Passeio no parque

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O outono tinha chegado a Londres, a ventania na cidade tinha aumentado, mas em compensação, o tom das folhas e grama já tinha atingido aquela coloração laranja amarronzada típica, o que deixava tudo mais bonito. Conforme o tempo passava, Louisa e Gwilym dividiam seu tempo cuidando de sua filhinha e de seu trabalho. Ele estava atrás de testes e contratos, ela lidava com os últimos meses de licença maternidade, logo o casal teria que se organizar sobre quem cuidaria de Edith caso os dois estivessem trabalhando ao mesmo tempo.

Por enquanto, a maioria dos testes de Gwilym aconteciam pela manhã, o que deixava apenas mãe e filha em casa por um longo período juntas. Edith já tinha começado a engatinhar e, dentro do apartamento, sem muito ambiente e elementos naturais, sua mãe achou que talvez o apartamento, por mais que fosse a casa de sua filhinha, com o aconchego de seu berço e seus brinquedos favoritos, fosse um tanto chato para alguém tão jovem que estava começando a descobrir o mundo. Louisa então teve uma ideia, mas esperou que Gwilym chegasse para contar a ele.

Nesse tempo, ela acabou reassistindo seus episódios favoritos da temporada mais recente de Doctor Who, com a Doutora, Graham, Yaz e Ryan. Ocasionalmente, Edith olhava para a televisão enquanto mordia o cabelo do seu Doutor de pelúcia, prestando atenção, um tanto absorta e envolvida. Sua mãe riu baixinho ao constatar isso.

-Eu sabia que você ia gostar, está no seu sangue... - Louisa falou e Edith a olhou, um tanto confusa - eu sei, um dia você vai entender o que a mamãe quer dizer.

A garotinha continuou prestando atenção na televisão, enquanto sua mãe beijou sua bochecha. Em certo momento, Edith sentiu medo dos Stenza, chegando a chorar e erguer os bracinhos para que a mãe a pegasse no colo.

-Ah não fica assim, Di - Louisa a confortou - só são uns idiotas do espaço cheio de dentes, espera, acho que não devia dizer idiota perto de você, bobões, bobões é melhor...

No episódio de Ano Novo, Louisa passou para a frente as partes mais assustadoras, daleks ainda a assustavam. As duas ouviram a porta da frente se abrindo, o que só podia significar uma coisa. A mãe de Edith sorriu ao vê-la atenta e ao abrir um sorriso enorme, banguela, mas fofo.

-Quem é? É o papai? - Louisa a instigou e antes que pudesse segurá-la, ela engatinhou na direção de Gwilym, que a pegou e a ergueu em pleno ar.

-Oi, minha princesa, também senti sua falta - ele riu, contente ao ver a reação de sua filha.

-Gwil, que bom que está aqui - Lou ficou na ponta dos pés para alcançá-lo e beijá-lo - como está o tempo lá fora?

-Ventando, mas agradável, por que? - ele foi prestativo e curioso.

-O que acha de a gente dar uma volta? Pra Edith tomar um ar, e nós também, pra ser sincera - a sra. Lee explicou.

-Tá, pra onde vamos? - Gwilym sorriu diante da ideia.

-Hyde Park, ou St. James, ou outro parque - Louisa sugeriu.

-St. James então - ele decidiu - é mais perto.

Louisa aprontou a si e a filha e os três Lee saíram. Claro que Edith começou a chorar assim que foi colocada na cadeirinha, mas seus pais tinham aprendido alguns truques para contornar isso. Gwilym ligou o rádio, "Hello Goodbye" dos Beatles começou a tocar e a sua garotinha começou a rir. Nem ele nem Louisa sabiam explicar porque isso acontecia, mas era essa a reação de Edith sempre que ouvia essa música.

Um pouco depois, a família estava caminhando, Edith agora estava sentadinha no carrinho, enquanto sua mãe a empurrava e ela observava tudo a seu redor, as nuvens, os pássaros, as outras pessoas. A pequena realmente estava entretida e distraída, sem nem ter noção da gravidade das coisas que seus pais estavam falando.

-Como foi lá no estúdio? - Louisa perguntou ao marido, sobre seu último trabalho.

-Correu tudo bem, eu refiz algumas coisas, reuniram o elenco e Lou, sinceramente, eu estou preocupado - Gwilym deixou seus temores aparecerem.

-Preocupado por que? - Louisa tinha suas próprias teorias sobre o que tinha acontecido, mas preferiu não alarmar o marido.

-Não sei se vão renovar a série, o que significa que vou ter que procurar por outro papel em breve - ele explicou.

-Ah não, mas Gwilym, calma, você não tem certeza da decisão que o estúdio vai tomar, pode ser que seja favorável pra nós - a sra. Lee se manteve otimista - e não se preocupe, nossas finanças estão bem equilibradas, estamos cuidando de tudo, juntos.

-Eu sei, é que é minha responsabilidade também - ele deu um sorriso triste - tá legal, vamos esperar pra ver o que vai acontecer.

-Algo bom, tenho certeza, você só precisa ter fé - Louisa o lembrou, compreensiva.

-Eu tenho, eu tenho sim, só fico ansioso - ele admitiu.

-Eu sei, só respira fundo e segue em frente, tá bom? Não esquece que, não importa o que acontecer, eu te amo - ela foi um pouco mais enérgica.

-Também te amo, Lou - Gwilym sorriu pra ela, completamente agradecido pelo apoio da esposa.

Eventualmente, eles tiveram que voltar ao carro quando Edith precisou de fraldas novas. Gwilym estava um tanto distraído enquanto Louisa atendia a filha, ele realmente estava preocupado em arranjar um novo trabalho.

-Acho que o passeio acabou, não é, Di? - ele disse à filhinha.

-Por mim, sim, daqui a pouco vai ser a hora de ela dormir, e se não pegar no sono vai ficar bem mal humorada - Louisa antecipou, conhecendo bem a filha.

Gwilym assentiu e então levou sua família de volta para casa. Ao som de "Hello Goodbye" outra vez, Louisa notou a preocupação do marido pela ruguinha entre seus olhos, tudo que ela queria era fazê-lo se sentir melhor. Quando eles chegaram em casa, Edith já estava quase pegando no sono, Louisa deixou Gwilym a colocar para dormir.

-Eu vou dar uma saída, já volto - ela sussurrou, explicando vagamente sua ausência ao marido.

-Tá - ele ficou confuso, mas não fez mais perguntas, conhecia o jeito da esposa muito bem.

Gwilym ficou em casa, apenas admirando a filha dormindo. Ele amava Edith e a ver crescer, poder ser seu pai era uma das suas maiores alegrias e realizações. E agora todos os seus esforços eram para garantir que a filha e a esposa ficassem bem.

Louisa retornou um pouco depois, andando devagar para dentro do quarto de Edith, com cuidado para não acordá-la. Ela tocou o braço de Gwilym para avisar que estava ali, então abriu sua mão fechada bem na frente dele, revelando um bombom de chocolate branco.

-O que é isso? - ele falou alto e surpreso.

-Sh! Vai fazer o anjinho acordar - ela repreendeu - só me segue que eu te explico.

Ele riu mais baixo enquanto saíram do quarto.

-Isso, meu caro marido, é pra você, pra mim também, mas mais pra você - Louisa lhe ofereceu o bombom de novo, ele pegou dessa vez.

Eles se sentaram de frente um para o outro, ela deixou a caixa de bombons entre os dois.

-Obrigado - Gwilym disse depois do seu segundo bombom.

-De nada, eu tinha que fazer alguma coisa pra te animar e chocolate nunca falha nisso - ela sorriu satisfeita.

-Tem toda razão - ele se aproximou e a beijou, mas foram interrompidos pelo celular dele.

Louisa deixou que ele fosse atender, e aquela ligação durou muito mais tempo do que ela pensou que duraria.




A/N: Eu amei esse capítulo fofinho, e eu amo a personalidade da Edith, por mais que ela seja só um bebê, me lembra muito a mãe dela. Ah e chocolate branco é o favorito do Gwil e da Lou, deu pra perceber, né? Sobre a ligação, bem, vou deixar no mistério mesmo, por enquanto. Tchau e até mais!

Evitando o InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora