Abra os olhos e... Apenas volte

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“Você não pode simplesmente me deixar
Respire através de mim
Me faça real
Traga-me para a vida”

Musica: Evanescence - Bring Me To Life

***

A UTI era irritante de tão silenciosa, a não ser pelos bipes ocasionais dos aparelhos que, em muitos casos, mantinham os pacientes vivos. Anahi acompanhou a enfermeira por um corredor comprido e deserto até o quarto de Alfonso.

A enfermeira parou diante da porta e se virou.

– O Dr. Hunt disse dez minutos no máximo.

– Eu sei – respondeu Anahi – Vou ficar atenta, prometo.

A mulher sorriu e se afastou, deixando Anahi parada ali, desconcertada. O restante da família de Alfonso estava na sala de espera. Até Fernando estava lá: sem que a esposa soubesse, ele tinha pegado um avião e chegado naquela tarde.

Anahi ficou no apartamento de Alfonso, já que Alejandro tinha uma cópia da chave, junto com os pais e os irmãos dele. Foi bem difícil, mas também muito reconfortante.

Ela segurou firme a maçaneta e abriu a porta. No início, manteve os olhos fixos no chão, sem conseguir erguê-los. Estava morrendo de medo do que ia ver, apesar de Ruth e Oscar terem insistido que ele parecia bem. Anahi levou alguns minutos para tomar coragem. Aos poucos, foi erguendo os olhos para a cama do outro lado do quarto, e o ar fugiu dos seus pulmões, como se tivesse sido sugado por um
aspirador.

Alfonso estava deitado de costas, sedado, com os olhos fechados, cheio de tubos ligados ao peito, aos braços, à boca. Como explicara o Dr. Hunt, ele estava respirando por aparelhos. Anahi viu que a máquina inflava e desinflava, em sincronia com o peito de Alfonso. O coração dele batia firme, e cada bipe do monitor era um lindo sinal para deixar Anahi mais tranquila, dizendo-lhe que ele estava vivo.

Bem devagar, foi se aproximando da cama. Examinou Alfonso da cabeça aos pés, em busca de qualquer
indício do terrível trauma que ele havia sofrido, mas não viu nada, a não ser uma manchinha de sangue
pisado no braço direito. Colocou as mãos na pele de Alfonso, sentindo o seu calor e a sua maciez. O cabelo dele estava todo despenteado, e a boca parecia congelada naquele sorrisinho perfeito, já que o tubo do aparelho de respiração a puxava para o lado esquerdo. Uma gaze branca e bem larga envolvia todo o peito, e dela saía um tubinho, mas Anahi não conseguiu ficar olhando para aquilo.

O terror do que estaria por baixo ainda era muito difícil de suportar. Respirou fundo e passou a mão de leve pelo rosto de Alfonso. Como ele era bonito...

Deu um sorriso tristonho.

– Estou aqui – sussurrou.

Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela percebeu que, como uma idiota, esperava alguma resposta dele. Alfonso nunca ficava calado. Nunca.

Tinha sempre algo a dizer, fosse alguma coisa boba, engraçada ou alguma sacanagem. E ela adorava aquilo, aquele jeito tão livre e tão verdadeiro que ele tinha de falar.
Sorriu. Que besteira! Anahi adorava tudo nele. O coração dela batia forte, como se soubesse que a sua outra metade estava ali tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão distante...

Alfonso era a parte que faltava
a Anahi, a sua alma gêmea, o seu melhor amigo, o pai do seu filho. Viver sem ele era simplesmente
inimaginável...

Anahi deixou os dedos passearem pela tatuagem que ele tinha no braço e que acompanhava a curva do seu ombro musculoso. Alfonso parecia tão forte e rijo ao seu toque e, no entanto, estava deitado ali, absolutamente vulnerável e desamparado. Ela se inclinou mais um pouco sobre ele, passando os dedos pela frente do seu cabelo. Como era macio...

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