╭✿ Capítulo 37

491 87 26
                                    

Paz e tormento

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Paz e tormento.

Uma linha tênue paira entre ambos, podemos estar cheios, cheios de certeza, calmaria e até mesmo amor, mas se algo pequeno, feito um grão de arroz se instala em nossas memórias, sentimentos e porquês, isso se vai, permanentemente ou não, mas se vai, com a mesma rapidez e intensidade que chegou até nós.

Não odeio meus pais, acho que nunca poderia fazer tal coisa, é impossível deixar de amar pessoas que sempre estiveram com você e se instalaram, de alguma forma, na resposta para tudo que você realizava, podemos até mesmo deixar de gostar, mas não de amar. Bem, acho que nem ao menos deixar de gostar de ambos eu conseguiria, o amor que eu nutro por eles é maior que minha raiva, dor e tristeza, mas isso não significa que esses sentimentos também não estejam presentes.

Quando a doutora me deu retorno de tudo que eu me custava acreditar, as duas primeiras  coisas que vieram à minha cabeça foram: "por que meus pais biológicos não me quiseram?" e a segunda "por que meus pais adotivos não me contaram a verdade?"

Eu, inclusive, fui em alguns sites de adoção e li alguns depoimentos, eu precisava me apoiar em qualquer coisa que fosse, mas a pesar de tudo, não importava o que eu fizesse, eu chorava e sentia raiva. Eu rasguei fotos, me tranquei em meu quarto e quebrei coisas. Eu me sentia tão destruída quanto meus vasos em cacos no chão, minhas flores já sem as pétalas que as concebiam cor e vida e já sem meu poemas, minhas palavras e meu apoio, que agora se subdividiam em milhões de pedacinhos brancos, pelo carpete.

Eu quero que eles sintam o que eu senti!

Mentiras, fingimentos e verdades enganosas, pela droga de dezesseis anos da minha vida. Eu não quero sorrir e desculpar. Tudo que eu queria era que eles tivessem me contado, eu tinha o direito de saber, eu precisava saber.

Jogo um terceiro vaso na porta, quando eles batem novamente.

— Abra agora essa porta, Katherine. — Ordena Ariel ou mamãe. Eu a penas a ignoro, tentando conter as lágrimas, que acompanham milhares de sentimentos. — Filha, o que houve? — Questiona, porém, sua voz sai abafada do outro lado da madeira grossa. — Seu pai está preocupado e eu também. — Arremesso outro vaso. — KATHERINE!!! — Eleva o seu tom.

Pai. Filha. — Sussurro suas palavras para mim mesma, ironicamente, sentindo um gosto amargo na boca ao pronunciá-las.

Vou até a porta, sentindo meu rosto dolorido e mãos ardendo, com resquícios de sangue, por conta de alguns cortes superficiais dos cacos. 

Abro a porta e eles rapidamente me encaram, me analisam, parados e assustados, desviando o olhar rapidamente, para se fixarem no quarto destruído atrás de mim. 

Aquilo, 

aquele olhar que era tão familiar semanas antes, agora doía mais que qualquer corte, mais do que qualquer desilusão amorosa ou algum livro destruído! Vê-los preocupados de uma maneira que só quem ama faz, é completamente arrebatador. 

Será AMOR? | (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora