Quando Filipe chega da Faculdade vou direto para seu quarto, tenho que falar sobre a mamãe, não aguento mais ficar parada sem saber o que fazer:
- Oi. - digo do batente da porta.
- Kathe. - Ele parece assustado, percebo pela sua voz, como ele pronunciou meu nome, está com uma expressão nervosa no rosto. - Tudo bem?
- Comigo sim - ignoro sua voz estranha e me lembro do real motivo em questão, no momento. - Mas acho que a mamãe não está, eu cheguei e ela estava no chão chorando, com um quadro meu e dela no colo, eu acho que tem conexão com a ligação que ela deve ter recebido, a julgar pelo telefone que estava em sua mão. Você está sabendo de alguma coisa? - Pergunto, desesperada por uma resposta sólida.
- Eu não sei de nada, acho que ela anda estressada com o serviço. - Ele está mentindo, sei exatamente quando ele faz isso, fica apertando as mãos contra a lateral do corpo, ele fica tenso, sua voz vacila e ele não olha em meus olhos.
- Você tem certeza? - Preciono, ele tem que me falar, sou a irmã dele, sou dessa família, tenho o direito de saber. - Você sabe não é? - Ele hesita, o suficiente para me fazer não acreditar em suas próximas palavras.
- Se eu soubesse eu te diria, agora eu tenho um trabalho da faculdade para fazer. - Ele está me expulsando do quarto dele? O que está havendo nessa casa? Saio daquele lugar que ele chama de quarto, pisando o mais forte que eu consigo.
Vou até o quarto dos meus pais, se o Filipe não vai abrir a boca, talvez meus pais falem, bato na porta:
- Entra. - A voz do meu pai parece cansada. - Filha! - Ele vem até mim e beija o topo da minha cabeça, pelo menos meu pai não está estranho.
- Pai, cadê a mamãe?
- Ela foi na casa da sua dinda, daqui a pouco ela está de volta, posso te ajudar querida? - Mordo meus lábios com força.
- Pai a mamãe chorou hoje, ela está mal, o que está acontecendo? Por quê eu sou a única que nunca sabe de nada? - Solto tudo de uma vez, o fazendo arquear as sobrancelhas.
- Ela te disse alguma coisa? - Pergunta com um pouco de medo na voz.
- Não ela não me disse nada, só que estava com saudade de mim, quando era menor. - Ele solta um longo suspiro e leva os dedos até seus olhos, os esfregando, como se não acreditasse no que está acontecendo.
- Filha, eu e sua mãe sempre estamos procurando fazer o melhor para você e para seu irmão, as vezes quando não conseguimos fazer o que queríamos, o que planejamos, nós ficamos mal, sua mãe só estava preocupada com a sua faculdade e se teremos condições de pagar, mas não se preocupe com isso, está bem?. - Eu sei que eu deveria acreditar em meu pai, mas tem alguma coisa ai, algo que ele não está me contando e sinto uma raiva crescer em mim pela primeira vez, por quê eles esconderiam algo de mim? O que é tão importante? Minha mãe estava com um telefone e nosso quadro na mão, eu quero e vou saber o que está havendo aqui. Mesmo com todas as minhas dúvidas eu me forço a responder meu pai, que me encara com uma expressão preocupada.
- Tudo bem. - Digo por fim, ele me abraça apertado e me sinto uma garotinha outra vez, a mesma que saía da cama no meio da noite com medo do Bicho Papão, e ia dormir nos braços dele e da mamãe. - Pai?
- Sim?
- Eu tenho um pedido para te fazer. - Afirmo, ao me lembrar da viagem que Thomy propôs, para sua casa na praia. - Então...As férias de meio de ano estão chegando, Thomy convidou a galera para ficar na casa da praia dele, os pais vão estar lá, por favor. - Digo em súplica.
- Sem álcool, está bem mocinha? - Faço que sim na hora com a cabeça. - Vou falar com sua mãe, mas por mim você já está dentro. - Meu pai é demais, ele fica muito engraçado quando tenta falar em uma linguagem mais jovial.
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Será AMOR? | (EM REVISÃO)
RomanceTudo acontece tão de repente, assim como para Katherine Mavis, uma garota um pouco imperativa, nascida em uma pequena cidade, chamada Porto Estrela, pouco conhecida e movimentada. Uma garota que nem sabia o que era amor direito, nem sabia o impacto...