennie falou, servindo leite em uma caneca para mim.

— Pra onde, exatamente? — perguntei curioso.

— Vamos a uma festa aqui num barzinho. Vai muita gente do colégio de vocês, se duvidarem, até gente conhecida...

Depois do café, Tae e Hoseok combinaram unas partidas de baralho em dupla, o que eu sabia que não ia dar certo. Hoseok e eu na mesma equipe... basicamente, somos uma trapaça, e separados ficamos parecendo dois macacos brigando por uma banana.

Jin, Namjoon, Hoseok e Jimin voaram em cima de mim e agarraram me braço.

— Eu queria ter clones, galera! Mas não dá.

Eles riram.

— E como hoje estou um pouco competitivo demais e muito a fim de ganhar, Hobi, você é o escolhido.

Então começou uma discussão feia por conta de uma coisa: Hobi e eu no mesmo time é o mesmo que fazer um jogo perdido para os adversários. Nós dois rimos e os ignoramos.

Separei as cartas e logo começamos a jogar. Hoseok e eu mandávamos olhares um ao outro. Costumávamos nos entender assim; desde a infância, sempre foi assim. E também trocávamos algumas palavras em nosso francês muito basicão, o que os outros não entendiam absolutamente nada.

— Vocês já estão jogando juntos, mas estão abusando com esse francês. O próximo que falar outra idioma vai fazer alguma coisa que eu ainda não decidi o que é! — Taehyung berrou segurando meu rosto com as mãos para que eu não olhasse ou falasse com Hoseok.

Ele começou a apertaram minha bochecha.

— Aí! Idiota! Que diabos você está fazendo? — Reclamei enquanto ele e os outros começaram a rir.

— Sei lá. Você fica melhor quando não está falando nada.

Eu o encarei com uma expressão maldosa. Uma rodada depois, eu e Hobi havíamos ganhado.

— Estão me ouvindo bem os dois? Vocês nunca mais jogarão juntos! — Jimin vociferou.

O resto do dia se resumiu a basicamente uma coisa: jogos. Além de baralho, tínhamos jogado sinuca, pique-ponque, pôquer, banco imobiliário, UNO...

Foi quando me esqueci dos problemas. Esquecendo, consequentemente, um sorriso sacana que estava desenvolvendo a habilidade de mexer comigo.

O lado estranho do amor; taekook ©Onde histórias criam vida. Descubra agora