ainda falando sobre ansiedade, parte 2

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Você viu de perto a minha Ansiedade.
E nem teve medo.
Eu quem tive medo.
Tive medo porque ela rouba tudo o que me faz bem.
Medo porque a Ansiedade que mora em mim
sou eu também.
Medo porque ela acelera o caos que existe
na minha cabeça.
Medo que tudo o que ela toque,
apodreça.
Ela alimenta a paranoia e o meu coração intenso
e incendiário.
Eu tive medo do meu lado mais escuro.
Do monstro que habita o meu peito
Eu tive medo de te ver no meio desse furacão de facas.
Eu tenho medo quando olho no espelho
e vejo a Ansiedade nos meus olhos.
Eu tenho medo desde o dia em que percebi
que ela era uma porção da minha alma.
Um rasgo demoníaco na minha história.
Mas ela não é o inferno.
Ela não é a guerra, e nunca quis ser.
A Ansiedade nunca pediu pra ser parte permanente
do meu ser.
Colegas de quarto que o acaso reuniu.
Mas cultivo o medo
desde o dia em que a primeira pessoa que a viu,
fugiu.
Quando enxergou nos meus olhos castanhos
que o sorriso aberto,
que o amigo-de-todo-mundo,
o cara que sempre tem assunto,
não era tão feliz o tempo todo.
Tinha um passado torto,
um rosto agoniado e também chorava
pelos demônios dentro de mim.
Acho que todos temos.
Alguns bebem tequila.
Outros deixam o gás ligado e não se importam
se a casa
(alma)
explodir.
Eu caí no chão de joelhos,
perdi o meu ar.
Você teve medo.
Eu tive medo.
A Ansiedade teve medo também.
Somos todos parte desse
caos.
Se você quiser fugir
eu entendo.
Mas se não,
entenda você:
ela mora comigo, e sempre vai morar.
Tentar expulsar a Ansiedade
é um convite pra ela entrar.
Autodestruição.
É declaração de guerra sem vencedores.
Amar um ansioso
é estar preparada pra dar a mão,
desviar das facas,
e segurar um coração-granada
que chora,
chora muito.
Eu não tenho medo de chorar.
Eu não tenho medo da ansiedade em mim.
Meu único medo
é que
você
tenha medo dela.
E, por consequência,
que você
tenha medo
de mim.

Mar MeninoOnde histórias criam vida. Descubra agora