A Carta - 22

1.9K 129 42
                                    

O arrependimento é um dos piores sentimentos que se pode ter. É com ele que vemos que coisas, pessoas e situações que valeram a pena não vão voltar. Ficaram no passado e não há o que fazer para poder reviver tudo aquilo, apenas as lembranças que ficam, a saudade que fica. Mas o lado mais amargo do arrependimento é, como o próprio nome diz, arrepender-se. É a sensação de que podia ter de feito mais e não fez. Podia ter aproveitado mais e não aproveitou. Ter feitos escolhas erradas. Ter agido ou falado de cabeça cheia e infintas coisas que podem trazer a tona esse sentimento.

Ela se foi e eu não podia fazer nada a não ser chorar de arrependimento... 

A culpa em minhas costas pesava cada vez mais. As lágrimas não paravam de escorrer em meu rosto e eu não conseguia por em palavras  o que estava sentindo. Jungkook não sabia o que fazer a não ser simplesmente me abraçar num intuito de suprir toda a dor que me consumia. 

No fundo eu me odiava e a odiava ainda mais por tê-la conhecido e ela ter saído da minha vida tão rápido. Me odiava por não ter aproveitado mais...

Mas no momento quem eu mais odiava era o destino. Essa porcaria de destino que adorava me ver sofrer. Essa ironia do universo em fazer com que tudo conspirasse para minha vida virar de cabeça para baixo. E tudo aquilo que estava a favor desta situação. Odiava também o tempo por não ter dado um pouco mais de si para que ela ainda estivesse viva. 

Odiava tudo ao meu redor! Porém, por mais que eu estivesse cheia de ódio para dar e vender, a tristeza conseguia ser mais forte do que qualquer raiva que eu poderia sentir. Isso porque o que mais me machucava era que quando já estava suficientemente bem apegada emocionalmente, ela partiu. 

Partiu sem mais e nem menos. Sua participação na minha vida foi extremamente rápida e eu odiava isso. Queria ter tido mais tempo. 

Mas na vida tudo acaba. Nada é pra sempre. O que me fez questionar infinitas coisas ao mesmo tempo. Coisas que não costumava pensar. 

A morte é como um ladrão. Vem na calada. Ninguém sabe o dia e a hora exata. Podem até prever, mas não se sabe o tempo correto da vinda. 

Não conseguia parar de pensar nos poucos momentos que tivemos juntas. Foram apenas 4 meses que senti que finalmente tinha uma mãe de verdade, para compartilhar minhas histórias e experiências com essa minha vida que ainda está no começo e ela se foi. Não consegui nem pelo menos chamá-la de mãe, somente quando ela estivesse dormindo. No começo fui incapaz de deixar o orgulho de lado e perdoá-la de uma vez e me arrependo amargamente disso. Ela só queria se desculpar! 

- Anjo! Você está me deixando preocupado. Tem alguma coisa que eu posso fazer por você? - Jungkook perguntou depois de muito tempo sem dizer absolutamente nada. 

- Eu... Eu nem consegui chamá-la de mãe - solucei e me agarrei mais ao seu braço.

- Não é culpa sua meu amor! Você não tem culpa de nada. Você estava com medo de perdoá-la e ela ir embora. Não é errado ter desconfiança nas pessoas! Essa culpa não é sua e nem de ninguém! S/N, eu sei que está triste com isso e que se arrepende de muita coisa, mas entenda que nada disso é culpa sua! - Jungkook me soltou do seu abraço e segurou meu rosto com suas mãos e enquanto seus polegares enxugavam minhas lágrimas ele prosseguiu - Amor, eu sei que é difícil, mas tente não ficar assim. Tenho certeza que sua mãe não iria gostar de te ver desse jeito e, além do mais, precisamos passar no hospital, pois a enfermeira falou que tem uma carta pra você. 

Apenas o encarei e ele se aproximou deixando um beijo carinhoso na minha testa e se levantou. Depois de ficar em pé, o mesmo segurou uma de minhas mãos e me ajudou a levantar da cama. Me puxando com uma de suas mãos, ele me conduziu até o banheiro e sem malicia alguma me ajudou a tirar a roupa e ligou o chuveiro, para a água começar a esquentar. 

My TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora