Devagar levo meu olhar até o meio das árvores e observo um pano vermelho cobrir o rosto da pessoa a minha frente, a julgar por sua voz, acredito ser uma mulher. Com receio eu tomo coragem para abrir a boca e perguntar com a voz ainda trêmula:
- Quem é você?
- Essa é realmente a pergunta que você quer fazer? - A mulher questiona e no mesmo instante fico confusa. - Você estava até agora com um rapaz lindo e você, bem é uma moça linda, você devia estar se perguntando o por quê de você estar aqui e não se divertindo lá dentro. - É, eu só posso estar pirando mesmo, aqui fora sentada junto de uma completa desconhecida com uma capa vermelha, eu deveria estar correndo para bem longe e gritando estéricamente, isso sim, mas algo me faz ficar, um sentimento, algo que não sei explicar.
- É complicado, eu nem te conheço. - Ela faz menção para se sentar ao meu lado, pedindo permissão e eu afirmo, ainda com um pouco de medo dela ser uma assassina... Sabe, igual aos filmes de tiro, porrada e bomba.
- Às vezes é mais fácil conversar com quem nós não conhecemos, é mais fácil pois não tem outros fatores envolvidos, nem outros sentimentos, nem outras...aparências.
- Mas eu nem vejo seu rosto, como posso confiar no que não vejo.
- O tempo todo confiamos no que não vemos, eu confio em Deus, mas não o vejo. - Ela tinha razão, mas isso não a livrava o fato de que realmente parecia estranha, só estranhos e bruxas de desenhos oferecem maçãs para desconhecidos, não é mesmo? A penas respiro fundo, ainda permanecendo calada. - Não precisa falar comigo, eu só... - Ela não termina a frase, a penas vira de costas e baixa o capuz, seus cabelos caem como uma cascata, reluzentes, eles me chocam no mesmo instante que se livram da touca vermelha, seus cabelos são idênticos aos meus, sei que isso parece meio estranho, mas é verdade, nunca ninguém tivera cabelos tão parecidos com os meus, um castanho escuro, quase preto e desbotado nas pontas, para falar a verdade sempre acharam meu cabelo meio estranho, já havia pensado em cortar, mas não sei, sempre sentia que algo me impedia de fazê-lo, algo maior que não me importar com a opinião alheia de quem não tem vida para cuidar, algo parecido com uma maldição "boa até". Que exagero! Eu sei que parece bizarro, mas é verdade.
- Uau. - Deixo escapar por entre os lábios meu choque, toco seus cabelos rapidamente, até me dar conta do que eu estava fazendo.
- Katherine, eu tenho que te... - Ela começa a falar com uma voz melancólica, mas, não sei, algo a mais, talvez uma voz acolhedora, como quando minha mãe acha que estou triste e quando ela realmente ia se virar, vejo de fundo Thomy vindo em nossa direção, quando viro-me novamente para olhá-la, ela já não estava mais lá, como se fosse um fantasma, em um passe de mágica ela havia sumido, então, só neste exato momento que me dou conta, não me lembro de ter falado meu nome à ela, provavelmente ela escutou o Thomas me chamando de Kathe, mas não de Katherine.
- Oi Tasty, tudo bem? Você está melhor?
- Tudo be... Pera, Tasty?
- Sim, é daqueles videos de comida do Instagram, Tasty significa saborosa, de bom gosto e como eu adoro comida, vou te chamar assim, porque te adoro. - Como esse garoto consegue, mesmo nos piores momentos me fazer rir? Odeio a sensação de parecer fraca, parecer que eu não aguento, a sensação que tenho quando escondem algo de mim, a sensação constante que tenho quando descubro que estou me apaixonando. Droga. Minha vida está virando uma bola de tristeza ao mesmo tempo que está virando uma roda de aventuras e emoções gostosas.
- Vamos então palhaço! - Rapidamente estendo a mão para ele, que a aceita de bom grado, antes de me levantar vejo uma maçã onde a moça estava sentada, hesitante, pego a maçã nas mãos e vejo que tem um bilhete pregado nela, escrito:
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Será AMOR? | (EM REVISÃO)
DragosteTudo acontece tão de repente, assim como para Katherine Mavis, uma garota um pouco imperativa, nascida em uma pequena cidade, chamada Porto Estrela, pouco conhecida e movimentada. Uma garota que nem sabia o que era amor direito, nem sabia o impacto...