Acomodando-se

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Maximilian observava os corredores curiosamente enquanto caminhava, acompanhando as explicações claras e rápidas de Alec, que estava a apenas alguns passos a sua frente. Conforme andavam, portas e mais portas surgiam em seu caminho, sendo apresentados como os quartos dos integrantes da Guarda. Não que eles realmente necessitassem de uma cama, de sono ou de descanso, mas a eternidade os ensinou que a privacidade era muito bem-vinda, seja para praticar seus hobbies, para pensar, maquinar o mal ou para aplacar sua luxúria.

E a cada quarto avistava, Alec voltava seus olhos para trás, retornando-os para a frente no segundo seguinte, como se não quisesse ser pego em flagrante. Ele ainda estava bravo pelas acusações do camaleão contra sua irmã e frustrado pelos ataques que não surtiram efeito no grande salão, porém, não podia negar sentir curiosidade quanto aos segredos e poderes que tanto encantaram o seu mestre.

À frente da dupla estava Jane, caminhando com velocidade humana e constante. Sua postura era imponente e calma, contudo, sua mente estava furiosa com as acusações descabidas daquele estranho. Maximilian acompanhava seu andar com atenção, era impossível desviar sua mente de uma criatura tão adorável e ele a admirou até que desaparecesse do corredor, adentrando sua área particular, seu quarto.

O novato cogitou segui-la, num primeiro impulso, mas seu guia parou algumas portas antes, chamando sua atenção para o que, dali em diante, seria o seu novo quarto. Ele tenta conter um rosnado frustrado, entrando rapidamente no quarto que lhe era indicado antes que Alec resolvesse questionar seu comportamento.

O cômodo era grande e extremamente vazio, com apenas alguns móveis feitos de mogno. Tinha uma estante vazia, um armário, uma escrivaninha com uma cadeira e uma cama larga, com cobertas tão bem esticadas que Maximilian duvidou que um dia fora usada.

― Belo quarto – sussurrou, mais para si mesmo do que para o seu guia.

Havia tanto tempo que ele não dormia num quarto de verdade... Quer dizer, ele tinha uma pequena casa em sua terra natal, que mudava o nome do proprietário uma vez ou outra somente para despistar a sociedade humana, mas que na verdade nunca deixou de ser dele. Entretanto, o vampiro estava tão ocupado em seguir sua criadora e, depois, tão empenhado em encontrar Jane, que nunca dormira em seu interior uma noite sequer.

Alec, depois de fechar a porta atrás de si, observava o rosto passivo do novo Volturi, enquanto ele olhava o local com certa admiração. Aquele semblante lhe pareceu familiar por um momento e, sem que pudesse controlar a própria língua, ele disse:

― Se precisar de algo para compor o seu quarto, ou para matar o tempo, basta me dizer... Quero dizer, já que estou responsável por lhe mostrar o aposento, não me custará nada conseguir algumas coisas. – Tenta se explicar.

O Volturi vira-se de costas, como se quisesse partir, mas sem realmente sair do lugar. Sua testa se enruga de repente, ao mesmo tempo em que se perguntava o que estava fazendo. Desde quanto se tornara tão prestativo? Desde quando se importava com o conforto dos outros?

― Acho que eu iria gostar de alguns livros – diz Maximilian, rompendo os devaneios de Alec. – Essas estantes parecem mortas, acho que se preencher esse lugar vai parecer mais normal... Mais vivo!

― Mais vivo? – repete o outro vampiro com sarcasmo, voltando-se para encará-lo.

― Acho que poderia preencher esta estante com livros, a mesa com uma luminária, papéis e canetas, o armário com algumas roupas legais, tipo jaquetas de couro ou roupas que me façam parecer um bad boy – continua, sem se deixar interromper. – O que acha, Alec?

Maximilian estava de costas para o gêmeo Volturi, apontando para os móveis como se já pudesse ver os objetos de que falava ali, e, naquele final, quando fizera a pergunta, sua cabeça tombou levemente na direção do vampiro mais novo, dando-lhe um sorriso tão gentil e verdadeiro que fizera o corpo de Alec recuar dois passos.

Coração GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora