O lado estranho do amor; taekook ©

《17》

"Alles ist schwer bevor es leicht ist."
Thomas Fuller.

Trad.: Tudo é difícil antes que seja fácil.

《💜》

Lá estava eu, pela segunda vez, tentando aprender a andar de skate. Estávamos na casa de serra do Taehyung. Os pais dele resolveram ir ate lá pra passar o fim de semana, e ele me chamou para ir junto.

Coloquei minha mala em um quarto; ele foi para outro, pois era a condição do meu pai. Iriamos para a piscina, mesmo que já estivesse um pouco frio.

-Tenho que mostrar uma coisa antes, Kookie. Desfaz essa cara de preocupação que não é nada serio. Acho que você vai gostar muito, de verdade. -Tae avisou pegando em minha mão enquanto subíamos as escadas da casa.

Reconheci aquele caminho; estávamos indo para o terraço. Ele pôs as mãos em meus olhos e me guiou escada acima. Quando paramos de andar, as mãos dele destaparam meus olhos, revelando diversas flores: rosas e orquídeas. Taehy havia me levado a uma estufa, das mais bonitas, que só poderiam ter sido cuidadas por ninguém menos que Jennie.

-Meu deus, Tae! Isso aqui está perfeito! -Exclamei encantado.

-Sabia que ia gostar. A ideia de uma estufa foi minha. Esse terraço é realmente importante na nossa história, e eu fiz questão de fazer dele um lugar único. -Ele acaricou meu rosto enquanto falava.

-Onde está meu grosso insensível? -Perguntei beijando-o.

-Foi embora quando meu namorado apareceu. Gosta desse novo Taehyung, Kookie?

-Eu amo esse novo Taehyung, mas não diz pra ele...

-Ah... ele sabe disso! -Ele sorriu e me pôs sentado no parapeito da janela da estufa.

-Está preocupado com alguma coisa, amor, não está? -Questionei quando senti seus lábios em meu pescoço, o que me arrepiou inteiro.

-Por que acha isso, lindo? -Ele quis saber.

-Sua expressão está rígida, e seus ombros também. E suas mãos estão me apertando.

-Sobre minha expressão e meus ombros, você está certa. Sobre as mãos, é que você tem pernas realmente lindas.

Eu corei.

-Sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? -Falei segurando seu rosto com as mãos.

-É que... É só meio complicado de falar. Eu tenho medo de contar. -Ele confessou cabisbaixo.

-Se você estiver prestes a terminar comigo ou dizer que me traiu, é bom que tenha medo mesmo, pois vou arrancar com um bisturi o seu amiguinho! -Disse exaltado.

-Calma, meu amor! Não é nada disso. É algo meu, bem complicado. É sobre as minhas notas.

-Tae, se isso é sobre as notas baixas, não tem problema, a gente estuda mais, chama um professor particular. Eu posso continuar ensinando você... a gente vai conseguir resolver isso. -Consolei-o.

Já fazia um tempinho que as notas do Tae vinham caindo, e nenhuma melhora. Sempre estudávamos mais, assistíamos a aulas on-line... mas nada ajuda.

-Não, amor... é mais complicado que isso. Existe um nome cientifico para as minhas notas baixas.

Uma lagrima caiu de seu rosto enquanto as palavras saiam. -Eu tenho défice de atenção. Minha mãe me levou num psicólogo semana passada, e esse foi o diagnostico que ele deu: DDA.

Apenas o abracei forte e deixei que ele chorasse em meu ombro.

-A gente vai dar um jeito, amor. Vamos resolver isso, ok? -Foi o que consegui dizer depois dessa confissão.

-Eu sinto vergonha. Você é a pessoa mais inteligente que conheci, terceiro melhor aluno da turma. E eu sou um dos piores! -Tae estava abalado.

-Você tem um problema, e eu vejo o quanto se esforça para conseguir uma nota boa, que eu sei que não vai demorar a chegar. As pessoas tem o que merecem.

-Então, uma coisa é certa, eu não o mereço. -Ele me beijou.

-Você acaba de errar a questão. Somos o encaixe certo um do outro. Não entende isso? -Senti um pouco de raiva da bobagem que acabei de ouvir. Então, continuei: -Eu também tenho uma confissão a fazer.

-Jungkook, você não esta gravido, não é? Porque além de ser impossível, a Lisa ia arrancar meu...

Eu o interrompi antes de ouvir uma besteira das grandes que não queria:

-Cala a boca. Não é isso... tive umas recaídas no mês passado.

Dito isso, ele direcionou seu olhar aos meus pulsos e viu as marcas, quase sarando.

-Deus! Como não vi isso? Meu amor... podia ter me contado! Você me prometeu que jamais faria isso outra vez! -Beijou as minhas mãos.

-A culpa não foi sua. Um pouco de corretivo sempre ajuda quem pede. E você, como eu desejava, não reparou. Mas minha mãe me pegou cobrindo as marcas, e ligou pra minha psicóloga. Dra. Park disse que eu precisava ir num psiquiatra, pois estava num auge de felicidade, e não havia fundamento, então, para a automatização.

-E é mesmo. Por que não me contou? Não estou conseguindo fazer você feliz, não é? -Taehyung derramou algumas lágrimas, porém não tanto quanto eu.

-Muito pelo contrário. Essa semana você foi minha salvação. Eu parei de me cortar por causa de você, mas nosso amor não foi suficiente para me acalmar... o Suneung* tá chegando...

-Conheço você o suficiente pra saber que está subestimando a própria inteligência. -Ele retrucou.

Recuperei o fôlego depois do choro e voltei a relatar:

-Sabe por que você não notou que eu estava mal nesses dias? Porque eu estou tomando remédios, amor. Antidepressivos, pra ser mais exato. Se quiser terminar comigo não tem problema.

-Por que diabos eu terminaria com você, Jeon Jungkook? -A voz dele estava irritada.

-Por me achar um louco, talvez? -Mencionei.

-Louco? O único louco sou eu. Por amar você desse jeito, incapaz de vê-lo sofrer, nem que seja um pouquinho. Você não entende? Espero nunca terminar com você. Quero casar com você, Jungkook! Eu te amo, seu idiota!

Nós dois rimos. Não perdíamos o costume de zingarmos um ao outro. Nós éramos um casal estranho, eu admito.

-Receber ajuda é a prova de que você é um guerreiro, que não tem vergonha de falhar, cair, fraquejar. Sempre pode contar comigo, anjo.

-Parece que este terraço é o nosso point para conversas deprês. -Ele brincou.

É por isso que eu o amo tanto. Faz graça em momentos difíceis, sempre mantendo o sorriso no rosto.

-Você é idiota, viu! Meu idiota...

《💜》

*Suneung - uma abreviação de Teste de Habilidade Escolar em coreano -, não dita apenas se estudantes irão à universidade, mas pode afetar suas perspectivas de emprego, salário, onde vão viver e seus futuros relacionamentos.