— Você está bem? — Pergunta Thomas. Estamos perto demais, tão perto que consigo sentir seu hálito quente e refrescante, parecido com balas de mentas.
O mesmo me analisa com um olhar profundo, como se pudesse me desvendar com o oceano que carrega nos olhos e eu não sei exatamente o porquê, mas eu estremeço sob seus braços. Thomas começa a se aproximar devagarzinho, a centímetros de me beijar. Quando sinto seu nariz tocando levemente a ponta do meu, acordo, como se estivesse saindo de um transe e chuto o lugar que melhor poderia atingi-lo... e bem, o lugar onde mais doeria.
Ele cai no chão com o impacto e a dor, rolando sob a lama.
— Qual o seu... — Ele interrompe a fala e solta um gemido de dor. — Qual o seu problema... garota?
— Nunca mais tente me beijar e estamos quites. E caso você tente outra gracinha, juro que te mato. — Berro, já alterada. Mas logo fico quieta ao notar que ele ainda se contorce no chão, acho que dei um chute com mais força do que realmente pretendia. — Está doendo muito? — Mordo o lábio, um pouco mais cautelosa. Sabendo que posso ter causado uma lesão para o resto da vida.
— Você já levou um chute no saco? — Questiona, tentando se levantar.
— Não, mas já dei muitos. — Assumo. Quando finalmente ele consegue se levantar, eu vejo que está um pouco pálido, talvez.
— Kathe, não tentei te beijar. — Exclama, com a voz falha, me dando as costas, caminhando de volta à escola, mancando.
— Ah, não? Chama aquilo de quê? Viu que eu ia cair, que estava encharcada e precisava de uma respiração boca a boca? — Retruco, o alcançando na caminhada.
— Você é muito idiota. Estava tentando te ajudar sua louca.
— Obrigada pela ajuda, mas eu não precisava de você. É preferível cair na lama, do que manter por um mísero segundo uma conversa com você!
— Perfeito! Obrigada também por me chutar e saiba, encrenca, — ele começa, parando de caminhar e se aproximando de mim, com os lábios em minha orelha e a respiração em meu pescoço. — Se um dia eu tiver que fazer uma falectomia, saiba que a culpa será toda sua.
Engulo em seco, não me importando se ele ia perder o pênis ou não, na verdade, seria um favor para a humanidade. Assim que entramos, Thomas pega sua bolsa, que estava jogada no corredor, tirando lá de dentro um moletom preto e me estendendo.
— Toma, vai te aquecer. E cuidado por onde anda, Kathezinha, ou melhor, por onde chuta. — Antes que pudesse contestá-lo ou talvez... até agradecê-lo, o mesmo beija rapidamente minha bochecha, indo ao encontro dos sem cérebros, chamados "jogadores de futebol".
Vou direto para o vestuário, quando Thomas se afasta. Tiro minha blusa e coloco a dele. Fica um pouco grande demais em mim e involuntariamente abro um sorriso que não sei de onde veio. O moletom dele cheira a flores do campo, é gostoso. Em um único gesto balanço a cabeça, afastando qualquer pensamento ou cheiro, que posso vir dele.
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Será AMOR? | (EM REVISÃO)
RomanceTudo acontece tão de repente, assim como para Katherine Mavis, uma garota um pouco imperativa, nascida em uma pequena cidade, chamada Porto Estrela, pouco conhecida e movimentada. Uma garota que nem sabia o que era amor direito, nem sabia o impacto...