Saudades

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Jack e Carlos olhavam para Alfonso sentado à sua frente na mesa da lanchonete, como se ele estivesse completamente nu, em cima da cadeira e se exibindo para os outros clientes. Alfonso não pôde conter uma risadinha enquanto dava uma mordida caprichada no cheeseburger. Meu Deus, não tinha nada melhor que um sanduíche de Nova York!

Jack se inclinou para a frente, batendo na mesa com um dos dedos.

– Você tem um filho? Sério isso?

Limpando a boca com o guardanapo, Alfonso concordou.

– Tenho. Ele se chama Henry. É a criaturinha mais incrível que já conheci.

Jack deu uma olhada para Carlos, que parecia tão espantado quanto ele.

– Uau! – Jack voltou a se encostar no assento e pegou uma batata frita do próprio prato. – E você não sabia de nada?

Alfonso fez que não com a cabeça.

– E quem é ela? – perguntou Carlos enfim.

– Anahi – respondeu ele. – Namoramos por muito tempo quando éramos mais novos. Depois, o pai dela morreu e as coisas entre nós degringolaram... Mas sempre que eu voltava a Michigan acabávamos ficando juntos. A última vez foi no aniversário de casamento dos meus pais. E ela engravidou de Henry.

Jack meneou a cabeça. O brilho nos seus olhos escuros mostravam que tinha entendido tudo.

– Era dela que você estava falando quando veio com aquela história vaga e complicada sobre amar
alguém não era?

Alfonso deu um sorrisinho.

– Exatamente.

– Você ainda a ama? – Carlos era mestre em dar os golpes mais certeiros quando se tratava de fazer alguma pergunta.

Alfonso bufou com força e passou as mãos pelo rosto.

– Eu... Eu não sei. Não sei dizer o que sinto.

A verdade era que ele não sabia se algum dia tinha deixado de amar Anahi. Ao longo dos anos, no
entanto, ela havia dificultado qualquer tipo de manifestação desse sentimento.

Carlos passou o dedo pelas sobrancelhas.

– Acho que faz sentido. Digo, todas aquelas mulheres com quem você ficou. Só podia ser mesmo para
não pensar nela.

Alfonso cruzou os braços.

– Eu só estava tentando esquecer, cara. Curti todas as mulheres com quem saí e sempre as tratei muito
bem, mas nenhuma significou nada além disso para mim.
Carlos  assentiu.

– Você está feliz? – perguntou ele.

– Quando estou com Henry – começou Alfonso – é como se tudo na minha vida finalmente fizesse
sentido, sabe?

– E com ela? Com Anahi?

Desde o dia do festival, quando finalmente conseguiu revelar toda a raiva e a frustração que sentia,
Alfonso havia percebido uma boa diferença em Anahi. Ela tinha ficado mais distante, sem deixar de ser gentil e parecer feliz: era quase como se tivesse dado um passo atrás para deixá-lo respirar e decidir que rumo ele preferia tomar.

– Annie e eu temos muito que conversar – respondeu ele, com cautela. – Muita coisa para reconstruir.Ainda estou com o pé atrás. Sinto muito a falta dela, mas não é de agora. – Afonso tratou de afastar aquele sentimento de melancolia. – Querem ver Henry? Ele é simplesmente incrível, caras. Tão esperto... E fala de um jeitinho que faz meu coração derreter. E adora o Batman.

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