CAPÍTULO 1

433 37 305
                                    

Com o rosto quase colado no espelho, Lana estava debruçada contra a pia, uma mão mantinha as pálpebras abertas e a outra segurava uma lente de contado com íris castanhas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Com o rosto quase colado no espelho, Lana estava debruçada contra a pia, uma mão mantinha as pálpebras abertas e a outra segurava uma lente de contado com íris castanhas. Normalmente era fácil colocar a lente, principalmente depois de seis anos usando, mas naquele dia, particularmente, estava sendo um desafio.

Lana suspirou, olhando seu reflexo atentamente.

Quando olhavam para ela, as pessoas não notavam seus lindos cabelos loiros como o dia, sua expressão angelical ou as adoráveis bochechas em seu rosto. Nem a expressão inocente, ou seu sorriso, muito menos a pinta que tinha na pálpebra esquerda. A primeira coisa que viam e fazia seus rostos serem tomados pela surpresa eram seus olhos.

Um de cada cor.

Um castanho bem escuro. O outro, num tom mel bem claro e quase dourado, como Allen costumava dizer.

Heterocromia.

Uma mutação genética presente em menos de um porcento das pessoas do mundo, algo tinha dado errado num gene com nome muito estranho, e voilá!

Era um defeito. E Lana não gostava.

Já disseram que ela parecia uma ciborgue, bruxa e doida. Quando tinha idade suficiente, ela estava cansada das pessoas encarando-a na rua e seus coleguinhas implicando, então resolveu usar uma lente que corrigisse o erro irritante em si. Assim que colocasse a lente, ela pareceria normal.

Seria normal.

Teria os olhos castanhos como seus irmãos. Seis irmãos.

Lana se apoiou na pia novamente, chegando mais perto do espelho e disposta a colocar a droga da lente na droga do seu olho.

— Você sabe o que eu acho.

Lana desviou os olhos do espelho para a voz que ecoou pelo banheiro, distraindo sua concentração que demorou um bom tempo para recolher. Ele estava apoiado na porta, olhando-a com olhos céticos. Louis. Seu gêmeo. Que ironicamente tinha cabelos negros como a noite e olhos verdes irritantemente sugestivos. Era quietinho e gostava de ciências. Não tinha muito tato e nem paciência.

Louis era a lua, Lana, o sol. E por isso se davam tão bem.

— É, eu sei — Ela resmungou, voltando a se concentrar. — Mas você vai me lembrar.

Ela estava certa, ele ia.

— Não devia usar essa coisa, seus olhos são lindos.

Lana finalmente conseguiu colocar a lente e piscou os olhos para ajeita-la e olhou seu reflexo. Pronto. Agora parecia uma pessoa normal. Não um ciborgue. Ela o ignorou e beijou sua bochecha ao sair do banheiro.

Ela se sentou de frente para a penteadeira, escolhendo um dos batons em sua gaveta e se esforçou para sorrir e esquecer os pensamentos no banheiro, aquele não era um bom jeito de começar o dia. Se escondendo. Mas era o que ela fazia todo dia, mesmo quando não ia sair de casa. Não que algum de seus irmãos ligasse, mas ela ligava.

Ascensão: ExtraordináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora