Mais uma semana se passou sem que Andrômeda desse algum sinal de sua existência, deixando Jane a cada dia mais irritada. Aquela era a sua primeira missão individual e pegar a nômade estava demorando mais do que o esperado, o que poderia gerar uma impressão bastante ruim diante dos mestres sobre a sua capacidade de resolver os problemas do clã.
Já estava anoitecendo quando a vampira, que estava tediosamente sentada à mesa da cozinha, bateu furiosamente no tampo do móvel e se colocou de pé, fazendo sua cadeira cair com o movimento brusco:
— Você não está fazendo o seu trabalho direito! – esbraveja, encarando o vampiro que estava sentado na outra ponta da mesa, de braços cruzados.
— É claro que estou! Está nevando, Jane, e isso está estragando os meus rastros – reclama de volta, achando bastante injusto ser apontado daquela forma quando ela nada fazia para atrair Andrômeda. – Me desculpe se o meu poder não é controlar o tempo!!! – retruca, balançando os braços no ar exageradamente.
— Estou cansada de esperar!
— E eu também! – devolve no mesmo tom, fazendo a vampira estreitar os olhos.
— Você disse que ela estaria por aqui.
— Eu disse que ela poderia estar pelas redondezas, porque Andrômeda tem conhecimento desta casa. Tenho deixando o meu rastro em todas as cidades vizinhas e desenhando caminhos até aqui. Pode ser que ela esteja um pouco mais distante do que eu imaginava e ainda não tenha detectado minha isca...
— E o que o faz pensar que ela mordera a isca? – questiona, fazendo-o suspirar e retirar o gorro de lã verde que usava para parecer mais humano. Ele umedece os lábios com a língua, pensando em como descrever a sua situação sem parecer tão patético quanto se sentia.
— Você já viu aquelas pessoas ricas que pagam uma fortuna em um cãozinho de raça, e os entopem de laços e enfeites, somente para mostrar o quanto são valiosos? – Pausa, esperando uma confirmação que não veio, porque Jane só respondia as suas perguntas quando lhe convinha. Então ele continuou: – Eu sou o cãozinho cheio de laços e enfeites de Andrômeda, um valioso bichinho de estimação que fugiu de sua coleira... Ela certamente está me procurando!
— Espero que esteja certo.
— Eu estou – confirma, se levantando e caminhando em direção à porta dos fundos, que davam para um pequeno bosque. – Acredite em mim, ela vai aparecer.
— Aonde vai?
— Refazer mais algumas trilhas, elas estão se perdendo muito rápido... – explica com um suspiro, abrindo a porta e afundando os pés na neve que tornava-se mais funda a cada dia.
Jane massageia as têmporas com força, tentando conter a raiva que toda aquela espera estava lhe proporcionando, esquecendo-se do quanto aquela missão estava sendo difícil também para ele, que corria o risco de topar com sua criadora a qualquer momento. A vampira irrita-se ainda mais ao se lembrar do maldito cachecol que deveria usar ao redor do pescoço, para fazer pose frente aos humanos quando ela sequer sentia a temperatura cair.
Usar roupas era uma coisa, mas se entupir delas para aparentar algo que obviamente ela não era e não sentia, a estava tirando do sério.
— Quando chegar em Volterra, queimarei cada uma dessas roupas! – esbraveja em pensamento, esquecendo momentaneamente de Maximilian e de toda a situação ridícula em que se metera devido ao lapso de empatia que tivera por ele.
Um "click" soou no fundo de sua mente de repente.
O som de seu poder sendo liberado do bloqueio do camaleão se tornara frequente desde que chegaram à Inglaterra, pois ele estava sempre se afastando o suficiente para deixá-la livre de sua área de influência, permitindo que ela se acostumasse com o que gostava de chamar de "som do desbloqueio".
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Coração Gelado
FanfictionFria, cruel e calculista, era assim que Jane Volturi sempre fora conhecida. Por onde passava sua fama a precedia, os vampiros a temiam, sua presença imponente inspirava medo e seus olhos emanavam a morte. Reconhecida por seu mestre como um símbolo d...