10 meses depois

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Gwilym estranhou encontrar a porta da frente de seu apartamento aberta, tinha certeza que tinha trancado tudo quando saiu. Talvez o síndico do prédio tivesse precisado entrar ali por algum motivo, mas isso não aconteceria sem avisar os moradores do local e o síndico não deixaria a porta destrancada. Por um minuto, Gwilym pensou no pior, se talvez algum ladrão tivesse entrado ali e tivesse levado alguma coisa. Por precaução, ele entrou devagar no apartamento, vasculhando tudo com o olhar, nada parecia estar fora do lugar, exceto algo que não deveria estar onde estava naquela hora do dia.

A bolsa de Louisa estava em cima da mesinha de centro na sala de estar, o que deixou o marido dela confuso. Ela deveria estar na escola à uma hora dessas, não em casa.

-Meu amor? Lou? Você tá aqui? - ele chamou enquanto andava pela casa.

-Esto aqui, Gwilym! - ela tentou responder, a voz soou abafada e desanimada.

Logo ele correu e abriu a porta do quarto deles, a encontrando deitada na cama, com uma carinha nada boa.

-O que aconteceu? Você tá bem? Ficou doente? - ele a encheu de perguntas, o que a fez sorrir.

-Calma, eu estou bem - ela logo respondeu para acalmá-lo - só senti uma dor de barriga na escola e achei melhor voltar pra casa.

-E você não me avisou? Eu poderia ter ido te buscar! - ele lamentou.

-E atrapalhar você na sua reunião importante? De jeito nenhum! - ela balançou a cabeça - eu estava bem o suficiente pra voltar pra casa, eu só vomitei meu lanche, só isso...

-Vomitou? Então, está de estômago vazio, comeu alguma coisa desde que chegou? – Gwilym ficou mais preocupado.

-Não, não consegui, acho que não consigo comer mais nada hoje – Lou foi bem franca quanto a seu estado.

-Não, a senhora precisa comer alguma coisa sim, quando se sentir melhor, pelo menos – ele recomendou.

-Você tá parecendo a minha mãe... – ela riu.

-Bom, fique sabendo, Lou, que pra mim isso é um elogio – ele respondeu de volta, um tanto convencido.

Mesmo assim, Gwilym deixou que a esposa descansasse, sem incomodá-la mais. Talvez ele fosse um tanto exagerado com os cuidados, mas sua preocupação nunca era demais, afinal ele amava e se importava com Louisa. Eventualmente, ela conseguiu se recuperar, voltando ao trabalho outra vez, porém o que também voltou foram os enjoos dela, o que a deixou intrigada e também muito irritada. Ela nunca tinha ficado doente por causa da comida da cantina da escola e agora, parecia que sua refeição se recusava a parar no seu estômago. Nas primeiras vezes que isso aconteceu, um remédio para enjoo deu um jeito nisso, mas quando as náuseas insistiram em continuar, ela resolveu dar um basta nisso.

Como seus pais, Louisa não era muito fã de médicos e seus procedimentos um tanto incômodos, mas se tinha uma médica em quem ela confiava era sua querida cunhada, Dra. Rory Taylor-May.

Rory estava no seu turno na ala de pediatria do Hospital Geral de Londres quando sua cunhada apareceu de repente, o que a surpreendeu.

-Lou! – Rory foi cordialmente radiante como sempre – tudo bem com você?

-Oi, Rory, desculpe te incomodar, eu não tô tão bem assim, mas não se preocupe, não é nada grave – Louisa logo explicou – o que acontece é que... eu ando tendo uns enjoos intermináveis, e por mais que eu tenha tomado remédio pra isso, parece que nada passa, então, pensei em pedir ajuda a uma profissional.

-Claro, eu te entendo e posso te ajudar – Rory concordou.

Assim, ela examinou Louisa, com todo cuidado, no que a sra. Lee acabou se sentindo uma criança e se irritando com tudo aquilo, por mais que Rory tivesse boas intenções. Depois de tudo, a sra. Taylor-May franziu a testa, considerando uma possibilidade, mas não queria assustar a cunhada, ela resolveu fazer perguntas que ajudassem a confirmar suas suspeitas.

Evitando o InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora