Jane estava novamente diante de seu espelho, que estava pendurado solitariamente na parede de seu quarto, quando Heidi bateu duas vezes na porta e entrou no cômodo. A vampira não havia dado permissão para a entrada e a visitante tampouco se importou com isso, pois, agora que seu poder estava bloqueado, ela não assustava a mais ninguém.
— Então, Jane – começa Heidi, encostando-se na parede mais próxima à vampira, mesmo que ela não se dignasse a olhá-la. – Você cultiva algum interesse por Maximilian?
— E por que faria tal coisa? – responde já arisca, irritada pela invasão em seu quarto e por alguns membros da Guarda Volturi demonstrarem cada vez mais desrespeito com relação a ela, agora que estava sem o seu precioso dom.
— Porque, até onde eu sei, vampiros também procuram companheiros para amarem, passarem a eternidade e aplacarem seus desejos, e ele está nitidamente rondando você.
— Tolice.
— Isso é uma negativa? Quer dizer que não tem interesse nele?
— Exatamente – comenta, sem retirar os olhos do espelho, ajeitando os cabelos aqui e ali, e concentrando-se para que seu rosto não demonstrasse nada que pudesse ser mal interpretado.
— Excelente! Então não vai se incomodar se eu tomá-lo para mim – revela evidentemente esperançosa, fazendo Jane congelar com os braços no ar e trincar os dentes. – Há semanas estou desejando aquele camaleão em...
— Não pode fazer isso! – ordena Jane subitamente, interrompendo o monólogo de Heidi e lhe lançando o seu olhar mais cruel.
— Por que não? Acabou de dizer que ele não a atrai... Se Maximilian não está com você, então está livre para qualquer outra vampira!
— Você mesma disse que ele está me rondando, como acha que o fará querê-la?
— Ora, Jane! Não seja tola... Eu tenho os meus truques – responde somente, ajeitando os cabelos e o decote, e se retirando do cômodo com passos firmes e determinados.
Jane se cala, ainda com a fúria estampada nos olhos. Ela não queria Maximilian por perto, odiava a forma com que a perseguia e a enchia de perguntas, porém, odiava ainda mais a ideia de tê-lo nos braços de Heidi, abraçando-a ou beijando-a. Também havia o cheiro, a deliciosa fragrância la tua cantate que sua mente e seus instintos já tinham como posse, mas que seria da outra vampira se ela tivesse sucesso em conquistá-lo.
Imaginar Heidi sentindo aquele aroma, tocando os lábios naquele pescoço e até mesmo tomando daquele sangue, fez a fúria pulsar dentro de Jane, cruzando seu corpo de ponta a ponta como uma corrente elétrica, impulsionando-a a segurar o espelho que estava na parede e atirá-lo no chão com força, estilhaçando-o no mesmo instante. Ela queria proibir a vampira de se aproximar do camaleão, mas não sabia como fazê-lo, pois não conseguia justificar sua súbita irritação ou encontrar um motivo plausível para proibi-la de ter Maximilian.
Maximilian. Jane constantemente pensava no seu nome, mas nunca conseguia pronunciá-lo em voz alta, preferindo usar termos vago como "ei", "você" ou simplesmente "camaleão" para chamá-lo ou se referir a ele, diferente de Alec, que frequentemente o chamava pelo nome.
— Jane? – chama Alec, já do lado de dentro do quarto.
— O quê? – grita ela ainda possessa, perguntando-se quando ele tinha entrado ali, já que não notara a sua presença.
— O que aconteceu aqui? – questiona confuso, olhando para os minúsculos pedaços de espelho espalhados pelo chão.
— Quantas vezes tenho que dizer para baterem na porta antes de entrar?
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Coração Gelado
FanficFria, cruel e calculista, era assim que Jane Volturi sempre fora conhecida. Por onde passava sua fama a precedia, os vampiros a temiam, sua presença imponente inspirava medo e seus olhos emanavam a morte. Reconhecida por seu mestre como um símbolo d...