Despedida

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Ao chegar à casa dos pais, Alfonso tomou um banho e trocou de roupa. Olhando no espelho enquanto
penteava o cabelo, percebeu que estava meio diferente, parecendo de alguma forma mais leve, menos
cansado. Ele se orgulhava de ser sempre animado e positivo, mas, nos últimos tempos, em função de tudo
o que tinha acontecido, parecia ter perdido essas qualidades. Agora, finalmente se sentia ele mesmo de
novo.

Alfonso desceu as escadas fazendo barulho e encontrou os pais na cozinha. Abriu a geladeira para pegar uma garrafa de água.

– Sozinhos? Cadê todo mundo?

– Oscar só chegou em casa lá pelas quatro da manhã – respondeu Ruth – Ainda está dormindo. Alejandro está tomando um café no quintal.

– Que gente festeira... – comentou Alfonso sorrindo.

Olhou pela janela e viu o irmão, que o cumprimentou erguendo a xícara.

– Pelo menos voltaram para casa – disse Ruth – Ao contrário de você...

Alfonso soltou uma gargalhada e se virou para a mãe.

– Qual é, mãe? Acha que ainda estamos nos anos 1990 dona Ruth?

Fernando deu um risinho debochado por trás do jornal, enquanto a mulher revirava os olhos.

– Só estava querendo saber se está tudo bem com você – retrucou Ruth – Não precisa ficar desse jeito...

Rindo, ele se aproximou para abraçar a mãe e lhe deu um beijo. Ela o afastou, mas não pôde conter um sorriso.

– Está tudo bem comigo – disse ele. – Na verdade, tudo ótimo. – Ruth assentiu com um gesto lento, e Alfonso percebeu que havia certa aflição no seu olhar. – Escute, sei que está preocupada, mas, sinceramente, está tudo bem entre mim e Anahi. Temos conversado muito, e nós dois queremos que as coisas deem certo. Estou voltando para Nova York amanhã e tenho certeza de que ainda vamos conversar bastante quando eu voltar.

Os olhos de Ruth brilharam.

– Isso significa que está pretendendo voltar a morar aqui?

Alfonso suspirou. Essa era a pergunta-chave. Já tinha pensado em mil maneiras de ficar de vez com
Anahi e Henry, mas ainda não havia encontrado um bom jeito de fazer isso. Tinha algumas economias,
além, é claro, da sua parte na Oficina. Relutava em se desfazer da oficina, preferindo mantê-la como um
investimento a longo prazo. Sabia que os pais dariam a ele todo o apoio necessário, mas não era justo.

Além disso, tinha quase 30 anos; precisava andar com as próprias pernas. Os pais já tinham feito muito
por ele ao longo das últimas semanas.
Ruth segurou o rosto do filho entre as mãos.

– Sabe que vamos ajudar você. Não vamos, Fernando?

O pai de Alfonso se limitou a olhar para os dois. O rapaz ergueu a mão.

– Está tudo bem. Juro. Vou dar um jeito em tudo e me virar. Tenho certeza de que alguma empresa vai
me aceitar sem se importar com os meus antecedentes.

Ruth inclinou um pouco a cabeça, apertando os lábios.

– Vai dar tudo certo, querido.

***

– Poncho você tem mesmo que ir?– perguntou Henry olhando para Alfonso que sentiu um aperto no peito ao encarar o garoto

Ele se abaixou a altura de Henry

– Eu tenho porque preciso resolver coisas no trabalho mais em algumas semanas eu estou de volta.

Henry assentiu com uma carinha triste

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