Tudo muda de repente

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"Justo quando pensei em desistir de nós você se virou e me deu um último toque que fez tudo parecer melhor e, ainda assim, os meus olhos ficaram mais úmidos tão confusa, quero perguntar se você me ama"

Musica: Califórnia King Bed -Rihanna

***

Anahí Portilla se apoiou no balcão que ocupava quase toda a parede dos fundos da loja. Ela sorria para a jovem que nos últimos vinte minutos tentava decidir se comprava um anel para usar no indicador ou uma pulseira para combinar com o relógio. Para algumas pessoas, podia ser extremamente frustrante ficar ali
vendo alguém soltar “ahs” e “ohs” diante de uma joia, mas, para Anahí, essa era a melhor parte do
trabalho.

– Os dois são tão bonitos... – disse a mulher pela oitava vez, segurando o anel numa das mãos e a pulseira na outra, como se avaliasse o valor das duas peças.

Anahí tinha que concordar com ela. Eram suas criações mais recentes, lindíssimas, e suas favoritas: o anel que trazia impressa a inscrição riso, e a pulseira com a palavra cantar.
Com um suspiro, a mulher baixou as mãos.

– Não consigo escolher.

Anahí deu uma risadinha e pôs a mão no braço da cliente. Era algo que sempre tentava quando atendia alguém tão indeciso. Tocar as pessoas parecia acalmá-las e, geralmente, acabava ajudando na tomada de decisão.

– Qual é o seu nome?

– Julia.

– Julia, o meu é Anahí. Posso dar uma sugestão?

Logo a mulher pareceu aliviada.

– Claro que pode.

Com um gesto, Anahí apontou para a parede que ficava do outro lado da sala. Originalmente, era
recoberta de espelhos, mas, ao longo dos três anos de existência da loja, foi pouco a pouco
desaparecendo atrás de centenas de cartõezinhos cor-de-rosa.
Indo até aquele verdadeiro painel rosa, Anahí disse:

– Essa é a Parede do Amor. – Ela escolheu um dos cartões e, com todo o cuidado, o retirou do espelho. – Peço a cada cliente que vem aqui para escrever alguma coisa antes de ir embora. Veja.

Anahí entregou o papelzinho a Julia, que perguntou:

– Escrever para quem?

– Para si mesma – respondeu Anahí.

Alguns daqueles bilhetes a faziam rir; outros, chorar. Parte deles a levava a agradecer a Deus pela
família que tanto amava e pelos amigos que se preocupavam com ela.

– Peço às minhas clientes que olhem no espelho e escrevam sobre pelo menos uma coisa de gostam nelas mesmas. Todos eles já vêm assinados, olha só –acrescentou, apontando para a parte inferior do papelzinho, onde se lia: Com amor, você.

– O nome da loja... – murmurou Julia ao ler o bilhete que Anahi tinha lhe entregado: “Adoro os
seus olhos verdes, o seu cabelo ruivo e a sua tenacidade. Com amor, você”.

O papelzinho que estava perto desse simplesmente declarava: “A sua bunda! Hahaha! Com amor,
você”.

– Tem gente que acha fácil escrever várias coisas – observou Anahí – Mas tem quem ache difícil escrever uma única coisinha.

– É fantástico! – exclamou Julia, observando um dos bilhetes, que dizia: “As suas maluquices culinárias!”

Anahí sorriu.

– Portanto, essa é a minha sugestão. – Virou-se para olhar a cliente e estendeu a ela um papelzinho em branco, exceto, claro, pelas palavras “Com amor, você” na parte inferior. – Escreva três coisas de que gosta em você e dou 20% de desconto na pulseira.
Julia arregalou os olhos.

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