╭✿ Capítulo 32

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Eu estava nervosa, minhas mãos suavam, meus pés descontrolados batucavam no chão, meus olhos corriam para meus cabelos sobre os ombros, para minha roupa ainda da festa recente, para os meus pés e finalmente para meus pais sentados a minha frente. Eu finalmente tomo a coragem que preciso e os encaro bem fundo nos olhos, nós três sentimos a pressão chegando e o que está por vir, mas apenas ficamos ali, até que eu resolvo abrir a boca. O que tem que ser dito será, com ou sem resposta:

- Então... Pai, mãe, o que está acontecendo? Os dias aqui em casa tem sido um tanto... - Procuro as palavras certas para se dizer. - Estranhas, confusas e de certa forma sinto que vocês tem escondido algo de mim e eu estou bastante chateada com vocês por isso. Uma família compartilha dos bons e maus momentos, uma família não esconde o que sente, não esconde o passado, nem o que planeja para o futuro. Por favor, sejam família e me falem o que está acontecendo. - Eles rapidamente se entreolham e desviam o olhar de mim com a mesma rapidez. Eles continuam em silêncio, eu então levanto do sofá já impaciente com os minutos de silêncio deles, com toda aquela situação e também porque minha bunda estava doendo de ficar sentada. - É SÉRIO? - Questiono já alterada. - Vocês podem falar alguma coisa pelo menos? Vocês podem por favor me falar a verdade? - Eles continuam quietos. Eu me ajoelho na frente deles, os encaro e depois dirijo meu olhar a minha mãe e suplico de novo, como um sussurro. - Por favor mãe.

Minha mãe simplesmente abaixa a cabeça, põe as mãos no rosto e em silêncio começa a chorar, assim como meu pai. Nesse momento meu irmão entra em casa rindo de algo que leu no celular, seu sorriso morre no exato momento que vê a nós três nessa situação, ele imediatamente se aproxima e pergunta:

- O que está acontecendo? - A feição dele é preocupada, mas eu estou pouco me ferrando para o que ele está sentindo nesse momento, ele também está mentindo para mim.

- Eu não sei, mas parece que todo mundo já sabe. - Digo por fim. Eu não aguento mais, eu apenas me levanto e subo para o meu quarto, batendo e trancando a porta atrás de mim.

Lágrimas involuntárias caem sem que eu consiga as conter, meu choro cai junto com gritos, socos na cadeira e coisas quebradas. Eu sinto raiva, sinto tristeza, eu me sinto tão enganada, eu estou sentindo tanto, que quero partir meu coração para a dor simplesmente sumir. As pessoas dizem que ser adolescente é fácil, que só tem que estudar e parar de reclamar, mas essas pessoas não sabem a droga das coisas que um adolescente tem que passar, eu passei tantos momentos da minha vida na minha, foi tão difícil eu me abrir com alguém, a timidez me fechou muitas portas, agora meus pais tem mentido pra mim, meu irmão, uma das pessoas que mais amo no mundo tem mentido pra mim, eu tenho que lidar com física na escola, tenho que lidar com pessoas que não gostam de mim, eu tenho que lidar com gente falando que eu não sou boa o suficiente para o Thomas e parte de mim se questiona sobre quem eu sou e como sou, se ser adolescente é isso, eu não gostei! Eu não digo isso como se não existisse a parte boa da vida, é claro que tem, só que agora, neste momento eu só quero ver a parte ruim e chorar e dormir e descobrir a verdade que eu mereço.

Eu acordo com batidas estrondosas na porta, mas não me dou ao trabalho de levantar, minhas pernas no momento são varetas, não tem vida, nem movimentos. As batidas continuam e eu apenas continuo a ignorá-las:

- Katherine abre essa porta. - A voz grossa de meu irmão ecoa por todo o quarto, alta e firme.

- Vai embora.

- ABRE AGORA, para de agir feito uma criança que você não é. - Eu levanto da cama em um solavanco e falo no mesmo tom que o seu.

- VOCÊ REALMENTE QUER FALAR DE QUEM ESTÁ AGINDO FEITO CRIANÇA? Eu acho que não! Agora sai da porta do meu quarto. - Eu o escuto dar um forte suspiro.

Será AMOR? | (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora