— Pai?
Jovy Stewerson levantou os olhos para o filho. Carl acordou no meio da noite, com sede e desceu as escadas, não esperando o pai estar na cozinha uma hora dessas. Mas ele estava lá, colocando o colete no peito e ajeitando o coldre cheio de armas uma hora da manhã.
— Oi, filho.
— Onde você vai? — Carl estranhou. O pai trabalhava quase vinte horas por dia, trezentos e cinquenta e oito dias por ano, mas ele tinha uma regra sagrada: nunca trabalhar nos aniversários dos filhos. Não que fosse uma compensação boa para nunca estar em casa, mas ele seguia isso como um dogma, mas naquele dia que se seguiria era aniversário de Louis e Lana, e ele não parecia ter a pretensão de ficar em casa.
— Vou ter que ir para Nova York. Surgiu um assunto de extrema importância.
— Mas-
— Eu sei — suspirou, indo até o filho e segurou seus ombros. — Ser pai ás vezes é decepcionar os filhos. Não posso ficar hoje. Você entende?
Hoje em dia Carl entendia muito bem. Mas não naquele dia. Ele não entendia mesmo. Estava cansado de ser compreensivo. Mas assentiu.
— Mas se algo acontecer, cuide deles, Carl. Cuide dela. Lana é extraordinária. — Agora ele olhou no fundo dos olhos de Carl. — Mas ela não pode saber disso até ter seu dom. Promete?
Ele não sabia porque o pai estava falando daquele jeito, como se soubesse que fosse morrer, mas ele prometeu e o abraçou. O pai fez os olhos ficarem roxos, um cumprimento típico dominer e ele sorriu.
— Volto em algumas horas.
Jovy Stewerson morreu naquela noite e nunca mais voltou para casa.
Carl levantou os olhos das mãos e os colocou em Ethan, que contava os acontecimentos da noite e o fato de que ninguém atacou ele e Allen, eles conseguiram roubar uma moto e ficaram esperando por duas horas no ponto de encontro. Chris então contou tudo que aconteceu com eles, as palavras de Lorelay ainda ecoavam na cabeça dos que estavam lá.
"Eu quero a garota. Zhao quer a garota."
O caminho até a base demorou. Nenhum deles conversou no caminho, abalados demais para tal. Era isso. O fim de uma era e o começo de um futuro que prometia ser assustador. Tantas perguntas, poucas respostas e muitos sentimentos ruins.
Mas pelo menos ainda estavam juntos.
— Por que eles querem ela? — Louis perguntou, verbalizando o que todos pensavam.
— Não sabemos com certeza. — Arlo disse.
Arlo era um homem velho, com cabelos bem brancos, sentado numa cadeira de rodas. Nenhum deles já havia visto-o sem seu habitual terno, ele dizia que um homem britânico de respeito tinha sempre que manter a classe, mas todos eles sabiam que ele era apenas um velho de trezentos e setenta anos de idade e estava acostumado a se vestir como um.
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Ascensão: Extraordinária
Science-FictionLana Stewerson sempre foi cercada de fatos curiosos: uma série de desgraças que acometeram sua vida desde que nasceu, um par de olhos de cores diferentes e seis irmãos: homens, barulhentos e super protetores. Apesar disso, sua vida era tranquila e f...