O dia juntos

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Por um instante, o calor dos sentimentos de Alfonso se misturou a uma profunda tristeza, quando, mais uma vez, ele pensou em como as coisas entre os dois poderiam ter sido diferentes. Por um instante, imaginou como fora a gravidez de Anahi: será que ela teve algum desejo em particular às três da madrugada? Será que teve aqueles enjoos matinais? Depois, pensou no trabalho de parto, que devia ter sido doloroso, e se perguntou quem ficou ao seu lado. O fato de ter perdido momentos assim tão preciosos do início da vida de Henry magoavam Alfonso quase tanto quanto não ter estado lá para ver os primeiros passos, o primeiro dente, o primeiro aniversário do filho.

– Dane-se... – murmurou, quando Anahi finalmente o avistou do outro lado da rua.

Agora, não podia fazer mais nada a esse respeito e, honestamente, a visão dos rostos sorridentes do
filho e do amor da sua infância fez com que o sofrimento do passado se tornasse até suportável.

– Oi, gente! – exclamou ele, ao se aproximar. – Prontos para nadar?

– Eu estou! Eu estou! – gritou Henry, aos pulos. Apontou então para a bermuda que estava usando. – Estou de Batman! – Alfonso abaixou um pouco o cós da bermuda cáqui e o menino arregalou os olhos. – Você também?

– Eu só uso coisas legais, garotão. – Ele ergueu a mão e Henry bateu nela com força. Anahi riu,
atraindo a atenção de Alfonso – Mac não veio? – perguntou ele.

Anahi fez que não com a cabeça.

– Hoje somos só nós. – Ela ajeitou a bolsa no braço. – Tudo bem?

Alfonso tentou não pensar em como aquela notícia o deixava feliz. Não que não gostasse de Marichelo, muito pelo contrário, mas ter Anahí e Henry só para ele naquele dia parecia fantástico.

– Acho ótimo.

– A gente vai nadar agora, mãe?

– Vai, sim – respondeu ela, batendo palmas. – A gente vai nadar!

– Eba! Vamos, Poncho!

O coração dele quase pulou do peito quando a mãozinha do menino agarrou a sua. Meu Deus! Ele baixou os olhos para Henry, que o puxava em direção à bilheteria, mais entusiasmado do que nunca. Anahi parecia tão chocada quanto ele, olhando aquela cena, mas o sorriso que brotou nos lábios dela o tranquilizou. Ele apertou a mão do filho, segurando-o com mais força.

O lugar estava bem cheio mas, felizmente, Anahi tivera a ideia de reservar duas espreguiçadeiras com antecedência. Os dois estenderam as toalhas e puseram a bolsa debaixo das cadeiras.
Alfonso começou a tirar a camiseta e a bermuda. Fingiu não perceber o olhar de Anahi fixo nele, mas o rastro de desejo e de lembranças que aqueles olhos deixaram ao passar pelo seu corpo foi absolutamente delicioso. Os olhos dos dois se encontraram, e Alfonso sentiu um aperto.

Quando Henry já estava sentado na cadeira, devidamente coberto de protetor solar e entretido com os brinquedos, Anahi tirou a blusa pela cabeça. O biquíni vermelho que surgiu por baixo daquela peça de roupa era perfeito, cobrindo-a nos lugares certos e mostrando boa parte daquele corpo, de que Alfonso se lembrava bem. De repente, ele sentiu a boca seca. E... caramba! A tatuagem do infinito no ombro dela gritava pedindo que a língua dele percorresse cada linha do desenho.

Os olhos de Alfonso desejaram desesperadamente continuar a despir aquela mulher, acompanhando até que o short que ela usava caísse no chão, mas, com uma suprema força de vontade, ele desviou o olhar e
tratou de enfiar suas coisas na sacola. Cacete! Será que algum dia teria uma trégua? Será que seu corpo iria deixar de desejar o dela? Achava que não, mas o mínimo que Anahi podia fazer era tornar as coisas menos sofridas.

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