Dia Especial

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No carro, depois de instalar a cadeirinha e prender o garoto com o cinto, Alfonso deu a ele os presentes
que havia trazido. Nunca tinha visto tanto entusiasmo: Henry bateu palmas e riu muito ao ver o pôster do
Homem-Aranha.

– Vou pendurar lá na minha parede! – exclamou o menino, agarrado com o Empire State.

Durante o trajeto até o zoológico, Henry falou sem parar. Anahi tinha toda a razão: ele era muito esperto. Entendia tudo e, apesar da pouca idade, tinha sempre uma opinião a dar ou um comentário a fazer. Ficou eufórico e simplesmente adorável quando viu o parque onde tinham tomado sorvete e o prédio da creche em que ele ficava. Disse a Alfonso que sabia contar até vinte e fez uma demonstração, com pouquíssimos erros. Também descreveu em detalhes como ia para a escola no final do verão, porque já era “um menino grande”. Alfonso poderia ficar ouvindo o filho o dia todo.

– Você tem filho? – perguntou Henry depois de um raro segundo de silêncio.

Alfonso tomou um susto e tentou imaginar de onde teria saído aquela pergunta. Como diabo ia responder aquilo?

– Bom, eu... É... Por que está perguntando isso?

Batendo as perninhas e sem tirar os olhos da janela, o garoto disse:

– Você podia levar eles lá na casa da mamãe pra gente brincar.

Alfonso sentiu o peito apertado.

– Bom, eu estava pensando que você talvez achasse legal ir lá na casa da minha mamãe mais tarde, para brincar um pouco.

O menino virou a cabeça para ele.

– Serio eu posso ir?

– Claro. Vamos depois do zoológico. Acha uma boa ideia?

A resposta não poderia ter sido mais simples: Henry ergueu os braços e gritou, todo animado.

A experiência do zoológico com o filho foi totalmente diferente das outras vezes que tinha estado ali.
Ver os animais através dos olhos de um menino de 4 anos era fascinante, e dentro de Alfonso se acendeu
uma chama que ele não sentia desde antes do telefonema de Ruth dizendo que o pai estava no hospital. Henry ia apontando para leões e girafas, fazendo o maior esforço para dizer certinho os nomes dos bichos
e disparando uma pergunta atrás da outra: “Por que elas têm o pescoço tão comprido? Posso dar comida
para eles? Ele vai me comer? Posso montar nele?” O garoto saiu arrastando Alfonso, querendo ver tudo, e ele o acompanhava com o maior prazer. As coisas só ficaram meio complicadas quando o menino
começou a choramingar, dizendo que queria fazer xixi. Embora Henry recusasse sua ajuda, Alfonso o acudiu na medida do possível e ambos sobreviveram.

Tomaram sorvete, e Alfonso comprou um elefante de pelúcia para o filho, além de uma camiseta azul com a cara de um leão sorridente e a frase: “Que dia legal!” Ver a felicidade no rosto de Henry foi o bastante para convencer Alfonso de que ele passaria o resto da vida fazendo o possível para deixar o filho feliz. E, pelo visto, era algo que Alfonso conseguiria fazer com as coisas mais simples, como na hora em que carregou o garoto nos ombros pelo zoológico ou quando o pegou no colo e o colocou, com todo
cuidado, em cima do parapeito do fosso dos pinguins, segurando bem. Quando o menino ergueu o rosto e o olhou como se ele fosse a melhor coisa do mundo, Alfonso sentiu uma espécie de tontura, algo que jamais
havia sentido.

– Que menino lindo! – exclamou uma senhora idosa que estava ao seu lado, enquanto observava Henry
correndo pelo parquinho infantil.

Alfonso sorriu.

– Obrigado.

– Você é pai solteiro?

Ele ergueu a sobrancelha, espantado com aquela pergunta.

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