Foram poucas as vezes que Anahi ficou tão nervosa quanto naquele momento, parada diante da porta da casa dos Herreras, toda atrapalhada e suando por causa do bendito calor. Fechou os olhos por um instante e respirou: só precisava manter a calma. Sabia que merecia o que estava prestes a enfrentar, e era algoque já deveria ter sido feito tempos antes. Mas isso não ajudava muito a acalmá-la.
A única coisa que deixava Anahi um pouco mais tranquila era o fato de, mesmo depois de todos esses anos, a casa continuar igualzinha. O gramado ainda era aparado com perfeição e tinha o mesmo tom de verde de que Fernando sempre se orgulhara. Cores explodiam dos inúmeros vasos com flores os gerânios
eram as favoritas de Ruth, e a mangueira, com a qual ela e Alfonso tanto brincaram durante o verão, continuava ali, como se estivesse parada no tempo. Isso era bastante reconfortante...Anahi se recompôs e bateu à porta. Pediu para Alfonso visar aos pais que queria fazer uma visita a
eles, e tinha esperanças de que dessem a ela uma oportunidade de se explicar. Se conhecia Ruth e Fernando não havia com o que se preocupar. Essa certeza, porém, não diminuía em nada o nó que ela sentia no peito.A porta se abriu, tirando Anahi dos seus pensamentos agitados. Lá estava Joan, aparentemente nada
surpresa em vê-la, com o cabelo já grisalho e curto, com umas ondas bem cortadas que a faziamparecer muito mais jovem do que era. Anahi tinha ficado espantada quando a vira na loja: ela tinha
mudado muito pouco, se comparada àquela segunda mãe das suas lembranças de infância. Uma onda devergonha e de remorso tomou conta de Anahi sugando todo o ar dos seus pulmões; ela estava louca para
ser acolhida com um daqueles lendários abraços de Ruth, que sempre tinham o poder de fazer com que ela se sentisse melhor.Limitou-se, porém, a se remexer um pouco, tentando sorrir.
- Oi, Ruth.
- Anahi - respondeu a mulher. - Alfonso disse que você viria até aqui, mas tenho que admitir que estou surpresa com essa visita. - Havia certa frieza no tom de voz, mas o rosto era pura ternura materna.
Anahi assentiu.
- Posso entrar? Não vou demorar muito.
Ruth a encarou por um segundo e depois recuou, mandando que ela entrasse com um gesto. A casa
tinha o mesmo cheiro de sempre. Exatamente o mesmo. Era o perfume dos longos verões da sua infância, das noites de tempestade, dos bolos assando e dos meninos. Passando os olhos pelo chão limpíssimo epela escada com o carpete impecável, lembrou-se de como ficava encantada com o fato de Ruth conseguir manter a casa com aquele ar imaculado, apesar de ter tres filhos.
- Entre - disse Ruth, deixando-a passar na frente pelo corredor que levava à cozinha, repleto de fotos
de Alfonso e dos irmãos ao longo dos anos. - Íamos tomar um suco. Quer também?- Quero, sim. Obrigada - respondeu ela.
Sentia a garganta seca, como se estivesse arranhada.
Ela chegou à cozinha e percebeu que a grande porta envidraçada estava aberta, permitindo que um
ventinho suave penetrasse na casa. Pegou o suco de laranja que foi oferecido a ela, segurando o copo
com toda a força.
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Always With You
RomanceEle tinha 7 anos quando a viu pela primeira vez. Ela era leve, cheia de cores, empolgante. E uma novidade. Logo os dois se tornaram amigos melhores amigos, cresceram juntos, brigaram, fizeram as pazes e trocavam segredos. Alfonso e Anahí uniram-se c...