Força e Apoio

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“De joelhos, eu pedirei
Uma última chance para uma última dança porque com você, eu resistiria a todo o inferno para segurar sua mão”

Musica: Nickelback - Far Away

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O que eu estou fazendo aqui?

O que eu...? O quê...?

Está escuro e eu...
Está muito escuro...

Eu tenho a impressão de que estou à beira de um precipício.
Tento me virar, uma força maior me puxa para baixo.

Está tão frio.
Minhas mãos estão frias.
Eu não consigo me mexer.
Meu corpo está pesado e minhas pernas não se movem.

Momentos da minha vida inteira passam na minha frente como um trailler de um filme, eu vejo rostos das duas pessoas que eu mais amo no infinito inteiro e de repente a risada de Henry ecoa na minha cabeça e é tão forte e tão viva que sinto vontade de rir com ele.

Eu quero voltar, eu preciso voltar por ele quero voltar por Annie, quero sair mas não sei como.

Tento abrir os olhos outra vez e tudo some.

Todos somem.
Não ouço nada.
Não sinto nada.

E então, estou à beira do precipício outra vez.



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Na recepção do hospital:

Os minutos foram se arrastando e se transformaram em horas logo amanheceu, Anahi se levantou da poltrona em que está sentada e se dirigiu a janela, as lágrimas começam a empoçar em seus olhos outra vez. Ela vira para a janela e apoia a testa no vidro. Olha para as pessoas caminhando nas ruas, algumas despreocupadas, outras correndo. Vê um casal se abraçando do outro lado da rua e um lindo garotinho sentado sobre os ombros de um homem, que talvez seja o pai dele.

Ela inspira profundamente sentindo o coração se despedaçar ainda mais.

Cada minuto que se arrastava era mais um momento que Alfonso passava na sala de operações mais um momento em que ele poderia nunca mais voltar.

Anahi tentou se distrair daqueles pensamentos sombrios tomando café e conversando com os amigos dele, mas não conseguiu. O tempo passava sem que surgisse nenhuma notícia ou a certeza de que Alfonso ficaria bem.
Ela continuava de pé, olhando pela janela, quando Alejandro se aproximou. O irmão mais velho de Alfonso vinha sendo bem mais gentil com ela desde que ficara sabendo que o casal estava pensando em ficar junto novamente, o que era muito bom.

Quando Anahi conheceu os irmãos, ela sabia que, dos três, Alejandro e Alfonso eram os mais próximos. Sabia como Alejandro era protetor, leal, e, pensando nisso, estendeu a mão para
segurar a dele, apertando ligeiramente antes de soltá-la. Parecendo surpreso, Alejandro ergueu os olhos para ela. Então, fez um aceno com a cabeça, e o gesto aqueceu o coração de Anahi.

– Ainda vai demorar para termos notícias? – perguntou ela, na esperança de que o fato de ele ser
médico lhe permitisse saber melhor o que diabo estava acontecendo.

– Alfonso está com uma hemorragia interna, alguns... ossos quebrados e várias fraturas. Foi uma pancada e tanto. Ficaram um bom tempo tentando conter a hemorragia antes de fazer qualquer outra coisa.

Anahi assentiu, mas não conseguiu dizer nada. Aquilo soava horrível e assustador, mas não ia permitir
que essas coisas a fizessem perder as esperanças. De jeito nenhum. Precisava ser forte. De qualquer forma, antes que pudesse dizer o que quer que fosse, a porta da sala de espera se abriu com um rangido, e
um rosto familiar apareceu.

– Oscar – disse Ruth, bem baixinho, se levantando para ir ao encontro do filho.

Ele estava desarrumado parecendo chocado. Alejandro atravessou a
sala e os três formaram um círculo, abraçados, murmurando palavras carinhosas. Ruth ergueu a cabeça
e olhou para Anahi.

– Venha até aqui, Anahi.

– Ah, não. Está tudo bem – afirmou. – Vocês precisam mesmo estar juntos nesse momento.

– É um momento em família – replicou Ruth. – E você faz parte dela.

O que Anahi poderia dizer diante disso? Cerrou os lábios e, quando Oscar e Ruth abriram um pequeno espaço, ela se pôs entre eles, deixando que o amor e o calor daquele gesto a preenchessem com a força de que ela tanto precisava: a força que aquela família sempre tinha lhe dado ao longo dos anos, mesmo nos momentos em que ela não tinha se dado conta disso.

Quando estavam se separando, a porta da sala de espera voltou a se abrir. Anahi ergueu os olhos e
deu com um homem corpulento, de meia-idade, com a pele marcada e uma barba bem cerrada. Atrás dele
vinha um sujeito louro, mais jovem, com ar arrogante.

– Sra. Herrera? – perguntou o médico mais velho.

Ruth fez que sim com a cabeça, e todas as paredes do aposento pareceram se curvar e se expandir de tanto medo e tanta aflição. Todos os amigos de Alfonso também se levantaram e ficaram parados atrás da família e de Anahi. Deviam parecer um grupo e tanto.

– Sou o Dr. Hunt – prosseguiu o médico. – Fui eu que operei o seu filho, Alfonso.

O coração de Anahi estava na boca.

– Como ele está? – perguntou, sem nem pensar.

O Dr. Hunt deu a ela uma olhada breve e voltou a encarar Ruth que assentiu.

– Alfonso teve uma hemorragia interna bem intensa – disse ele, com brandura. – Sofreu um forte trauma
no peito, que resultou em algumas costelas quebradas e um pulmão perfurado. Também houve danos na
região pélvica. Ele quebrou uma das pernas em três lugares e também teve fratura do crânio.

– Ele está vivo? – perguntou Oscar com os dentes cerrados.

O médico se voltou para ele e cruzou os braços.

– Está, sim.

Anahi estendeu a mão procurando a
de Ruth e a apertou com força, sentindo as pernas trêmulas.

– Ele teve muita sorte – acrescentou o homem. – Consegui estancar a hemorragia e reinflar o pulmão,
e um cirurgião ortopédico inseriu pinos na perna dele. Agora está sendo levado para o setor pós- operatório, onde vai ficar até terminar o efeito da anestesia. Depois, será removido para a UTI.

Oscar levou a mão à boca, num gesto cansado.

– Podemos vê-lo?

O Dr. Hunt balançou a cabeça.

– Por enquanto, não. Melhor descansarem já amanheceu passarão a madrugada inteira aqui. Poderão vê-lo na parte da tarde.

– Ele vai ficar bem? – perguntou Ruth.

O médico ergueu as sobrancelhas, num gesto de respeito pelo paciente.

– Ele é forte. É um jovem saudável e em boa forma. Acredito que, depois de um trabalho de fisioterapia, ele se recupere totalmente. Mas ferimentos na cabeça podem ser complicados. Vou mantê-lo em constante observação durante as próximas 24 horas.

– Obrigado, doutor – disse Alejandro.

O Dr. Hunt se virou para sair, mas Anahi o deteve, pondo a mão no seu braço.

– Obrigada – sussurrou. – Muito obrigada.

O médico assentiu.

– De nada.

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Olá capítulo do dia pra vocês espero que gostem e como sempre peço que votem cometem e aguardem os próximos capítulos 🙂

Beijinhos 🤗🤗

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