Prólogo

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O homem observou as gotas escarlates caindo até o chão sem expressão

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O homem observou as gotas escarlates caindo até o chão sem expressão. Não precisou de muito para perceber que iria morrer, que estava tudo acabado e nunca mais sairia do galpão velho em que se encontrava. Essa perspectiva, no entanto, não parecia incomodá-lo como deveria. Talvez fosse o torpor que se apossou de seu corpo após uma bela batida na cabeça que fazia sangue jorrar de sua têmpora e cair em gotas no chão. Eles tinham batido com muita força. Sempre batiam.

Contar quantas gotas caíam era uma distração do irritante barulho de saltos altos batendo no chão cadenciadamente, como um relógio de pêndulo. Mas aquele relógio era o que contava sua morte, ele sabia quem era a mulher e seus longos cabelos loiros. Todos reconheceriam uma Cavaleira do Apocalipse. Ele só não sabia qual apocalipse ela trazia em suas mãos, e isso sim o assustava. Não seria rápido.

Você tem uma vida tão medíocre. Com um poder como o seu, poderia conquistar altos privilégios conosco. – Sua voz ecoou, até doce para sua aparência mortal com o símbolo dourado da Supremacia. O nome em seu peito brilhava com as mesmas cores. Lorelay Rhyster. Ele não respondeu. Talvez a mandasse pro inferno, ou explicasse gentilmente que ele não curtia entregar pessoas para a morte - que no caso era ela - mas ele não tinha coragem para tal. – Se você não é burro, sabe que preciso encontrar alguém particularmente difícil de encontrar. E se é inteligente, vai me dizer.

— Não vou – murmurou, sem olhar para ela. Foram as únicas palavras que saíram de sua garganta além das perguntas assustadas quando ele acordou, em completo pânico, com um saco preto na cabeça.

Lorelay fez um biquinho dramático e falso, parando os passos em seus saltos quinze.

É o que todos dizem.

Sem aviso prévio, ela agarrou sua mandíbula com força, os dedos nus instantaneamente provocando a sensação mais aterrorizante que ele já experienciou na vida. Suas veias saltaram, destacadas pela pele nua, o homem sentiu cada parte de si começar a morrer.

E, de repente, ele sabia qual Cavaleiro do Apocalipse ela era.

Morte.

Um grito de dor irrompeu do fundo de sua garganta e ecoou pelo galpão vazio à medida que suas células pegavam fogo, o sangue borbulhava em seu corpo e começou a escorrer de seu nariz até a barba ruiva e então até o chão. Lorelay não demonstrou remorso, mas também não tinha o prazer esperado em seu rosto. Ela estava entediada. Gostava de mentes fortes, as quais ela podia ver se perdendo na loucura da dor, e aquele não demorou muito a desistir. Mas quem poderia culpá-lo?

— Eu faço! Eu faço, eu faço! Eu faço qualquer coisa!

Pronto. Ela suspirou, largando-o. O homem ofegou, suando, e as veias em si voltavam lentamente ao normal. O sentimento de ser queimado de dentro pra fora foi diminuíndo, mas aquele vazio de morte permanecia. E ela continuava entediada. Gostava de sentir a vida se esvaindo da presa e passando para si, o que não aconteceu.

— Quem você quer? — O homem murmurou, com lágrimas nos olhos.

Ela sorriu.

Lana Stewerson.

— Preciso de mais alguma coisa que... ­— antes de ele terminar, a mulher estendeu um smartphone com capinha cor de rosa que tinha a tela rachada. As cordas que o amarravam foram soltas, mas o pensamento de tentar fugir nem passou por sua cabeça, talvez pelo carrancudo homem que o ameaçava silenciosamente.

Cheio de culpa, os olhos do homem ficaram completamente dourados assim que suas mãos tocaram a superfície do aparelho. Ele ergueu a cabeça, usando suas últimas energias. Minutos se passaram enquanto sua mente vagava pela cidade, procurando vestígios de quem Lorelay queria. Ele viu seus cabelos loiros, viu seus olhos únicos, um de cada cor, o rastro fresco e revigorante que ela deixava quando passava. Por fim seus olhos se abriram, suspirando. Uma menina. De dezesseis anos. Que ele tinha acabado de matar.

Encontrei.

— Esplêndido. – Ela se virou, fazendo sinal pros outros homens de preto sem armas que assistiam a cena. – Vamos fazer uma visitinha aos meus velhos amigos Stewersons.

Seus saltos ecoaram pelo lugar, e o homem sabia que eram sua sentença de morte.

Seus saltos ecoaram pelo lugar, e o homem sabia que eram sua sentença de morte

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Ascensão: ExtraordináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora